Enquanto Flambarda lavava a louça, ela tentava por os pensamentos no lugar.
"Rodney estava internado no hospital, mas eu poderia jurar que eu o vi no metrô. Não acho que ele seria maluco e cometeria evasão hospitalar pra trabalhar. Seria muito mais fácil ele apresentar os atestados depois. Se eu fosse a mãe dele, eu conseguiria os registros médicos. Será que o Rain conta como pai daquela joça? Ainda tem a questão do Entrenós e do Japa. Será que o Japa conseguiu localizar o Rodney? Eu prometi aquela vadia da Fernanda que eu ia lá entender o problema. Então eu vou ter que ir hoje, e pelos meus cálculos realmente há um problema lá pelas bandas da Sofia. Eu devia pedir ajuda. Será que aquela gostosa da Sandra estaria disponível. Ela também parece ser bastante forte e parece entender um pouco dessa coisa toda."
O telefone já estava tocando antes dela terminar de lavar a louça, quem quer que fosse, teria de esperar, apesar de ter ligado incessantemente porque já tinha dado ocupado uma vez. Era o Japa, e a chamada perdida era dele mesmo, confirmando o que parecia ser uma notícia bombástica, ou que ele era realmente muito chato.
- Oi, Japa.
- Oi.
- E aí?
- Então tenho uns bagulho pra te contar.
- Então conta, porra.
- Trocou a ferradura hoje, foi?
- Só dei uma polida.
- Hm. - Ele deu uma breve pausa. - Então, achei algumas coisas sobre o tal do Rodney.
- Tá, manda.
- Bom. Ele saiu do hospital ontem. Os arquivos constam evasão hospitalar.
Flambarda parou pra xingar mentalmente por um momento - "FILHO DA PUTA! PRA QUE VOCÊ VAI SAIR DO HOSPITAL! ERA SÓ FICAR LÁ QUIETINHO!" - o que a impediu de escutar alguma coisa que o Japa falou.
- Ele pegou um ônibus pra Barra na sequência. Eu conversei com algumas pessoas que eu conheço que ficam na Barra, mas a princípio ninguém o viu.
- Porra... Unghrggrh - Bateu a dor da cólica
- Tá tudo bem aí.
- Não. Cólica.
- Ixi, que merda.
- Nem fala.
- É o que eu tenho no momento.
- E do Entrenós?
- Nada. Preciso que você vá lá descobrir.
- Tá, eu preciso cumprir minha parte.
- Isso.
- Ok. O lugar abre a noite. Então você vai precisar esperar.
- Eu tenho paciência.
- Eu não.
- Eu sei.
Flambarda meio que desligou na cara dele, apesar de saber que já não tinha mais assunto pra andar. A dor da cólica era forte, e ela procurou um Buscopan o mais rápido o possível. Tomou o remédio e voltou ao celular. Tinha um oi padrão de Sofia e Fabiana, e ela deixou o seu oi padrão também, mas ela não tinha muito mais o que falar com as amigas. Ela precisava entender melhor essas faíscas do caralho e pensar como ela ia fazer pra conseguir alguma informação do Entrenós. Ela relutou, titubeou, mas acabou pedindo o telefone de Sandra pra Sofia, e claro que suas amigas a questionaram.
Sofia: Flambarda, o que que você quer com a Sandra?
Flambarda: Acho que eu preciso de uma guarda-costas
Bibi: Ué? Pq?
F: Vou lá na Entrenós
B: De novo!?
F: É. Infelizmente.
S: E aí você vai chamar a Sandra pra ir numa casa de Swing com você?
F: Pensando assim realmente é estranho.
B: Pra kct
S: Eu achando que quebrava o tabu dando uns pega nela
B: Vc dava uns pega nela?
S: Como vc acha que a gente se conhecia!?
F: Bom, eu só quero alguém pra me cobrir.
S: Eu te cubro
B: Acho que não é nesse sentido, Sofia.
S: Ah.
F: Olha, vcs são duas porraloca. Eu não vou ficar segurando vcs não.
B: Vc vai quando
F: Depois das aulas
B: Tá bom, a gente vai juntas
S: Eu chamo a Sandra.
F: Obrigada. Agora deixa eu me arrumar pra ir pra faculdade.
B: Mas ainda falta.
S: Bibi...
B: Q?
S: Siririca
B: Ah.
S: Beijos, a gente se encontra na faculdade.
B: Bjunda
A detetive então passou a pesquisar na internet essas bagaça. Ela lembra bem do nome Wu Xing, e de parte do que havia lido na apostila de sua amiga, mas era um jeito diferente de pensar. Esse papo de 5 elementos e que tá tudo interligado consegue facildamente dar um nó na cabeça de qualquer um, apesar de fazer muito mais sentido pra explicar coisas que estão relacionadas ao número 5 do que ao número 4. Só que ela não tinha muito tempo, e tinha uma coisa que não entrava na cabeça dela. Se as cores eram:
- Madeira: Azul/Verde
- Fogo: Vermelho
- Terra: Amarelo
- Metal: Branco
- Água: Preto
"Cadê a porra do preto? São cinco cores até então, e são cinco que eu vejo. Por essas coisas aqui então tem duas cores de madeira e não tem de água. Será que então não é o Wu Xing? Será que a Fernanda e o Rain enxergam parecido? Será que o Rain já sabe alguma coisa? Acho que eu vou ligar pra ele no caminho da faculdade"
Dito e feito, Flambarda arrumou a mochila e tudo mais o que precisava para sair, e mandou uma mensagem para Rain perguntando se podia ligar porque esse papo de ligar direto é muito 1990. A etiqueta correta é mandar mensagem pra perguntar se pode ligar. Ele confirmou, e a conversa iniciou rápido.
- E aí, Rain? Achou alguma coisa?
- Sei que ele saiu do hospital sem alta.
- Nossa. Que idiota. - Flambarda tentou disfarçar.
- E o que você sabe?
- Eu to te ligando pra saber se você sabe de alguma coisa, né? Cabeçudo.
- Você pretende ajudar?
- Eu sou uma detetive né?
- Mas você não é mais uma druida.
- E isso importa?
- Eu não vou te pagar.
- Rain. Eu não sei se te contaram, mas a minha amiga gosta desse filho da puta. Então dá pra colaborar?
- Você está fazendo isso pela sua amiga?
- É claro. Se fosse pelo Rodney eu deixava ele sofrer.
- E é por isso que eu não confio em você.
- Olha, se você quer ser pau no cu, é contigo. Vc perguntou se eu sabia alguma coisa? Eu sei sim.
- E o que você sabe, criança?
- Rodney pegou um ônibus na direção da Barra.
- E como você sabe disso?
- Eu tenho um amigo hacker.
- Quem?
- Uh uh! Jornalista não revela fonte!
- Então eu tenho que seguir uma pista potencialmente falsa?
- Você acha que eu não vou seguir?
- Eu te encontro lá.
- Negativo, eu vou pra faculdade.
- Fffffffffffff.... - Rain deu um suspiro pesado do outro lado. - Tudo bem, criança. Verei o que posso fazer.
- Obrigadinha
Ele desligou na sequência. Ela estava em dúvidas se devia ter compartilhado a informação ou não, mas agora já estava feito, agora era descobrir o que aconteceria na sequência.
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