segunda-feira, 1 de junho de 2020

Flambarda - A Detetive Elemental #50

O despertador toca as 9:00, bem de longe pra forçar ela a se levantar e desligar o celular. Flambarda se levanta da cama, coloca mais 15 minutos de soneca e se deita novamente na cama. O sono implacavelmente vem apenas para ela acordar em seguida. Ela coloca mais uma soneca, agora ainda deitada na cama, e fecha seus olhos caindo no sono mais uma vez. O terceiro despertar é quase fulminante como uma espécie de grito de socorro para si mesma.

Pela primeira vez desde que a luva agarrou em seu braço ela teve um longo dia de descanso. O que não adiantou muito porque era um descanso extremamente dolorido, e pra piorar era uma segunda-feira. Ela vai ao banheiro pra fazer xixi, trocar o absorvente e achar o buscopan o mais rápido o possível porque o dia ia ser longo. Especialmente porque tudo geralmente dá errado quando ela sai de casa, e hoje era segunda, dia de ir a faculdade. Pelo menos ia ter Sofia e Fabiana pra dar um suporte.

Mas era hora do café da manhã, então ela foi de camisola mesmo pra mesa. Lá estava Ana Maria Braga, como sempre acompanhando o seu café da manhã, juntamente com a sua mãe.

Foi um café da manhã normal. Nada de novo. Além de precisar tomar um remédio na hora do café, parecia um dia rotineiro como aqueles que ela já teve alguma vez na vida. Ela conferiu a mochila e lá estava aquela bendita carteira. "Detetive Elemental..." - pensou, ironicamente. - Jogou o cartão de volta na mochila, mas não havia reparado que o cartão já havia sido alterado para refletir que ela havia se tornado uma arcanista. O objetivo era conseguir sair de casa e voltar sem quase morrer no processo.

Até então tudo corria bem. Ela teve que parar pra ir na farmácia pra comprar mais buscopan e absorvente os quais ela tacou na mochila misturado com todo o resto, e zarpou para o metrô na Saens Peña. Os seguranças sempre davam uma olhada pra ela agora porque ela acabou adquirindo uma má fama após quase espancar o Japa, que, afinal, não parecia estar lá. O fluxo de energia de tudo parecia até bom, nenhuma singularidade a vista, pelo menos não que ela conseguisse observar.

Estranho. Não vi nenhuma notícia do ocorrido em Petrópolis. Nada. Um evento perto do museu imperial provavelmente chamaria atenção, mas não houve nenhuma menção sequer da grande mídia. Se a mídia esconde esse tipo de coisa, onde será que ficam os canais de informações paralelos que alimentam Rain e Brahma?

- Flamgata! - Seu fluxo de raciocínio fora quebrado por Fabiana. Que corria para cumprimentá-la
- Bibi! - E Flambarda cumprimentou Bibi como o usual. Um "toca aqui" e uma bundada. - Sofia! - Também foi cumprimentada do mesmo jeito.
- Flambunduda! E aí, tá melhor? - Sofia perguntou.
- É aquela coisa. Difícil quando se tem visita.
- Pronta pra voltar a rotina?
- Já desencantei desse lance de rotina. Minha vida não vai voltar a ser normal.
- Uai, vai desistir da faculdade?
- Ah! Não! Não! Não consigo ficar longe de vocês. - Ela as abraçou pelo pescoço.
- Isso aí garota, tamo junto. - Disse Bibi. E então elas começaram a ir para a próxima aula, mas certamente conversando entre si.
- E, Sofia, tu faz yoga, não faz?
- Sim. Por que? - Sofia respondeu.
- Porque eu to pensando em fazer.
- Pra reduzir a cólica né?
- Pera, Yoga reduz cólica? - Fabiana perguntou.
- Uai. Reduz.
- Porra! Porque tu nunca falou!?
- Sei lá! Cês nunca perguntaram. A maioria das pessoas geralmente dúvida até.
- Por isso que a gente demora mais a saber quando essa piranha ta menstruada. - Comentou Flambarda.
- Também porque vocês não ficam medindo o meu ciclo menstrual, né.
- Curioso que o nosso nunca alinhou. - Foi a vez de Fabiana comentar.
- Deus me livre. Imagina nós três menstruadas ao mesmo tempo. - Disse Flambarda.

Chegaram na sala de aula e passaram a assistir a aula, parecendo boas alunas, como se enganassem alguem. Flambarda estava tentando se esforçar porque estava muita atrás, mas estava difícil porque a dor não estava deixando ela se focar, o que a fez parar para ir ao banheiro pra tomar mais um comprimido de Buscopan e trocar o absorvente. Tudo trocado, tudo ok, ela resolveu dar uma volta no prédio antes de voltar pra sala e começou a perceber alguns fluxos de energia curiosos. Ela já havia sentido isso antes, só não lembrava exatamente quando. Pra piorar, o fluxo ficava mais incomum na sala vizinha. Ela sentia um misto de curiosidade com medo, mas acabou que o primeiro sentimento venceu.

Detetive elemental... Vamos ver se eu descubro algum furo.

As portas de faculdade geralmente tem uma abertura por onde as pessoas podem olhar antes de entrar na sala. Ela tentou olhar sorrateiramente e viu um jovem que realmente parecia estar apenas canalizando energia, mas a detetive foi breve, porque ela sabia que se olhasse por muito tempo as energias do próprio jovem o fariam olhar para lá fazendo com que ela fosse vista por ele. O que seria bem pior do que ser vista pelo Japa, que acabou de topar com a cena de bisbilhotagem no exato momento que ela havia se virado para voltar para a sala.

Ele voltou correndo, antes que Flambarda pudesse fazer qualquer coisa para evitar, e acabou que ela não tinha muito mais o que fazer e acabou voltando para a sala. O homem tentava disfarçar fingindo que estava copiando qualquer coisa do quadro que na verdade estava em branco, enquanto ela voltava para se sentar com suas amigas para contar o que aconteceu e tentar traçar um plano pra pegar o Japa novamente. Talvez não fosse tão difícil porque ela sabe onde ele mora, bem como a Fabiana, mas ele certamente ia entrar na defensiva agora.

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