Elas haviam saltado na Estrada da Gávea, se puseram a andar na direção para qual os números desciam, e não passaram por nenhuma espécie de padaria ou pastelaria. Tinha até um restaurante meio chique, mas não era do tipo de 3 jovens desesperadas por algo rápido pra continuar sua busca.Felizmente, havia um posto de gasolina com uma lojinha de conveniência logo ao lado. Seria a escolha perfeita, se os olhos de Flambarda não estivessem focados em encontrar movimentos estranhos de uma energia que poucas pessoas tem a maldição de ver.
O lugar estava normal, mas, para a detetive, havia uma corrida contra o tempo, especialmente porque ela parecia imaginar um ponto de singularidade uma vez que havia uma direção para o qual pouquíssimas fagulhas luminosas corriam. Só que, se você precisa enfrentar algum problema, é melhor não fazê-lo de estômago vazio. As três pegaram um salgado e um refresco, aproveitando a promoção de 10,00 reais, e se sentaram na mesa pra encher a barriga com alguma coisa, porque, podia ser comida, mas a qualidade era duvidável.
- 10,00 reais é foda. - Flambarda reclamou, enquanto comia.
- A tendência é ficar mais caro - Sofia comentou.
- Porra, qualquer lugar é mais barato que loja de conveniência. - disse a detetive que mordeu outro pedaço do salgado na sequência.
- Mas vai saber onde tem padaria aqui, né? - Bibi completou.
- Se é que tem padaria. - Disse a senhorita Benks.
O assunto morreu enquanto elas comiam, Sofia e Fabiana notaram que os olhos de Flambarda não estavam focados, nem nelas, nem na comida, mas passeavam ao longo de toda a extensão da loja, que era bastante pequena, mas não tinha nada que qualquer outra loja não teria. Por conta do silêncio, elas terminaram a refeição relativamente rápido, e, por conta disso, a detetive logo se levantou. A mão direita, que vestia a luva especial, parecia um bocado inquieta. Ela tomou a liderança quase como se soubesse exatamente pra onde ir. Suas amigas sabiam que deviam seguí-la.
Elas não precisaram andar muito. Foram até parar em frente a um condomínio que parecia particularmente luxuoso. As três olharam para os prédios imponentes sem ter exatamente muita noção do que fazer.
- Ele tá aí dentro? - Bibi perguntou.
- Não sei. - Flambarda respondeu.
- Então...
- Eu sei que aí dentro tem alguma coisa muito problemática.
- Mas o que, Flam?
- Eu não sei! Tá legal? Eu vejo umas porras de umas luzes escapando desse prédio. O que não é bom. Mas eu não faço idéia do que caralhos tem aí dentro.
- E por que não descobrir então? - Uma voz masculina falou de trás delas.
Elas se viraram, mas apenas a detetive reconheceu o rosto. O próprio Entrenós estava ali, o que era bom, mas ao mesmo tempo era ruim. Estavam no lugar certo, mas se havia qualquer tentativa de furtividade, ela acabou de dar errado. Ao mesmo tempo, essa foi a única forma minimamente decente que apareceu para que elas pudessem entrar no edifício.
Entrenós estava, quase como sempre, vestido com roupas extremamente sociais e formais, quase como se fosse um homem de negócios. A camisa azul clara e a calça social preta mostravam cores nem um pouco chamativas, uma pessoa discreta que deseja se misturar na multidão, apesar de ser um pouco mais alto do que a grande maioria. Ele as conduziu pegando na mão esquerda da detetive como se fossem amigos, e tomando as frentes até a portaria do local.
Conforme entravam, o aperto de mão ficava mais firme, de ambos os lados, como se travassem uma guerra silenciosa ali mesmo na frente das outras duas. Uma guerra silenciosa porém visível, o que as deixava levemente apreensivas. Provavelmente os dois entrariam em conflito e vai saber o que é que poderia acontecer a partir dali. Talvez as próprias Sofia e Fabiana necessitassem intervir para que sa amiga vencesse, apesar delas desconhecerem o poder tanto de um quanto da outra. Passaram o primeiro portão de metal que era como se fosse uma espécie de grade e a srta. Benks, metodicamente, certificou-se de fechá-lo.
- Até que você não é tão ruim. - Disse Entrenós para Flambarda
- Digamos que eu sei mais que a maioria - Ela respondeu
- O que você sabe?
- Sabia que alguma coisa tem acontecido por aqui, e eu sei que aqui tem alguma coisa fedendo. Certamente não é você porque você deve usar 212...
- Antonio Banderas. - Ele a interrompeu.
- Isso, algum desses perfumes aí. - Ela comentou e prosseguiu. - Mas você sabe que meus olhos não são pouca merda.
- Você disse cheiro. - Entrenós começou a conduzí-las, não para o elevador, mas para as escadas.
- Meus olhos me trouxeram aqui dentro e esse lugar cheira a merda. - Ela tentou lançar o olhar mais ameaçador possível pra sua figura de linguagem. - O que tem no estacionamento desse lugar?
- Carros. - Ele apertou mais a mão.
- Teu cu que só tem carro. - Ela devolveu a força
- Mas só tem carro. - Ele apertou mais ainda, a ponto de fazê-la tropeçar.
- Flam! - Sofia e Fabiana gritaram em uníssono, se aproximando da amiga.
- Eu to bem. - Disse ela se recompondo, ainda sem soltar a mão dele. Só acho que vou esmigalhar alguns dedos hoje. - O aperto que ela tentou dar na mao dele, parecia não ter surtido tanto efeito.
Quando passaram pela segunda porta corta-fogo das escadas. Ele rapidamente jogou Flambarda contra a parede, o mais próximo da escada que desce. Suas amigas viram, e tentaram intervir, mas ele as jogou pra longe com facilidade com uma mão só, como se uma rajada de vento forte tivesse passado e batido nas duas. Por fim, ele a levantou pelo pescoço conta a parede.
- Pronta pra ver os carros? - Entrenós perguntou com deboche.
- Vê isso aqui então, filho da puta.
Ela já havia passado por uma situação similar antes, o que a fez reviver o momento, mas dessa vez não tinha Rodney, mas ela tinha alcance pra chutá-lo e, segurando nos braços dele pra dar apoio, desferuiu dois chutes na barriga, mas parecia não ter surtido efeito.
- Você precisa aprender a chutar mais forte. - Ele debochou.
- E você precisa aprender a calar a boca.
Flambarda então fez como fizera com Valdir. Esquentando suas mãos para queimar o braço de seu atual algoz. Diferente do primeiro, ele parecia resistir bem mais, o que fez um certo desesperto tomar conta; A mão direia da detetive subitamente emanou emanou labaredas, fazendo arder a pele de Entrenós que, em um ato reflexo, fez um gesto para arremessá-la escada abaixo, mas ela estava segurando o braço dele muito firme, e meio que acabou o puxando de modo que ela acabou dando uma espécie de contra-golpe, se jogando contra a parede central, enquanto ele rolou escada abaixo.
Os sons certamente chamaram a atenção das outras duas que fizeram um maior esforço para se recomporem e ver como estava a amiga, que se levantava lentamente. Entrenós, de alguma forma, conseguia se levantar mais rápido que ela. Fabiana começou a tirar a mochila e Sofia rapidamente compreendeu a situação. Bibi lançou a mochila o mais forte o possível na cara do homem que precisou parar para bloquear, o que deu um tempo a mais para conseguiu se levantar. Sofia hesitou, o celular estava dentro e ela pensava que talvez fosse a única forma de saída.
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