segunda-feira, 8 de abril de 2024

Flambarda - A Detetive Elemental #74

As meninas se serviram direto da cozinha conforme quiseram. Flambarda e Fabiana fizeram questão da linguiça, enquanto Sofia seguia com sua mentalidade vegana com sua salada e molho chiques. Apesar de ter uma mesinha na cozinha, as três se sentaram juntas no chão da sala com as costas apoiadas em alguma coisa. A anfitirã se apoiava na parede mais próxima da cozinha enquanto as outras duas se apoiavam no sofá, mas a detetive estava certamente mais ao centro. Os anos de cozinha vegana provavelmente trouxeram alguma experiência e a comida tinha um sabor interessante. Até que a campainha tocou.

A jovem empresária foi até a porta, e a abriu sem observar quem era. Um homem pequeno de cabelo e barba volumosos, empurrou Sofia pra dentro para evitar que ela tivesse chance de bater a porta, e ela até tentou, mas ele era bem mais forte que ela e não teve dificuldades para derrubá-la no chão, bater a porta de volta, olhar para Flambarda apontar o dedo e dizer: "Você!" Porém logo em seguida ficou reticente e a detetive olhando para aquela cara fazia um esforço para se lembrar enquanto ele mesmo procurava palavras pra continuar algum discurso que foi interrompido sabe-se lá pelo quê.

- Você! ...Vista uma roupa! Agora!
- Que!? - Flambarda levantou com os braços para o alto, imaginando um assalto, mas visivelmente confusa.
- É! Roupas! Aqui! - Ele foi até as calças mais próximas e jogou pra ela
- Caralho! Que merda que tá acontecendo aqui!? - Ela repetiu, e começou a analisar a roupa. - Pera. Essa aqui é sua Bibi. - E jogou as calças para trás.
- Então cadê a porra da sua calça!? - Ele vociferava. Até que foi interrompido.
- Valdir! - E então ela entrou em uma espécie de postura de luta. - O que caralhos você tá fazendo aqui!?
- Eu vi que aquele otário do Rodney tava vindo pra cá. Enfiei a porrada nele pra tirar aquele merda do caminho e agora é só eu e você!
- Pera! Você bateu no Rodney? - Bibi perguntou por trás de Flambarda.
- Meti a porrada. Vieram atrás de mim, mas eu sou muito mais rápido. Aí na fuga, passando pela rua eu finalmente senti aquela energia de novo... - Ele disse, reticente, olhando para a luva. Que chamou a atenção das outras duas meninas também.
- Você quer a luva? - Flambarda provocou. - Então vem pegar.

Ela não sabia se essa era uma decisão muito burra, ou se ela realmente tinha aprendido alguma coisa depois de tanto loucura ter acontecido esses dias. O corpo de seu oponente era majoritariamente tomado por luzes verdes, mas ela não sabia exatamente o que fazer com essa informação. E no mais, o comportamente dele ainda estava errático.

- Bota logo uma porra de uma calça! GRRRRRRRRR! - Ele rosnou
- Você tá com medo de apanhar de uma mina usando calcinha!? Você realmente é muito merda mesmo!
- GRRRRRR! Agora você vai ver, sua puta!

Ele saltou, do jeito que pôde naquele espaço confinado. Flambarda, lembrava um pouco de como ele atacou Rodney e sabia que usaria a mão direita primeiro. Então ela instintivamente girou o corpo, extendendo o braço ao máximo, e dando uma palmada flamejante com mão direita com a luva ativa. O golpe foi tão forte que fez com que Valdir voasse contra a parede violentamente danificando a pintura. A detetive olhou pras próprias mãos, incrédula. Suas amigas olharam pra ela também e ela olhou de volta vociferando. - "Que que cês tão esperando, suas piranha! Liga pra porra da polícia! Anda!" - E então voltou a uma postura de luta novamente enquanto pensava consigo mesmo. - Caralho! Que que eu tô fazendo!? Esse cara tinha dado porrada em mim e no Rodney, e a gente saiu por pouco! E agora eu to desafiando esse porra! Eu não fumei, eu não cheirei, eu não dei o suficiente pra ter essa auto-confiança toda. Porra! Que que eu to fazendo!?

- Caralho... - Ele disse enquanto se levantava devagar - ...Cof! Cof! ...Que porrada... ...Aprendeu essa com quem!?
- Com a minha buceta. - Ela disse, provocantemente. - Que que você tá fazendo aqui!?
- Eu vim aqui lutar com você. E finalmente tá valendo a pena.
- Pera. Você só quer lutar? - Ela manteve a guarda alta, mas estava confusa.
- É! Eu vou te vencer, sua puta! Agora não tem Rodney pra te salvar!
- Escuta. Vamo só fazer o seguinte. Vamo sair desse apartamento.
- Tá bom. Vamo pro play então. Eu te espero lá. - Ele disse baixando a guarda.

As meninas se juntaram rapidamente pra conversar enquanto Flambarda procurava sua calça pra vestir.

