segunda-feira, 6 de julho de 2020

Flambarda - A Detetive Elemental #55

Flambarda e Brahma saíram do KFC e foram rumo ao escada shopping. A detetive foi reclamando do início ao fim de ter que andar aquele chão todo, enquanto pra Brahma foi como se fosse exercício. Quando entraram no shopping, a portadora do Luvetal foi em direção ao elevador, mas a outra foi em direção a escada rolante, e quando a primeira olhou para trás e viu a outra subindo na escada, gritou:

- Sério isso!?
- É claro! Cê acha que EU vou ficar três horas esperando elevador? - Brahma gritou conforme subia.

Mas ela foi compreensiva e esperou Flambarda perto da escada, sem bloquear a saída. A detetive xingava mentalmente sua companhia, que era quem ia pagar, então ela preferiu fazê-lo dessa forma, só que quando subiram pro 4o. andar ela não se conteve.

- Tu vai comprar roupa pra mim onde? No cinema? - Flambarda perguntou enquanto elas seguiam o caminho.
- Na Leader.
- Na Leader? - Ela parecia indignada - Tu num falou pra mim que tinha grana?
- É, mas agora eu quero te vestir de puta.
- Você quis dizer pobre né? Porque até onde eu saiba, puta ganha bem o suficiente pra comprar na Zinzane.
- Faz um certo sentido, o lance é que eu não quero gastar muito com você.
- E você acha que puta é barata?
- Só as que estão em início de carreira.

A vontade de sair no tapa era grande, mas ela estava se contendo até porque ela sabia que se fizesse isso tinha uma chance bem maior de se ferrar do que de causar um mísero arranhão em Brahma. Entraram na loja e meio que se dispersaram uma da outra. Enquanto Flambarda ia procurar umas camisas mais genéricas, ou com estampas maneiras, Fernanda estava indo atrás de cinta-ligas, corpetes, espartilhos e meias arrastão. Depois de muito olhar, a detetive escolheu uma singela camisa amarela com flores, enquanto a outra veio já com diversas roupas e diversos conjuntos para ela testar.

- Que porra é essa, Fernanda? - Flambarda estava meio confusa.
- Roupa, ué.
- Caralho! Mas olha essas roupa, Fernanda! Não tem nada a ver! - Ela disse olhando as roupas na cesta de Fernanda.
- Vem cá. Tu num curte rebolar esse teu rabo?
- Curto.
- Então. Você rebolando nisso aqui vai ficar perfeito.
- Filha, eu só fui num baile uma vez na minha vida, e certamente não foi usando isso.
- Deve ser por isso que ninguém quer te comer né? - Flambarda inchou as bochechas meio que a contra gosto e respondeu
- Tá bom.... Faz sentido, me dá essa porra aqui. - Ela fez como quem tomaria o cesto num gesto repentino mas Brahma foi mais rápida e evitou.
- Nã nã ni na não! Quem vai te vestir vai ser eu! Anda! Simbora pro provador. - Ela foi empurrando a outra.

Entraram no provador juntas porque a Brahma passou um papo ali na moça que gerencia o acesso as baias e começou a muvuca com aquelas duas dentro do mesmo provador pra tentar vestir só uma delas, além do fato de ter uma batelada de roupas e combinações para serem testadas. Elas gastaram ali quase uma hora tirando e colocando roupa até que finalmente escolheram uma combinação.

Flambarda estava de um jeito que ela nunca imaginou que estivesse. Era diferente, mas não era algo que ela diria que é ruim. O decote valorizava, apesar dos pneuzinhos. Vestido? O que era isso? Ela mal lembrava do vestido que havia usado na formatura, foi algo que foi escolhido muito a contra gosto por Sofia e Fabiana, mas esse vestido curto amarelo dava um ar moderno, especialmente combinado com a meia arrastão preta. Ela se sentia, poderosa, quase como a Anitta.

Ao mesmo tempo ela meio que compreendeu o visual exótico de Brahma. Aquilo a destacava, chamava atenção, e fazia ela se sentir um pouco atraída por ela mesma. A detetive ainda estava em uma espécie de transe se admirando em frente ao espelho, mas se sentia um pouco exposta por não estar usando sequer um short embaixo da saia, até que sua companhia quebrou o encanto.

