domingo, 2 de março de 2025

Flambarda - A Detetive Elemental #92

Flambarda guardou o celular de volta na mochila pensando em qual seria seu próximo movimento. Seus olhos que se acostumavam dia após dia com a condição de enxergar as fagulhas elementais já começava a identificar alguns padrões, combinado com algumas coisas que ela começava a compreender, mas ainda era necessário pensar muito, essas coisas ainda não estavam em seu "sangue". Felizmente, naquele momento, nada parecia fora do normal, ou, se tinha, pelo menos ela não era capaz de perceber. Isso a deixava um pouco mais tranquila, porque provavelmente nada fora do ordinário aconteceria.

"O Japa confirmou que o Rodney tá por lá. Eu já sei que tem alguma ligação entre o que acontece em Botafogo com o que está acontecendo em São Conrado, mas eu não sei o que tá acontecendo lá. Ainda assim, as coisas estranhas acontecem em Botafogo provavelmente porque os druidas filhos da puta ficam quizumbando aquela porra influenciando o caralho da boate com energia de fogo. Tem alguma coisa mal explicada. Na verdade esse papo desses bicho torto é muito mal explicado. Até agora eu só sei que eles aparecem de noite, e tudo o que eu sei é que essas caralhas aparecem quando falta energia em algum lugar. Tem caroço nesse angu."

A detetive saiu do metrô no centro encontrou suas amigas e foi pra aula, o dia parecia particularmente normal, as aulas estavam chatas, ela não queria estar lá mas estava se esforçando. A companhia das amigas segurava um pouquinho, e o Japa também tava lá, mas não chegou a interagir. Fabiana e Sofia, em contrapartida foram até ela durante o intervalo, especialmente porque a primeira tinha um interesse em particular.

- E aí amiga. - Bibi iniciou a conversa enquanto caminhavam pelos corredores.
- Oi Bibi. - Flambarda respondeu.
- Tem alguma pista do Rodney?
- Ééééé.... - A portadora de Alabáreda respirou fundo. - tenho.
- Sério? - Sofia ficou curiosa. - De onde você arrumou?
- Do Japa. - A detetive simplesmente jogou o nome sem se preocupar muito.
- Cê tá confiando nele.
- Não tenho muita escolha. Pior que ele é bom.
- Tenho medo de você estar se enfiando num vespeiro.
- Ah, Sofia, eu já to toda fudida. Então eu meio que taquei o foda-se. - Fez-se um pouco de silêncio, mas Fabiana logo quebrou o silêncio.
- Qual a pista do Rod? - Bibi perguntou.
- Tá lá em São Conrado, o filho da puta.
- Caralho. - Bibi fez uma expressão surpresa. - Que que ele tá fazendo lá?
- Minha hipótese é que ele foi mamar alguém.
- Porra, Flam. - Bibi disse, enquanto ria junto com Sofia. - Depois quem vai beijar aquela boca de pau sou eu.
- De certa forma você se dá bem.
- Você vai lá?
- Vou né...
- Não é perigoso não?
- Honestamente, acho que sim.
- Eu vou com você então.
- Tá maluca!? - Flambarda se exaltou.
- Quem tá maluca é você, caralho! - Sofia respondeu.
- Eu arrumei esse problema! Vocês não tem nada a ver com essa merda, entendeu!?
- Porra nenhuma. - Fabiana se intrometeu. - A gente é amiga e se uma vai se fuder, vai todo mundo se fuder junto.
- A Sofia, eu entendo ser doida da cabeça, mas você? - Flambarda rebateu.
- Vai tomar no cu, vai, Flambarda? Eu não vou deixar você se fuder assim sozinha por minha causa.

Fabiana estava certa. Em parte ela também estava no meio do problema porque no final das contas Flambarda só estava indo atrás do Rodney por causa dela, mas a detetive sabia que pra ela era muito menos perigoso porque ela tinha o luvetal. Ela sabia que aquilo dava uma certa capacidade pra ela que talvez a tirasse da encrenca, como já aconteceu mais de uma vez. A jovem até parou e contemplou a própria luva por um momento com a mão aberta, para fechar a mão em seguida, numa espécie de gesto decisivo, mas a grande verdade é que ela não tinha decisão de nada. Ela queria ir sozinha mas sabia que não conseguiria impedir suas amigas, e portanto teria de ir com elas de qualquer jeito e dar um jeito pra que elas não se fodam muito.

- Bom. Daqui eu vou pra lá. E eu nem sei como eu vou pra lá. - Flambarda comentou com elas.
- Eu sei chegar lá. - Sofia ofereceu.
- Você vai me dizer, não é? - A detetiva já sabia a resposta negativa.
- Não. A gente vai junta. não tem necessidade.
- É claro...

