quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Flambarda - A Detetive Elemental #37

- Flambarda, acorda.

Nenhuma reação

- Anda filha, o almoço ta na mesa.

Flambarda se remexia para lá e para cá na cama numa tentativa fútil de se esquivar ou até mesmo repelir a sua mãe, só que ela acabou acordando de qualquer forma jogando o lençol para o lado num gesto brusco, e foi ao banheiro pra se aliviar antes de ir almoçar conforme sua mãe havia chamado. Ela olhou pra mão direita novamente e lá estava a maldita luva que começou isso tudo. Assim que ela sentou no vaso ela teve um momento de introspecção.

"E cá estamos nós novamente. Essa maldita luva que virou a minha vida de cabeça para baixo, mas se você começou tudo isso, será que você também não é a chave pra terminar tudo isso? Eu tenho que assumir que até agora foi a única coisa que eu não tentei."

Ela saiu do banheiro confiante de que esse seria um dia diferente, ela escovou os dentes, colocou aquela roupa padrão, pôs a mochila, olhou o relógio e viu que já eram 13h e que não ia dar pra chegar na faculdade a tempo, o que arrancou o seu ânimo fora. Ela até tentou não transparecer as emoções mas ela percebeu que não foi possível assim que chegou na mesa para o almoço e recebeu a pergunta de sua mãe

- Que cara é essa, filha? Dormiu mal ontem?
- Não. Só não tô legal.
- Ok, eu sei que eu não fui a melhor mãe do mundo mas eu juro que eu tentei te proteger dessa loucura.
- Eu imagino... Não dava pra adivinhar que as coisas iam me achar, não é?
- É...

O almoço seguiu em silêncio. Aquele clássico arroz, feijão, bife e fritas. Flambarda comeu e foi pro quarto, pegou o celular viu as redes sociais, e por alguma razão voltou a ficar introspectiva.

"Ta muito estranho isso porque se rolou aquela porrada toda em Botafogo, com direito a um elevador caindo no poço, e não tem uma mínima menção no jornal? Será que a SDRJ é tão poderosa assim a ponto de manipular a mídia e as pessoas? O que mais eles escondem? Por que caralhos eu estou parecendo uma pensadora maluca toda vez que eu tenho a menor quantidade de tempo para mim mesma? Eu realmente quero ir até o fundo dessa história? São muitas perguntas, e eu nunca quis fazer tantas perguntas. Tá bom, só conheço uma pessoa que pode causar caos o suficiente para me tirar dessa."

Flambarda mandou mensagem para Bibi pedindo o celular do Rodney, que atendeu prontamente o pedido. Fabiana até mandou mais mensagens em seguida mas sua amiga já estava ocupada maquinando uma ação sem ter qualquer plano.

- Rodney. Tá de bobeira? - Ela disse, incisiva.
- Oi, quem é?
- Flambarda, oras.
- Ah, oi.
- Tá ou não tá?
- Na verdade eu preciso falar com você. Você tá onde?
- Eu to em casa, mas me encontra na Saens Peña, por favor?
- Ah, tá bom. Em frente ao metrô?
- Isso. Em frente ao metrô.
- Beleza.

Flambarda desligou sem nem ao menos dar tchau. Respondeu Bibi falando que ia atrás da alabarda de fogo e rumou para a praça para encontrar Rodney. Levou sua mochila porque calça de mulher não tem bolsos. O que muito lhe tentava passar a comprá-las na sessão masculina, mas por enquanto ela seguia sem bolsos.

- Fala Rodney - Ela disse, abordando-o na praça. Rodney também parecia que tinha um armário da Turma da Mônica. Sempre com a mesma roupa.
- Ah, oi, Flam. E ae?
- Vamo pegar aquela alabarda?
- Uai, que que deu em você?
- Que foi?
- Tava correndo da alabarda até agora e de repente resolveu ir atrás dela. Que que deu em você.
- Não pergunta, antes que eu desista. Só me leva até ela.
- Você está com sorte, eu tive uma visão sobre a alabarda hoje.
- E ela está onde?
- No museu imperial de Petrópolis.
- Que!?
- No museu...
- Eu sei que tá no museu de Petrópolis, só me pergunto como foi parar lá.
- Provável... - Antes que Rodney pudesse completar a palavra, levou um cutucão de Flambarda que o interrompeu.
- Porra, Rodney! Eu sei que alguém levou, caralho! Eu quero a parte não óbvia disso. Como é que você transporta uma alabarda sem fazer estardalhaço?
- Hmmmm... - Ele parou pra pensar.
- Quer saber, vamos pra rodoviária que eu quero essa alabarda hoje! Anda, desce essa escada. - Ela disse, empurrando-o de leve para que ele não rolasse escada abaixo.

Flambarda mandou uma mensagem pra Sofia, e pra Bibi pedindo a ela que procurassem nas redes sociais por qualquer vestígio do transporte de uma alabarda, assim como ela também o fez, mas infelizmente ela não conseguia achar nada. Ela esperava que suas amigas tivessem um pouco mais sorte já que tambem possuem seguidores diferentes, e que talvez Sofia achasse algo do no Twitter, mas até eles chegarem na rodoviária, nada. É como se realmente tivessem conseguido apagar todos os vestígios de um caralho de uma alabarda. Ela também ligou pra mãe conforme andavam até o guichê para comprar as passagens.

- Oi mãe, tudo bem?
- Diga filha.
- Vou pra Petrópolis.
- QUE!?
- É. Eu tô com o Rodney aqui, o curador do destino e ele vai me levar até a bendita alabarda que eu perdi pra ver se eu consigo colocar a minha vida nos eixos novamente.
- Que porra de alabarda é essa!? Quem é Rodney!?
- Ah sim. Aquela luva conjura uma alabarda.
- Você ficou maluca!?
- Desde que eu peguei esta merda desta luva mamãe. Deste aquele dia. Beijo, te amo. - E assim Flambarda desligou o telefone.
- Cê tem certeza que quer fazer isso? - Perguntou Rodney.
- Caralho, não me faz querer mudar de idéia! Eu já to viajando com você! A chance de isso dar errado é gigantesca!
- Erm... Acho que você está certa.

Ela havia comprado a passagem de ida com o dinheiro cedido pelo Rain e pagou também a passagem de ida do Rodney, a contragosto, mas se alguém tinha algum poder de druida e estava disposto a fazer merda, esse alguém é o Rodney.

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