- Gostou? - Brahma perguntou
- Eu não sei... - Flambarda estava confusa. - Eu quero mas não sei se devo...
- Deve.
- E quem é tu pra achar que eu devo ou não!?
- A mulher que tá pagando as roupas. Simbora troca aí pra gente pagar que eu ainda vou te vestir no banheiro. - Flambarda inchou as bochechas novamente, mas seguiu em frente.

Fecharam as compras, mas antes de rumarem para o banheiro, elas começaram a tomar um caminho diferente.

- O porra, tu não ia me vestir agora?
- Primeiro a gente vai ali na farmácia.
- Que!? Comprar mais coisa!? Puta que pariu, hein?
- Tem que rebocar a sua cara ainda, filha.
- Maquiagem?

A detetive estava revivendo as mesmas cenas que passou com as suas amigas antes da festa de formatura. Ela nunca foi muito de se montar e se preparar tanto. No máximo colocar uma saia, uma camisa mais elegante e um batom. Meia arrastão; salto alto; maquiagem; penduricalhos que dificilmente apareceriam em sua indumentária sendo comprados para serem usado uma única vez, mais uma vez. Era um prazer estranho que ela tentava rejeitar e provavelmente rejeitaria se não concordasse com Brahma em que talvez ela realmente precisasse se vestir melhor para a ocasião.

Além do batom dourado, compraram os outros utensílios de maquiagem: sombra, delineador, rímel, e etc. E finalmente foram ao banheiro do shopping para que a jovem se preparasse para ir mais uma vez a casa de Swing. Ao todo, Flambarda agora usava um vestido amarelo decotado em V sem mangas com saia, meia arrastão preta, salto alto vermelho, batom dourado, sombra azul escura e delineador. Além disso, Fernanda fez questão de soltar o cabelo da jovem, mas a mochila continuou sendo a mesma.

- Bolsa não? - Flambarda perguntou
- Essa mochila te deixa moderna. Só faltou uma coisa que não deu pra fazer agora.
- O que?
- A sobrancelha.

Quando estavam saindo, Brahma a impediu de passar da porta automática e passou a chamar um Uber black, chique, que a levou até a casa de swing. Munida de uma confiança que ela não lembra de ter tido a tanto tempo, junto com a cobrança que ela aplicava sobre si mesma para fazer isso dar certo uma vez que Brahma parecia realmente depositar alguma confiança nela. Agora era entrar, chamar a atenção do Entrenós pra poder conversar com ele novamente.

"Pera, ela falou 'nera' quando se referiu ao Gerson. Será que?"

Mas não foi muito difícil. A entrada de Flambarda foi impactante no local e as energias rapidamente tentaram tomar conta dela, mas ela se sentia tão confiante que era quase que capaz de manipular esse tipo de energia, pelo menos em si mesma. Seus olhares se tornaram bem mais impactantes e ela lentamente tentou se deslocar dramaticamente até o quarto onde ela lembrava ter ido, mas com todo o seu costume de andar de salto alto, ela quase caiu e o charme quase foi ao chão, então ela preferiu parar pra beber uma H2OH mesmo pra fingir que não aconteceu nada.

Depois de marcar um 10 e observar uns gatinhos pra lá e pra cá, ela voltou a se deslocar para onde precisava e bateu na porta da forma mais suave que conseguiu, o que parecia um cavalo tentando ser gentil, então ela tentou fazer uma pose minimamente meiga, até que uma voz veio do outro lado.

- Não...Você não é assim. - Disse a voz masculina. Era claramente Entrenós.
- Então. - Ela bateu os punhos fechados. - Você prefere assim?
- É... - E então ele abriu a porta. - Seja bem vinda.

O homem era um rapaz bonito. Ele era forte, alto, sua pele tinha um tom mais bronzeado, e deixava a barba relativamente curta. As roupas também eram de uma elegância ímpar. Roupa social bem passada e sapato social. Ela sabia muito bem sobre os dotes dele, mas agora ela precisava manter a calma pra saber sobre seus outros dotes.

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