domingo, 2 de fevereiro de 2025

Flambarda - A Detetive Elemental #88

"Tem pessoas indo e vindo, mas é estranho. Esse lugar tem basicamente fagulhas verdes e vermelhas. E eu sinto uma coisa estranha, como se alguma coisa estivesse tentando tirar alguma coisa de mim. Que caralhos tá pegando aqui? Eu to sentindo um gosto estranho, eu to sentindo alguma coisa vibrando sob meus pés, mas a música alta não faz isso. Eu meio que consigo sentir essa vibração."

Flambarda se levantou. Seus pés sentiam vibrações direcionais, as quais ela seguiu tentando ser discreta. O que era um pouco difícil mas ela contava com a total falta de atenção das pessoas se pegando para não ser percebida. Além disso, a jovem não conseguia se lembrar de qualquer vibração nas outras vezes que esteve ali. Só que o rastro dava direto na parede, como se tivesse algo ou alguém do outro lado puxando-a. Ela chegou a se apoiar por alguns segundos, e quando se desprendeu, as fagulhas luminosas bagunçaram. Por algum momento ela viu cores que não verde e vermelho, mas após alguns segundos, a porta se abriu e duas criaturas bem diferentes dos clientes habituais entraram no estabelecimento.

Assim como a detetive, eles não tinham as características luzes vermelho e verde, e pareciam também estar tentando evitar que elas escapassem de seus corpos de alguma forma. Ela tentou fazer a linha, e pra isso se aproximou daquele casal que antes estava tentando convencê-la a fazer algo. Na verdade eles estavam num beijo triplo com mais uma pessoa, mas parecia ser a melhor opção pra se tentar qualquer coisa. Aquelas duas pessoas que acabaram de entrar deixaram uma espécie de gosto azedo em sua boca, mesmo não tendo nem sequer interagido com elas, e era melhor evitar confusão.

- Oi. - Disse Flambarda, meio que interrompendo o beijo triplo.
- Mudou de idéia, foi? - disse a mascarada.
- É ela, a indecisa? - Disse uma mulher. Ela não parecia ser exatamente jovem, mas parecia bem cuidada. Seu cabelo era tingido de vermelho também, e ela estava usando terninho.
- Olha, eu nunca fiz isso antes na vida, tá bom? - A detetive se posicionou incisivamente como sempre.
- Tudo bem, é só ter calma. - Disse o homem.
- Peraí, peraí, eu não vou me colocar aí como uma quarta pessoa, vai dar nó com tanta língua junta.
- Amor, você quer ir primeiro? - A mascarada perguntou.
- Acho que sim - Respondeu o mascarado.
- Como assim? - Flambarda indagou.
- A gente se pega um pouco enquanto elas se pegam, e depois troca. Que tal?
- Hmmmm... - Flambarda sentiu as vibrações em seus pés e tomou uma decisão precipitada. - Tá, vamo.

Dito e feito. O nervosismo da jovem era notável, tão notável que o rapaz perguntou. - Tá tudo bem? - Ela respirou fundo e tentou de novo, interrompendo a conversa, mas o desconforto era tão visível, que ela foi abordada por um homem de camisa social verde e calça marrom. Era uma das pessoas que ela estava tentando evitar.

- Ei você. - Ele disse, antes que ela pudesse dar outro beijo desengonçado.
- Calma aí. - Disse o mascarado. - Ela tá comigo agora, e eu não tô dividindo. - Ele disse enquanto movia a detetive para o lado, como se tentasse formar uma rodinha de conversa.
- Preciso conversar com ela.
- Podemos conversar juntos, que tal?
- Não é exatamente o meu plano.
- E qual seria o seu plano?

Esse homem não era normal, ele subitamente girou o corpo e deu um soco na barriga do mascarado que fez ele dar alguns passos para trás. O gesto de agressão, fez as pessoas ficarem assustadas, abrindo espaço e se colocando nos cantos como se estivessem com medo. Apesar de outras, na verdade, terem ficado putas com a situação e foram tirar satisfação, especialmente a mascarada que viu seu par apanhando de graça.

- Ei, ei! - Ela chamou. - Que porra é essa aí?
- Soco, quer sentir? - Ele parecia um cavalo que tinha o poder nas mãos.
- Droga. - Ela deixou escapar em voz alta.
- Tudo bem, vai ficar tudo sob controle quando eu levar essa aqui pra fora.
- Eu!? - Flambarda apontou pra si.
- É. A gente pode fazer por bem ou por mal.
- Acho que a gente vai ter que dançar um pouquinho.

