segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Flambarda - A Detetive Elemental #38

- Temos uma hora até o ônibus sair. - Disse Flambarda. - Quer comer alguma coisa?
- Pode ser. O que você sugere?

Flambarda foi direto ao Bob's sem pensar duas vezes, independente da fila, apesar do Bob's nunca ter muita. Ela pediu um trio Big Bob's e um maltine grande porque ela ia precisar aturar muita coisa nesse dia e ela queria estar o mais carregada de fast food o possível. Rodney preferiu pegar algo rápido no Spoleto, pra fingir que era saudável, mas nem pra pôr palmito no molho. Sentaram-se na mesma mesa, deram sorte de conseguir uma porque geralmente a rodoviária fica lotada.

- Bob's, Flam?
- Na falta de BK vai de Bob's mesmo. - Disse ela, devorando o Big Bob's
- Mas não é ruim?
- Cara, não é ruim, mas os sabores não são iguais aos dos concorrentes, né? Talvez seja uma questão de marketing e as marcas do Mc e do BK tenham muito mais influência, mas o fato é que eles nunca vão bater esse milkshake aqui. - Ela disse, batendo no maltine grande.
- Cê vai morrer cedo.
- Acredite, a última coisa que eu quero é morrer tarde.

Eles passaram a comer mais silenciosamente verificando o celular. Flambarda até olhou curiosa pro celular do Rodney pra ver o que ele estava fazendo mas era só um whatsapp de grupo de putaria. Ela ficou meio enojada dele fazer isso assim na cara dura, - "Ele podia ir ao banheiro, pelo menos, pra parar pra olhar isso." - mas ela tinha mais coisas pra se preocupar como a mensagem que Bibi mandou no grupo do whatsapp.

Fabiana: Caralho, Flam, achei!
Flambarda: Como!?
Fabiana: Eu precisei pedir uma ajuda ao Japa. - Flambarda começou a ficar preocupada a partir daí. - Mas olha aí. Parece que uma ruiva transportou a alabarda pro museu imperial sozinha. Não se sabe muito bem quem ela é não.
Sofia:  Tem uma foto dela?
Fabiana: Tem sim, pera. - Quando Bibi mandou a foto, Flambarda e Sofia rapidamente reconheceram.
Sofia: Puta merda, é a Brahma.
Fabiana: Quem é Brahma?
Flambarda: Brahma é a vadia que quase me matou junto com a Sofia no incidente de Botafogo.
Fabiana: Incidente de Botafogo? Eu não lembro dela.
Flambarda: O Rodney não te contou?
Fabiana: N.

"O Rodney não contou pra Bibi o que aconteceu em Botafogo? Tudo bem que eles não tem nada exatamente sério, mas ele já deve saber tudo o que aconteceu. Ou será que...? Não... Ele pode mentir na cara dura e eu não vou saber. Eu vou deixar ele ir revelando o jogo."

- Rodney, preciso ir ao banheiro, me encontra lá no portão de embarque.
- Ok.

Flambarda foi pro banheiro se aliviar mesmo, ela não precisava de privacidade, mas aproveitou pra mandar mensagem de volta pras meninas que conversavam enquanto ela se deslocava.

- Meninas, me desejem sorte. - Disse Flambarda.
- Pq? - Perguntou Bibi.
- Porque eu to fazendo xixi, e daqui a pouco eu saio pra Petrópolis com o Rodney. - Ela explicou enquanto estava no vaso.
- Caralho... - Mandou Sofia.
- É melhor tu voltar viva. - Ameaçou Bibi.
- Fui, lindas. Bjo. - E Flambarda fechou o Whatsapp.

Flambarda chegou na área de embarque com aquela confusão e apreensão costumeiras. Apesar do ticket estar ok e ela ter passado pelo portão de embarque sem problemas, como fica tudo bem aberto, é natural que haja um certo receio de que o ônibus pare no lugar errado e você acabe perdendo a passagem, mas ela estava ainda mais apreensiva porque sempre que o Rodney está por perto, alguma coisa explode, e diferente das outras vezes, ela só queria saber quem estaria atrás dela dessa vez.

Só que para a surpresa dela, tudo saiu normal. O ônibus parou na plataforma em que tinha que parar, ela entrou no ônibus junto com o Rodney, sem ninguém encrencar com nada e ela comprou as passagens no mesmo par de poltronas, com ele sentando na janela porque mulher geralmente vai mais ao banheiro, sendo que assim que se sentaram ele já começou a pertubar.

