segunda-feira, 25 de maio de 2020

Flambarda - A Detetive Elemental #49

Flambarda se levanta da cama de súbito.

Coroi. Eu fiquei esse tempo todo treinando esgrima? Porquê diabos? Eu lembro de ter pedido, mas isso foi consciente mesmo?

A jovem levantou da cama com sua habitual dificuldade. Foi até o banheiro e quando abaixou a calcinha pra fazer xixi viu uma mancha vermelha e imeditamente pensou: "Ah não..." Não demorou muito para que o mero impacto visual afetasse a sua cabeça e ela começasse a sentir as cólicas logo em seguida insultando seus próprios orgãos internos. - "Útero filho da puta..."

Ela pegou na gaveta um "Sym", não exatamente porque era a melhor marca, mas porque ela gostava demais da propaganda, colocou na mesma calcinha mesmo porque era domingo, ela não queria sair, essa calcinha já tava manchada mesmo, uma mancha a mais não ia fazer muita diferença na vida dela, o absorvente era mais pra evitar que transbordasse pra camisola, calça ou o que quer que ela fosse vestir, o que ela ainda não havia decidido.
- O mããããããeeeeee! - Flambarda gritou.
- Que foi!? - Jéssica gritou de volta.
- Pega um Buscopan pra mim por favor.
- Já vai, filha.

Jéssica sabe que nesses casos é melhor ser solidária e levar logo o remédio com o copo d'água, que ela deixou na mesinha que a Flam tinha pra estudar, que tava mó bagunça.

- Filha, cê tem que arrumar isso.
- Eu sei, mãe.
- Deixei aqui em cima da sua mesa.
- Tá bom, eu já vou pegar.

Geralmente a jovem pararia e se olharia no espelho, mas a dor era tanta que ela não queria nem saber disso. Ela tomou o remédio, e se deitou por 10 minutos esperando o remédio fazer efeito pra ela poder tomar o café sem se contorcer (muito).

Eu soco uma parede e quase não sinto dor, mas a cólica continua vindo com tudo, né, luva filha da puta?

- Tem café quentinho. Senta aí, come com calma.
- Brigado mãe. - Flambarda se jogou na mãe fazendo manha.
- Ô, minha filha. Tem que resolver os problemas de um mundo maluco e ainda tem que sentir cólica. Deve ser uma merda.
- Nem fala...
- Quer um queijo quente?
- Quero sim.
- Senta lá que eu já faço.

A detetive sentou-se vagarosamente na cadeira, olhando pra mesa, ela queria pensar em alguma coisa que não fosse a dor que ela estava sentindo, mesmo depois de ter tomado o bendito remédio. Com muita dificuldade colocou o café e o açúcar na xícara e engoliu rapidamente, mesmo estando relativamente quente. Felizmente as coisas começaram a melhorar em alguns minutos e logo ela estava prestando atenção na TV junto com a sua mãe.

Já eram 10 horas. Hora do Esporte Espetacular. Não que Flambarda fosse tão interessada em esportes mas lá estava ela vendo, pelo menos a distraia do pior, até que ela soltou um comentário bem nada a ver. Enquanto eles falam de natação.

- Podia ter mais esgrima nisso aí.
- Esgrima? Desde quando você gosta disso?
- Sei lá.
- É coisa de Druida né?
- É. - Ela assentiu, apesar de ser uma arcanista.
- Seu pai ficava catando as transmissões de luta pra ver.
- É. Eu lembro de ter visto algumas, mas era um saco. Acabava muito rápido. Não dava emoção. É tipo ver natação com o Phelps. Ele vai ganhar.
- Cê sabe que tem luta de mulher também.
- Talvez eu pare pra ver.
- Uma vez eu vi com o seu pai. É a mesma coisa.
- Muito anúncio pra pouca porrada?
- É.
- Vai dar a Frozen hoje.
- Pelo menos alguma distração nesse início de menstruação.
- Que que você vai fazer hoje?
- Se Deus quiser. A gente vai sentar no sofá ver a Elsa, dormir, ver o Faustão e depois dormir de novo.
- Um dia cheio.
- Nem me fale... - Flambarda disse, recolhendo a louça pra lavar.

Domingo, menstruação, Elsa. Nada apontava para um dia bom, se tudo desse certo ninguém ia mandar mensagem, ninguém ia ligar. Só que a tarada da Sofia não dorme em serviço e já tava mandando mensagem.

Sofia: E ai, meninas. Qual é a boa?
Flambarda: Pra mim nada.
Sofia: Que que houve, amiga?
Flambarda: Abriu o mar vermelho.
Fabiana: Cê tem Buscopan, amiga?
Flambarda: A gente sempre tem aquele estoque de Buscopan e absorvente né?
Sofia: E Chocolate?
Flambarda: Então...
Flambarda: Hoje quem me consola é a Elsa.
Fabiana: Hoje não vai ter nada, então? - Após essa mensagem o grupo ficou inativo por uns 15 minutos.
Sofia: Pelo tempo que ela tá levando pra responder, acho que não.
Flambarda: Vocês podem sair. Hoje eu não saio nem pra me salvar do apocalipse.
Fabiana: Te cuida.
Sofia: Se cuida, amiga!

Flambarda via os elementos passarem para lá e para cá conforme ficava deitada estirada em seu quarto. O que ela achava estranho é que, sempre que ela relaxava, as luzes pareciam dançar em volta dela, quase como se estivessem celebrando a presença dela. Até que ela reparou que as suas energias estavam extremamente perturbadas ali na barriga.

Isso tudo aqui é energia. Será se...?

Até que ela resolveu pegar o celular e ligar pra Fernanda, já tava nas últimas chamadas e ela aproveitou pra salvar o contato.

- Alô, Flambarda?
- Oi Fernanda.
- Vai lá no clube hoje?
- Eu não vou a lugar nenhum.
- Que que houve?
- Mar vermelho.
- Ixi, ninguém deve ter te ensinado, né?
- Ensinado o que?
- A melhorar a dor. - Yes!
- E tem como?
- Bom, não passa a dor totalmente porque bem ou mal tem as reações aí no seu corpo, mas dá pra reduzir.
- Explica! Anda! Que que cê tá esperando!?
- Bom... Não tem muito o que explicar, você tem que controlar as suas próprias energias aí.
- Tá de zoa...
- To não! Eu mesmo faço quando eu to nesses dias.
- Cê é uma Deusa.
- Ah, sei lá. Tenta Yoga.
- Yoga!?
- É! Ou Sumô.
- Ah, vai se fuder!

E desligou o telefone na cara da Brahma, que se escangalhava de rir depois de falar Sumô, então ela nem fez questão de ligar de volta. Ela que Flambarda ficou fula da vida, apesar de também saber que seria uma das melhores opções para a detetive, mas que iria demorar um tempo até ela acreditar nisso.

Depois desse papo, a jovem começou a se concentrar. - "É só controlar a energia, né?" - Ela tentava controlar a energia que passava pelo seu corpo, ela ia olhando para si mesma e tentando controlar as energias em cada pedaço, mas quanto mais ela tentava, mais a dor embaralhava e ela parava, voltando a situação anterior com as energias perturbadas porém com menos dor. Ela tentou fazer isso com o auxílio de um espelho, mas ela não conseguia ver as próprias energias dessa forma, apenas as energias que trafegavam sobre o espelho.

É. não tinha muito jeito. O jeito era, no domingo, ver o domingo passar.

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