"Eu tenho um problema. Eu deveria ter ido até São Conrado logo na hora que o Japa confirmou, mas aí eu resolvi vir pra aula. Eu sou uma vaca mesmo. Agora ele deve estar sabe Deus onde, do cu do juda até a puta que pariu. Bom, eu vou pra lá investigar de qualquer jeito e torcer pra esses olhos me levarem aonde eu preciso ser levada. E pra essas duas putas não se enfiarem em algum buraco."

Elas terminaram de assitir a última aula, e logo se juntaram para planejarem as coisas. Não parecia muito difícil, era só pegar o 309 que sai do centro e vai até a barra passando justamente por onde elas querem passar. Elas não sabiam exatamente o que fazer dali. Na verdade elas nunca nem andaram ali em São Conrado. As chances de isso dar merda eram gigantescas, especialmente porque a tarde já estava acabando e sol já estava se pondo. Logo seria noite, e elas estariam de noite em São Conrado. Antes de ir até o ponto de ônibus, elas passaram na estação de metrô pra carregar o Riocard.

Era um dia particularmente quente. Então, mesmo de noite, já estavam começando a suar. Subiram no ônibus, e pelo andar da carruagem, muito provavelmente sairiam de lá muito tarde, então, após escolherem seus lugares no ônibus, até porque estava bastante cheio e elas não conseguiram sentar, começaram a conversar.

- Ei Sofia. - Perguntou a detetive.
- Diga. - Ela respondeu
- Posso dormir na sua casa?
- É... - Sofia hesitou um pouco.
- Ixi, já vi que não vai rolar.
- Não. - Ela negou a amiga. - Dá pra dormir sim. Acho que Bibi também vai precisar dormir lá.
- Tem lugar pra nós duas. - Fabiana perguntou.
- O máximo que pode acontecer é vocês dormirem em cima de mim. - Sofia provocou.
- Eu vou comer seu cu. - Flambarda ameaçou.
- Até parece que não é o que ela quer. - Bibi complementou.
- Porra Bibi. - Sofia reclamou. - Deixa ela!
- Caralho... - Flambarda suspirou.
- Mas pode ir dormir lá sim. A gente se ajeita.

Infelizmente ela não conseguia acessar mais o celular que estava na mochila atrás dela. O aviso pra mãe ia ter que esperar. Era só questão de chegar lá e descobrir o que está acontecendo, se é que vão descobrir qualquer coisa. Ia demorar um bocado por causa do engarrafamento, e costumeiramente elas ficariam entediadas, mas a detetive estava particularmente entretida pelos seus próprios elementos visuais, e ela então resolveu aproveitar que tava do lado da sua amiga que geralmente sabe desse monte de coisas pra perguntar tudo aquilo que ela já devia ter perguntado há muito tempo.

- Sofia. - Flambarda chamou sua amiga novamente.
- Oi.
- O que significam as cores brancas, naquela porra chinesa lá?
- No Wu Xing?
- Não sei. É esse que tem os elementos?
- Isso.
- Então é nesse aí.
- Bom. Branco é a cor do metal.
- E o que isso significa?
- Bom, depende do contexto. Por exemplo, o metal é associado ao olfato, mas também é associado a capacidade analítica.
- Ah.
- Por que a pergunta?
- Eu acho que eu preciso entender essas coisas.
- Que coisas? - Fabiana se intrometeu.
- Filosofia chinesa. - Sofia respondeu.
- Eu vi que você tinha um monte de coisa sobre esses bagulho chinês lá na sua casa.
- Pois é. Eu comecei a estudar isso tem um tempo.
- E é legal?
- É um outro jeito de ver o mundo.

Ela não sabia quanto aos outros olhos. Mas ela conseguia ver um fluxo muito maior de energias brancas e a saída de fagulhas principalmente vermelhas e azuis. Se o branco era o metal, e esse estava associado a capacidade analítica, isso talvez explicasse porque Fabiana estava tão interessada em saber sobre isso e Sofia em explicar, bem ao mesmo tempo que ela procurava entender o que estava acontecendo e fazer suas próprias análises.

O tempo passou enquanto Fabiana e Sofia conversavam sobre Wu Xing e Flambarda ouvia tentando correlacionar com tudo o que via. Até que chegou o momento em que precisavam descer do ônibus. - "Agora fudeu. Agora a gente vai pra frente."

- Ei. Cês tão a fim de comer algo? - Perguntou a portadora do luvetal
- Pode ser. - Bibi concordou na hora.

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