sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Flambarda - A Detetive Elemental #66

- Fabiana?
- Flambarda?
- Fabiana... - Flambarda dizia, meio que aos prantos. - me desculpa.
- Flam, relaxa. Todo mundo já teve seu dia ruim.
- Eu to sendo uma péssima amiga. Não falo as coisas com vocês. Eu...
- Flam, não precisa ser vitimista.
- Eu tô tentando afastar vocês, tá bom!? Pronto! Falei!

Um silêncio tomou a conversa por um tempo. Flambarda chorou, mesmo tentando se segurar. Ela apertou a mão esquerda com força, quase como se fosse um gesto de contenção. Fabiana levantou-se da sua cama, foi até a janela, e conforme observava a rua e as pessoas que passavam para lá e para cá, tratou de responder a amiga.

- Você vai tomar no seu cu, tá bom? - Mais um momento de silêncio. - Você vai tomar no meio do seu cu. Você lembra o que eu passei com você? Não posso dizer muito sobre a Sofia, mas eu tava lá quando aquela merda daquele elevador travou e um bicho feio do demônio apareceu e falou que a gente ia morrer, e o Rodney tentou socar a cara dele e deu errado e você afundou o elevador, e as paredes começaram a apertar e vai saber o que aconteceu com aquele edifício depois de tudo aquilo.
- Bibi...
- E aí teve aquela vez que a gente entrou naquele alçapão lá na biblioteca da tijuca e a gente viu... - Fabiana frisou - ...a gente viu aquele filho da puta fazer magia na frente dos nossos olhos. A gente tá atolada nessa merda até o pescoço já! E você fazendo isso não tá ajudando a gente! Porque agora que a gente viu isso tudo, a gente sabe que mais cedo ou mais tarde alguma coisa vai vir atrás de gente com o pau durasso! E a gente não faz a mínima idéia do que fazer pra evitar ter o cu arregaçado por o que quer que seja essas merdas!
- Bibi...
- E agora você fica aí... Bibi; Bibi; Bibi... Na moral! Vai tomar no teu cu!
- Fabiana! Que merda! Dá pra me escutar!?
- Ufa... - O suspiro de Bibi foi tão forte que deu pra escutar nítidamente do outro lado. - Agora sim parece a Flambarda que eu conheço.

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Tem todo o ano, e a cada ano é mais importante

 A gente tem essa mania de comemorar cada vez que a terra passa pela posição onde ela teoricamente estava quando a gente nasceu. Tem uma galera que acha esse costume um pouco besta, que o tempo anda pra frente e não faz sentido ficar contando a quantidade de ciclos a gente já passou. É uma visão de mundo possível, onde talvez eu concorde em parte, e talvez seja importante saber que convive juntamente com a visão padrão, mas, por outras perspectivas é de uma importância tremenda.

Isso porque a gente pode não perceber, mas a nossa vida, apesar de curiosamente adaptável, ela também é extremamente frágil. Um golpe de faca, um tiro, pode ser suficiente para finalizá-la. Então, eu gosto de comemorar, mesmo que do meu jeito simples e discreto, cada ciclo que as pessoas que eu admiro muito sobrevivem. Imagine sobreviver 41 anos. Infelizmente os nossos mecanismos cerebrais não nos permitem ver o quanto isso é especial, até porque, na minha experiência, cada dia depois do 30 é luta por sobrevivência.

Mas eu não gosto de pensar assim, eu gosto de pensar que em algum momento, lá em 2012 eu consegui fazer você ir além da sobrevivência, e é uma grande prepotência minha achar que eu sou responsável pela sua felicidade, mas eu não posso falar que eu não tento fornecer uma base pra você ir além. E eu gosto de ver você indo além, dando mais um passo em direção a algum objetivo, e lutando contra todas as dificuldades que o mundo lhe joga. Pra mim, cada ciclo desses também serve pra me lembrar de vários momentos que passamos juntos.

Eu me culpo um pouco, porque é mais um ano que passa que eu não consigo te dar um presente decente. É só mais um texto, escrito com amor e dedicação, mas apenas mais um texto, mais um pra pilha dos textos que você leu em todos esses anos. Tem sido cada ano mais difícil escrever eles porque os temas já se esgotaram, e acaba que o texto parece mais uma reclamação minha acerca de mim e do mundo, do que algo que deveria ser uma bela mensagem pra você. Apesar de que, eu posso apelar pra policemia, e para a subjetividade da beleza, esperando que você, junto com suas experiências e vivências, possa apreciar o texto de alguma forma.

Eu poderia fazer jogos com os números, porque é essa a bagagem que a matemática me dá. Dá pra falar que 41 é um número primo, e que os 11 anos que a gente tá junto também é outro número primo, e o quanto essas coincidências parecem permear as nossas vidas. Jung diria que são sinais de sincronicidade e, os sinais que a vida nos dá também são policêmicos a não ser que queiramos tratar eles com o ceticismo da ciência. O problema é que o ceticismo da ciência leva tempo. Um tempo que talvez não fosse tão bem aproveitado se a gente não aproveitasse como a gente ainda tenta aproveitar hoje.

E eu estaria mentindo se dissesse que somos simbionticos que fazemos tudo juntos. O que é mais engraçado é que as pessoas tendem a acreditar nisso quando vêem nossas fotos juntos, mas isso não poderia estar mais distante da realidade, só que também pode ser um indício verdadeiro de que os opostos se atraem. Fato é que temos poucos interesses em comum apesar de estarmos imersos em culturas similares, eu gosto dos jogos eletrônicos, você prefere assistir as séries, você lê mais livros e eu escuto mais podcast. E aqui estou eu me colocando de novo junto numa coisa que deveria ser sobre você.