Ele era ágil, e rapidamente se preparou para atacar um ponto que parecia mais vulnerável. Flambarda tentou evitar mas o golpe ainda acertou de alguma forma, e ela se afastou, cambaleando um pouco, mas o ataque não continuou. Quase como se ele estivesse dando tempo para que ela se re-erguesse e voltasse a atuar. A detetive então se aproximou, e tentou segurá-lo para levá-lo ao chão, mas seu oponente parecia bem mais experiente, e a segurou para evitar que ela pudesse aplicar qualquer técnica.

- Desista! - Ele disse, jogando-a no chão.
- Nem morta, filho da puta. - Ela disse se erguendo novamente.
- Tá bom então. Você que pediu.

Ele foi na direção dela com guarda alta. Flambarda, em contrapartida segurou os pulsos como quem quisesse abrir uma fresta para socar. a cara de outra pessoa. Ao tentar se desvencilhar dessa tentativa estranha, o homem notou que seu pulso estava ficando muito quente, especialmente no lugar onde ela estava apertando, e começou a reclamar de dor.

- Ai! Ai! Caralho! Que porra é essa!?
- Sou eu, otário! - A detetive então soltou os punhos dele e, aproveitando que ele ainda parecia surpreso, soltou um grito e deu um belo de um soco que fez o cara dar alguns passos pra trás.
- Ah é!? - Ele perguntou, mas ela continuou o ataque, e conseguiu desferir mais 2 golpes aleatórios, só que ele a empurrou pra longe antes de receber mais golpes.
- Você tá na desvantagem. - Flambarda disse, erguendo os punhos. - Explica logo qual é a tua.
- Você que tem que me explicar.
- Teu cu.

Voltaram a brigar. Ele agora parecia mais irracional com os golpes, mas também parecia mais impetuoso e mais forte. A detetive conseguiu dar um empurrão nele pra longe. Ganhando um pouco de tempo para pensar o seu próximo golpe até que ela começa a atacar na mesma moeda fazendo com que ambos se esbofeteassem um pouco mutuamente, mas Flambarda emergiu vitoriosa, até que agarraram seus braços por trás, tornando-a completamente vulnerável.

- Quê!? Seu merda! Me solta! - Ela protestou.
- Pega ela! - A voz que a prendeu era feminina
- Já vou! - O homem respondeu
- Teu cu que cê vai. - Flambarda retrucou.

De uma forma bem estranha, a detetive não sabia como, mas se soltou. As outras pessoas não sabiam, e também não queriam saber porque começaram a sair do lugar por causa da briga. Ela meio que se debateu, mexeu pra um lado e pro outro com uma força que parecia descomunal jogando a mulher que a prendia para um lado e golpeando o rapaz na sequencia. Apesar de ter recebido um golpe junto, ela foi mais forte e o jogou longe, fazendo-o bater na parede. Em seguida ela se virou para a pessoa que a estava segurando, que saiu correndo do estabelecimento.

Ela então se dirigiu ao homem com quem brigou, mas havia uma coisa fora do lugar. Suas fagulhas que inicialmente eram brancas, se tornaram majoritariamente vermelhas e verdes. Ao se analisar, Flambarda também reparou que suas energias mudaram, quase que completamente para vermelho. Agindo por impulso, ela foi até ele, o agarrou pelo colarinho e começou a perguntar.

- Eu já sei que vocês vieram me pegar. Eu quero saber é o porquê. - Disse a jovem
- E por que eu te diria?
- Porque você levou uma surra.
- E isso lá é motivo?
- Claro que é!
- A gente só apanhou porque você tem essa luva aí.
- Se vocês viram e ainda deram mole a culpa é de vocês.
- Não sabia que fazia tanta diferença.
- Agora sabe. Vai me dizer porquê vocês vieram me pegar agora?
- Ainda não.
- Sério? Nem se... - Flambarda deu uma jogada de cabelos se colocou de 4 e começou a rastejar na direção dele. - ...Negociarmos de outra forma? - E mordia os lábios conforme se aproximava.
- Ei. Ei. Pera aí. - O rapaz parecia visivelmente nervoso.
- É. Você me conta o que eu quero e eu te pago. - Ela andou com os dedinhos subindo do joelho para a coxa. - E eu pago bem.

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