quarta-feira, 1 de julho de 2020

Polêmica #82 - Sobre Animes Macetados

Esse assunto vem martelando na minha cabeça por bastante tempo. Não que eu seja o critico de animes que assiste a todos os animes da temporada mas o mainstream é difícil de não aparecer


Peguei a tia do Crunchyroll pq hj é a principal plataforma de streaming de animes. Apesar do que eu vou falar não ter nada a ver com ela.

Então, eu tenho filosofado um pouco sobre os animes que a maioria das pessoas gosta, sobre os animes que eu gosto entre os que eu assisti na minha vida e talvez um pouquinho sobre arte, e quando você junta tudo numa sopa o sabor é, pelo menos, diferente. Então acho que antes de começar a dissertar, é importante dizer que eu vi uma quantidade relativamente pequena de animes na minha vida, e eu parei com essa vida quando surgiu o Ragnarok Online, pra depois voltar de leve pra ela quando comecei a namorar. Então eu vou colocar o meu top 3, explicar porque é meu top 3, e depois volto pra crítica.
  1. Love Lab
  2. Samurai X / Rurouni Kenshin
  3. I My Me! Strawberry Eggs
Love Lab:


Love Lab é uma comédia romântica que me ganhou mais pela música que é extremamente boba, mas que tem arranjos vocais com as 5 dubladoras. Ok, não só pela música, mas a idéia do anime é muito simplória e muito bem desenvolvida. Não tem nenhum superar absurdo de desafios. Os episódios são dias normais de estudantes com talvez uma reviravolta aqui e outra acolá. O anime tem basicamente tudo que uma estória precisa, mas, principalmente, ela é bastante humana, apesar dos exageros cartunescos.


Samurai X / Rurouni Kenshin:

Esse anime é uma Obra-Prima, e há quem vá me crucificar por eu não tê-lo colocado em primeiro. Eu acho que é porque eu sou velho e não tenho mais tempo pra anime grande, mas Rurouni Kenshin, similarmente a Love Lab, tem tudo que uma estória precisa, só que ele é voltado pro público masculino então tem alguma coisa de evolução de personagem e etc. O grande lance, que é uma das maiores razões pelas quais as pessoas batem na tecla da obra prima desse anime, é o entrelaçar com os períodos históricos do Japão.

É um tipo de história particularmente difícil de se contar porque, ao passo que você tem o cenário existente, você tem que costurar uma ficção que talvez tenha que lidar com os acontecimentos. Isso é facilitado pelo fato da maioria dos personagens serem inspirados em elementos reais da história, mas a quantidade de cultura sobre história japonesa que pode ser observada no desenho é fascninante.


I My Me! Strawberry Eggs



Eu tenho um apreço especial por esse pois ele foi o primeiro anime que eu realmente procurei sozinho e fui assistir. A história é bastante simples também: Um professor de educação física é rejeitado de dar aula em uma escola feminina porque ele é homem, mas ele precisa pagar o aluguel, então mistura-se um coquetel de necessidade, orgulho, filosofia, e falta de ética, e ele se transveste pra poder dar aula no lugar. Acho que foi aqui que eu comecei a achar a aula de educação física uma aula minimamente importante.


Agora de volta ao tópico
Então, eu gosto de animes, mas eu gosto mais de uma estória bem contada com elementos bem aproveitados. E por mais que alguns animes ainda tenham essas características, a maioria deles dificilmente vai chegar ao mainstream por duas razões.
  • O objetivo é fechar uma história então a coisa uma hora vai sair da discussão porque não vai ter mais conteúdo novo pra se discutir.
  • A discussão é pequena porque nem sempre vai aparecer um personagem que vá cair nas graças do público.
Alguns animes curtos caem nas graças do público. Steins's Gate; Tenjou Tenge; Watamote, Death Note; são alguns exemplos. Apesar de Tenjou Tenge provavelmente ter sido feito pensando que ia ter uma segunda temporada, e na verdade ele tem o gancho perfeito pra expor minha tese em porque esse anime não continuou por mais algum tempo apesar de ser um típico anime Shonen.

Vamos lá os animes que geralmente fazem sucesso eles tem um personagem que traz esse sucesso. E eu particulamente não lembro de nenhum anime que fez sucesso onde esse tipo de personagem não existia. Além disso, constantemente há mais de um desses personagens, mas você precisa de pelo menos um. E é aí que entra o anime macetado. Os meus exemplos em geral estão no Mainstream: Naruto, Boku no Hero, One Punch Man, Bleach, Hunter x Hunter, One Piece, Cavaleiros do Zodíaco.

Esses animes dispõem de muitos personagens. Muitos mesmo. Tem tanto personagem que o cara fica sem saber o que fazer com tanto personagem e muita gente acaba ficando de fora, Naruto é o caso mais clássico disso porque o cara que é o personagem principal em determinado momento deixa de ser o personagem principal. O que parece ser feito é que os caras entopem o anime de personagem logo cedo, espera a reação da comunidade a esses personagens e pega eles pra desenvolver.

E até onde as minhas pesquisas vão sobre a produção de anime e mangá, as decisões de pra onde a estória vai é feita semanalmente de acordo com a reação do público mesmo. É tipo novela, só que novela é mais difícil de fazer isso porque é um bocado mais caro, mas as vezes a novela acaba no meio.

O problema é que esses animes acabam com uma história torta porque os estúdios capitalizam tanto em cima da obra que a história parece desgringolar com um monte de furo no enredo. Isso fica particularmente óbvio em Naruto quando o Terceiro Hokage esquece que tem uma bola de cristal em algum momento do desenho, mas tem outros momentos bizonhos também tipo a transformação da armadura de Sagitário dos Cavaleiros do Zodíaco.

E eu fico encucado com esses animes porque eles se perdem na história que eles mesmos escrevem em nome de capitalização. Eu sei que todo mundo precisa comer, mas será que não seria melhor produzir mais coisa boa ao invés de ficar criando uns bagulho torto comendo a sanidade mental dos desenhistas e animadores? Até onde a minha experiência vai, os animes que são mais curtos tem profundidade maior, alguns exemplos:
  • Kami-sama no Inai Nichiyoubi
  • Kyoukai no Rinne
  • Sakura Card Captors
  • Kotoura-San
Lembrando que isso não quer dizer que os animes sobre-carregados de personagens sejam coisas exatamente ruins, bem ou mal os artistas ainda tentam dar profundidade a obra. Nesse sentido os animes acabam tendo seus momentos memoráves, que, na minha opinião acabam valendo mais de 75% do anime inteiro, mas tem os seus momentos e, de qualquer forma, você não pode julgar com muita base obras que você não assistiu pelo menos um pedaço.

E é isso, fiz meu desabafo quanto ao mundo dos animes, provavelmente não vai mudar nada, mas eu fiz.


Imagens:

Um comentário:

  1. Infelizmente a cultura do anime é consequência direta da cultura do mangá. As produtoras querem continuar vendendo aquilo que o público quer comprar, os desenhistas/escritores querem continuar empregados.
    Eles precisam criar aquele gancho inicial pra pescar o público, mas depois disso o objetivo passa ser evitar resolver a história o máximo possível. Logo vai se gerando cada vez mais e mais conteúdo, geralmente não há um bom controle de continuidade, e nada se muda de verdade.

    Sobre criar muitos personagens... Bem... Isso é parte da cultura gacha também. Quanto mais personagens, mais você pode licenciar pra fazer boneco, pôster, camisa, pião assassino, videojogos, e tudo mais.
    Nunca tinha pensado nisso como uma tentativa de gerar opções em massa para ver qual que cola com o público, mas até que faz sentido também.

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