Ao mesmo tempo, eu tento não escrever demais sobre você porque o meu objetivo não é te expôr, mas como eu poderia te exaltar sem te expôr? É possível exaltar alguma coisa sem a evidenciar minimamente? Dá pra exaltar algo que está escondido? Talvez pela sua capacidade de discrição, mas quando fossemos admirar, nada veríamos devido justamente a habilidade exaltada. Uma vez que não quero te expor, e ao mesmo tempo quero te exaltar, eu vou jogar para o futuro, porque eu nada posso prever, e se tudo der errado, ficarão os meus bons desejos.

  • Felicidades
  • Longevidade
  • Menos sofrimento
  • Livros
  • RPG
  • Comida
  • Café
  • Liberdade
Eu queria colocar uma lista maior e talvez com coisas mais abstratas, mas também não quero que meu desejo seja completamente utópico, só queria conseguir celebrar seu aniversário como você realmente merece.

Espero que um dia a gente consiga essa celebração. Sim. A gente. Não quero estar longe de você quando isso acontecer.

Wo ai ni.

domingo, 17 de setembro de 2023

Flambarda - A Detetive Elemental #65

Sandra e Flambarda terminaram os exercícios e foram para o vestiário juntas. O que chamou a atenção das pessoas na academia, que naturalmente fofocariam entre si, mas longe do ambiente atual ou talvez em vozes bem mais quietas, porém Flambarda queria fazer com que Sandra falasse o máximo possível, mesmo que pra isso ela precisasse falar também, então elas conversavam enquanto faziam xixi.

- E de onde você conhece o Rodney? - começou a detetive.
- Uma vez eu encontrei ele na biblioteca. - conforme ela falava, seus olhos buscavam respostas nas paredes, como se estivesse tentando se localizar. - eu tava indo procurar um livro de... - ela estalou os dedos duas vezes tentando se lembrar do que era, e Flambarda completou.
- Feng Shui?
- Isso, Feng Shui. Pode não parecer mas eu curto bastante essas coisas!
- Realmente, não parece muito. - "Cê quer enrolar a quem?" - chegou a fazer alguma coisa com ele? - Disse Flambarda terminando o xixi.
- Não. Ele é meio devagar, sabe? - Agora Sandra terminava seu xixi.
- Eu sei, mas o papo dele foi te levar pra conhecer  uma sociedade secreta?
- Que sociedade secreta?
- Qual é, Sandra, você mesmo falou que sabe manipular energias... - Por alguma razão nenhuma das duas queria sair do vestiário mesmo sem qualquer intenção de trocar de roupa.
- É verdade... - Ela fez uma cara meio que decepcionada consigo mesma, mas resolveu prosseguir. - Mas o papo dele realmente não foi esse. Ele parece um imã de problema, sabe? Sempre dá ruim quando ele tá por perto!
- Jura!? Achei que era só comigo!
- E então um belo dia eu fui salva por ele.
- Salva? Pelo Rodney?
- É! Era já de noite quando eu tava voltando pra casa. Não tinha quase ninguém na rua. Eu tava bem triste, tinha acabado de terminar um namoro, e por telefone!
- Putz. - A detetive fez uma cara como alguém que sentiu a dor das palavras da mulher. - Complicado...
- E antes de entrar em casa tava passando alguém, que parece que não tinha nada a ver com a história, não consigo me lembrar muito bem de como ele era, mas eu lembro de querer descontar a raiva nele. - Sandra olhou pra parede pensativa por alguns instantes. - Eu não lembro do que aconteceu depois, mas lembro de acordar perto do Rodney me abraçando agradecendo que eu tava viva.

segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Precisamos Falar Sobre Sexo (16+)

Sexo, o tabu mais comentado em todos os lugares. Talvez seja verdade que ninguém deva ficar falando sobre quais são as lascivias que ocorrem entre quatro paredes (considerando um recinto quadrado, a quantidade de lados não precisa ser 4), mas é fato que a forma com a qual isso me parece ser colocado na sociedade hoje é um problema.

Como isso aqui é muita opinião tirada do cu, não há dados, não há pesquisa. Há experiência pessoal e há muito "Eu acho", e, naturalmente, se isso significa que se dados e pesquisas, que joguem minha opinião no ralo, aparecerem, de preferência na sessão de comentários. Aquilo é a realidade média e aquela é a situação principal a ser tratada. A minha experiência seria apenas um dos casos excepcionais, e mesmo enquanto não for, ainda não é regra. É apenas a minha experiência.

Sim, eu acho que precisamos falar sobre sexo. Eu acho que precisamos falar mais sobre sexo. Não falamos o suficiente. Não compartilhamos experiências o suficiente. Não educamos as nossas crianças o suficiente sobre sexo e consentimento. E o que, pra mim é a pior parte, a sociedade fala de sexo majoritariamente sob uma perspecitva de poder, e quando eu penso nisso eu posso apenas agradecer a existência de Laura Muller, Jairo Bouer, Penélope Nova, e a MTV porque acho que foram os poucos veículos de comunicação que eu me lembro que apresenta o sexo sob outra perspectiva.

- Pera? Cê tá querendo dizer que o problema é falar de sexo sob essa perspecitva?
- Sim.