- E aí? Animada?
- Nem um pouco.
- Você vai buscar a sua alabarda! Não tá feliz!?
- Honestamente, ainda não.
- Nossa...
- E eu acho que eu vou dormir na viagem porque é o melhor que eu faço. Apesar de estar sem sono.
- Tá bem então.
- E se tentar alguma gracinha eu arranco seu pau fora.

Como havia dito, ela dormiu até um pouco antes do motorista ter dado a partida e subido a serra. Quando eles saíram do ônibus, o refresco foi instantâneo. O ar fresco de petrópolis é completamente diferente do ar carregado da capital, o que talvez explicasse a profusão de gente bonita por lá. Eles não tinham muitos pertences então a saída do ônibus foi tranquila. Eles só pararam mesmo pra ir ao banheiro porque é o que geralmente se faz logo após uma longa viagem de ônibus.

Até as luzes que Flambarda geralmente via, mudaram. Diferentemente da cidade grande onde se via muitas cores prateadas e vermelhas, aqui se observa muitas cores verdes e marrom. O ritmo com a qual elas trafegavam também era bem diferente e elas dançavam como se estivessem brincando com a detetive, a qual tentava acompanhá-las com as mãos, sem notar que aos olhos das outras pessoas ela pareceria uma retardada. Ainda assim, eles teriam que pegar outra condução para chegar no terminal imperial, mas ela ainda não fazia idéia do quê.

- E aí, pra onde a gente vai agora? - Perguntou Rodney.
- Eu honestamente não sei, deixa eu ver aqui no Maps. - A surpresa foi inevitável. - Putz, fica lá na puta que pariu. Vamo ter que pegar outro ônibus.
- A gente pode pegar um taxi.
- E tu acha que eu tenho grana pra pegar um taxi?
- Que tal um Uber? - Essa proposta estava tentadora.
- Ok. - Ela disse inchando as bochechas. - Mas você paga.

"Estranho. O Rodney teoricamente não deveria estar tão disposto a pegar a alabarda. O Rain até me emprestou ele e talz, mas ele está solicito demais. Mesmo ele sendo o curador do caralho de asa, ou ele vai ganhar alguma coisa com isso, ou o Rain está usando ele pra alguma coisa. Até agora não senti a presença de nenhuma energia forte como o Rain por aqui. Parece que ele não nos seguiu."

Enquanto Rodney pedia um Uber no celular, ela observava o ambiente ao redor. Não só para colocar aquele colírio nos olhos porque ela tem que aproveitar quando tem homem bonito para olhar, mas também para ver o que tem de diferente sem pretensão nenhuma. Conforme passeava, ela sentia que a luva estava reagindo a energia que circulava, coisa que não acontecia antes, o seu companheiro nessa viagem também notou, e comentou conforme a chamava para entrar no carro.

- Parece que a visão estava certa! Vamos, Flambarda! O carro já está chegando. - Ele se movimentava para a beira da pista para identificar o carro e ser identificado.
- Quem diria que um dia você ia acertar. - Ela disse com escárnio conforme se aproximava, juntamente com o carro que os levariam até o terminal imperial.

A viagem foi silenciosa, mas ao chegarem lá tanto ele quanto ela começaram a sentir concentrações de energia bem incomuns, e de todos os tipos. Foi a primeira concentração de energia prateada e vermelha que ela viu, e vinha justamente do terminal, e assim que desceram do Uber, lá estava Brahma, sentada em um dos bancos do terminal sob o sol vespertino. Apesar de tudo ela estava bastante estilosa vestindo camisa de malha branca, calça jeans e óculos escuros, e parecia estar esperando-os, pois retirava os óculos escuros conforme eles se aproximavam.

- Flambarda! Que bom te ver! - Ela disse pendurando os óculos na gola da camisa.
- Você! O que faz aqui!? - Ela indagou.
- Oras, vim te encontrar.
- Não se faça de sonsa. Eu sei que você trouxe a alabarda pra cá.
- Você sabe que a alabarda é minha não sabe? - Ela falou, fazendo uma pose de quem tem a situação sob controle.
- Que!? - "Que porra é essa!?"
- Daqui a pouco o Rain deve estar chegando. Então eu acho que eu tenho pouco tempo pra falar com você, mas... - Ela disse se levantando. - Eu certamente não gostaria de você ouvindo.
- Ei! - Ele protestou. - Você não vai fazer nada com ela!
- Com ela? - Brahma apontou com os dois indicadores. - certamente não. Já você... - e segurou gentilmente as mãos de Rodney transferindo energia e fazendo com que ele desmaiasse ali mesmo. - vai dormir um pouquinho.

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