- Você vai mesmo!? Você fumou cachaça, foi!? - Bibi perguntou
- Eu... - Ela estava em dúvida, mas respondeu positivamente. - ...Vou. É! Eu vou!
- Vai nada, sua puta! - Sofia retrucou. - Cê vai sentar essa bunda nesse sofá. E a gente já chamou a polícia!
- Mas... - A detetive sabia que ficar ali era a coisa mais sensata a se fazer. Ela não tinha argumentos, mas seu ego e seu orgulho se sentiam feridos. - ...Mas esse puto bateu no peguete da minha amiga.
- Flam, é só um peguete. - Bibi retrucou.
- Tá! Mas é seu peguete!
- Você já deu um socão nele. Tá bom já.
- Mas...
- Flam... - Sofia chamou. - Chega. - Ela tocou a mão direita da detetive com tamanha suavidade que os ânimos se acalmaram quase que instantâneamente. - Você já bateu no maluco, ele já foi embora. e agora é só deixar a polícia cuidar disso. Tá?
- Tá...

Sofia trancou a porta, e foi então que Flambarda se tocou que sua amiga tinha sido empurrada. Por causa disso, a jovem portadora vestiu suas calças e seu tênis, e destrancou a porta e escutou suas amigas gritando - "Flambarda! Sua piranha!" - antes dela sair e pegar a escada em direção ao play. Ela nem viu se suas amigas tinham chamado a polícia anteriormente, apesar delas alegarem tê-lo feito. Ao chegar lá, Valdir estava esperando no corredor. Parecisa um pouco ansioso pois se deslocou para uma área aberta, onde talvez fosse um pouco mais propício lutar sem nem esperar sua inimiga. Ao sair do corredor, ela conseguia vê-lo já ensandecido em postura de luta. Ela se colocou a alguma distância dele, e fez a sua própria base também e quase tal como um anime onde tem que ter discussão antes da porrada. Passaram a conversar.

- Olha, eu entendo você querer me bater. Mas bater na Sofia!?
- Ela ia fechar a porta.
- Foda-se! Não podia explicar!?
- Explicar que eu quero te descer a porrada? Ela ia deixar?
- Óbvio que não!
- Mas você também quer lutar!
- Honestamente, eu só quero te dar porrada porque você machucou a Sofia.
- E o Rodney!
- Pau no cu do Rodney.
- Ué. - Ele ficou um pouco confuso. - Ele não é seu amigo?
- Porra. Com um amigo desse, quem precisa de filho da puta?
- Bom. Agora eu vou te enfiar o cacete. Então espero que esteja pronta pra apanhar!
- Se você deixar eu te bater, eu dou pra você!
- Que!?
- É!
- Não! Eu não quero te comer! Eu quero te bater!
- Droga!
- Se prepare!

Ele então investiu para o ataque. O movimento dele agora era muito melhor no espaço aberto. Flambarda não sabia direito como ele viria e como atacaria. Ao chegar perto ele gritou. - "Garras de Lobo!" - E atacou com suas mãos com movimentos relativamente amplos e circulares, e como é baixo, menor que a detetive, isso anulava a vantagem que ela tinha com o seu alcance, mas a amplitude ainda permitiu ela defender os dois primeiros golpes, mas faltou um pouco de agilidade pra evitar o terceiro, que veio de baixo e atingiu ela bem na cara. Fazendo-a cambalear para trás dado o impacto do golpe, mas ele parecia ter encerrado ali, como quem aguarda um turno para atacar. A jovem sacudiu a cabeça e ficou visivelmente confusa vendo que não houve uma sequência.

- Você está melhor, mas ainda não é tão forte. - Valdir afirmou.
- Obrigada. Eu to tentando. Juro.
- Não deixa o corpo esfriar agora! Vem  me atacar!

Flambarda meio que se deixou cair pela provocação, porque de certa forma ele tava certo. Quando o corpo dela esfriasse ela ia sentir a dor, e ia ficar mais difícil de lutar. Então é melhor aproveitar enquanto o sangue tá quente, mas a verdade é que ela não tinha muita noção de como lutar. Ela foi correndo pra cima de seu inimigo. A emoção a flor da pele fazia a luva queimar, mas a verdade é que a falta de treino gerava muita desvantagem, e Valdir foi capaz de acertar um golpe no seu tronco como resposta. Ela, cheia de vontade, e com o corpo fortificado seguiu e deu-lhe um belo tapa que acertou a cara do oponente em cheio. Esse empate fez com que cambaleassem novamente, mas dessa vez ele partiu pro ataque novamente. Dessa vez era um ataque mais difícil de ler porque a energia verde que antes circulava, passava a desabitar seu corpo deixando meio que um vácuo. Isso era um pouco preocupante, mas ela também notou que ele ficou mais lento. As "Garras de Lobo" agora vieram mais devagar. Ela conseguiu até revidar com sucesso com mais uma palmada, agora no peito, como um empurrão perfeito. Isso o fez recuar, mas não pareceu efeitvo.

Tem alguma coisa estranha. O Rodney perdeu pra esse cara. E ele tá mais lento parece estar ficando sem energia, e pra piorar tudo, eu to acertando esse filho da puta. Vai dar merda. e eu acho que essa o Rodney não viu. Pena que não dá pra comemorar agora. Foco! Agora é pra fazer esse merda se arrepender!

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