sexta-feira, 3 de abril de 2015

Tutu e as Bolhas Amarelas

Uma bolha amarela vagava pelas correntes fluviais do rio negro na amazônia. No mesmo instante em que Tutu estava sentado a beira da margem pensando na vida. Não parecia haver nada selvagem por perto, e o ambiente era agradável, então por que não fazê-lo? Mas aquele evento era completamente novo, nunca antes se havia visto algo do tipo passando pelo rio. Ele foi correndo pra sua casinha que ficava a alguns metros de distância dali pra contar isso pra alguém.

- Papai! Você não sabe o que aconteceu!
- O que, meu filho?
- Eu vi uma bolha amarela viajando pelo rio!
- E o que ela fazia?
- Nada.
- Nada?
- É. Nada.

O pai pareceu não ligar muito para aquilo, e o menino voltou pra margem do rio pra entender o que era aquilo, mas era tarde demais. A bolha se via distante no rio negro. Ele não conseguiria alcançá-la de forma alguma.

No dia seguinte aconteceu a mesma coisa. Uma bolha amarela passou descendo o rio, e ele estava lá na margem esperando, como se já imaginasse que aquilo fosse acontecer de novo, mas dessa vez ele observou e tentou verificar alguma coisa especial naquela bolha. Pegou um galho longo pra mexer na água do rio. mas nenhuma resposta. Apenas uma leve perturbação no movimento. Até que passou outra bolha. E o menino começou a ficar um pouco preocupado com a situação. "Será que isso está afetando a pesca, a água, ou as platanções? Precisamos investigar!"

Mas não havia nada de diferente quanto aos peixes, e a água parecia completamente normal. A bolha parecia ser apenas um objeto isolado sem influência nenhuma no rio. Por que então bolhas amarelas? Será que tupã estaria pregando uma peça com seus olhos? Será que ninguém mais viu aquilo? Mas a civilização é tão longe, e nem papai nem mamãe devem ter visto isso, se não teriam me contado.

Como quase um gênio da engenharia, Tutu pegou um galho em forma de "Y" e uma vinha, e fez um estilingue. Estava disposto a tentar explodir a bolha de alguma forma, mas no dia seguinte não passou bolha alguma. e ele ficou ligeiramente frustrado, porém relativamente aliviado.

Agora no quarto dia, outra bolha passava, e era a chance dele. Para a felicidade, uma segunda vinha não muito atrás. Ele tentou com diversas pedras, até que conseguiu. A bolha estourou soltando uma fumaça amarela, Nada de especial.

Quando tutu acordou no dia seguinte. Diversas bolhas amarelas desciam o rio. Tutu desencadeara uma reação caótica na ordem cósmica das bolhas amarelas! Uma marca amarela se via no tronco do outro lado da margem do rio. Tutu nadou até lá, e os animais abriram passagem. Ao tocar a marca ele pode escutar uma voz ecoar na sua cabeça.

- Você foi o escolhido!
- Como!?
- Você agora deve encontrar a ordem das bolhas cósmicas amarelas para restaurar a ordem no seu mundo.
- O que?
- Boa sorte!

O mundo voltou cair em uma ordem reconhecível. Não havia mais bolhas amarelas. Tudo estava no lugar.

Porém alguns caranguejos negros saíram dali tentando pinçar Tutu com as suas garras. Ele rolou, pegou algumas pedras do chão e habilmente atirou com o seu estilingue. Os caranguejos voltaram para onde voltaram, mas ainda havia algo de muito estranho por ali.

O jovem correu pela mata, com extrema habilidade de um rastreador experiente. Ele subia nos galhos, e encontrava rastros amarelos no chão facilmente. Até que encontrou uma margarida vermelha sobre uma vitória régia sobre um pequeno lago. Ele mergulhou no lago para nadar até lá, mas um boto o lançou para fora.

Ele tentou de novo e de novo e de novo, até que o boto falou com ele:

- O que você quer?
- Aquela margarida vermelha ali.
- Ah. Beleza.

O boto pegou a flor curiosa com a boca, arrancou de onde estava e a entregou para o menino.

- Corra, Tutu! A resposta está na sua casa.

Tutu correu para casa, e quando abriu a porta, viu um pedestal enfeitado com uma estátua de seu pai e outra de sua mãe. Ele colocou a margarida vermelha no pedestal e o mundo começou a explodir num caleidoscópio sem lógica.

Até que em algum momento seu pai e sua mãe se libertaram de sua prisão de pedra. Tutu deu um abraço neles, e voltou pra beira do rio. Desta vez sem estilingue. Chega de aventuras por hoje.

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