segunda-feira, 23 de abril de 2018

Flambarda - A Detetive Elemental #2

- Ta maluca, Sofia!? - Disse Fabiana.
- Não. Oras, a gente não achou nada no Google, então so indo na Deep Web.
- Negativo! - Replicou Flambarda. - Se eu entrar na Deep Web vai vir uns trinta estupradores atrás de mim. Não, não e não!
- Tá, mas e se a gente falar com o Japa?
- Que que tem o japa, Sofia?
- O japa deve saber entrar na deep web pra procurar essas coisas, não?
- Taí... ate que tu não é besta não. - Disse Fabiana. - Eu tenho o telefone do Japa aqui. Vamo ligar pra ele.

Não foi muito difícil. Eram 9 horas da noite e o Japa raramente ficava longe do telefone, mesmo quando estava carregando.

- Alô?
- Alô, Japa? Aqui é a Bibi!
- Ah! Oi Bibi! - Ele estava acordado.
- Japa, preciso pedir um favor seu.
- Eu já imaginava... - Ele disse numa voz arrastada. - O que você precisa.
- Você já entrou na Deep Web?
- Que!?
- Você já entrou na Deep Web? - Ela repetiu pausadamente
- Cê tá doida!?
- Eu não!
- Eu não entro em Deep Web não!
- Tá, mas você sabe como entrar?
- Eu não! - Era mentira ele sabia sim.
- Ah, cara! Fala sério! Tu é Japa! Todo Japa sabe essas paradas!

Ficou um silêncio momentâneo, mas o Japa o quebrou.

- Você sabe que isso é preconceito né?
- Eu sei, mas você tem que concordar comigo que todo Japa sabe mexer em computador.
- Mas o que que você quer fazer na Deep Web?
- Tu num sabe entrar, pra que que você quer saber?
- Sei lá. Ás vezes é algo que eu sei.
- Filho, se o Google não sabe acho difícil você saber.
- Dá uma busca no 4chan. O Google não consegue ir nas entranhas daquilo.
- 4chan?
- Tu não conhece o 4chan?
- Claro que não.
- Entra lá depois em 4chan.org e me fala o que você achar. Até mais! - E o Japa desligou
- Ah. Viado, desligou na minha cara!
- E o que ele te disse? - Perguntou Sofia.
- Ah, ele falou pra entrar num tal de 4chan.org e ver se acho alguma coisa lá. Falou que o Google não vai tão fundo no 4chan.
- E o que caralhos é 4chan?
- Sei lá vamo pesquisar no google.

E assim Flambarda abriu seu notebook, plugou na tomada e digitou no google 4chan. Achar o 4chan.org foi fácil. O difícil foi entender como faz pra achar alguma coisa la dentro porque só a Sofia tinha uma vaga noção das coisas em inglês. Então depois de passar por MUITA pornografia estranha e outras bizarrices que apenas o 4chan consegue produzir, elas desistem pois não acham nada da bendita luva.

- Cara, e se a gente anunciar como se fosse vender? - Bibi sempre com uma idéia mirabolante.
- Aí mesmo que vão querer arrancar a minha mão fora, né? - Disse Flambarda.
- Cara, alguem na internet tem que saber.
- Não adianta nada se essa pessoa for um russo bêbado cheio de Vodka Natasha na cabeça.
- Ou pior! Pode ser o Borat piorado da chechênia! - Brincou Sofia.
- Não, galera. Olha só. Amanhã a gente fala com o Japa pessoalmente pra ver se ele ensina a gente a não ser perseguido por um hacker maluco e coloca isso de um jeito anônimo na internet tá? A gente já viu muita coisa estranha e realmente não to com cabeça mais pra fazer nada.
- Sinceramente, eu também não. - Disse Sofia.
- Nem eu. - Falou Fabiana
- Eu vou largar vocês no ponto, peraí. - Finalizou Flambarda

Conforme elas saiam, iam se despedindo da mãe de Flam e seguindo em direção ao ponto. Conforme esperavam o elevador, o taradão do 404 que geralmente não se encontrava em casa, saiu da escada indo para o próprio apartamento assediando as garotas. Nossa protagonista até tentou fazer o fogo sair da luva novamente para afugentar o taradão, mas não conseguiu nada dessa vez.

No elevador tinha um espelho e mesmo depois disso tudo elas ficavam se observando no espelho procurando aquelas falhas mínimas na sobrancelha ou na maquiagem. Conforme iam saindo do saguão do prédio iam comentado sobre as bizarrices que encontraram no 4chan. O porteiro ficou particularmente assustado escutando aquilo tudo de pé de ouvido mas preferiu não comentar.

Na verdade elas não iam pra nenhum ponto de ônibus. Elas foram largadas na entrada do metrô da Saens Peña, onde se deram uns beijos de despedida e desceram as escadas. A remanescente ao voltar para casa, passando novamente pelo saguão, viu a cara de semi-assustado do porteiro e fez uma careta para ele. Não fez diferença nenhuma na vida de nenhum dos dois, mas eles preferiram expressar suas emoções dessa forma.

Flambarda já estava com sono e basicamente capotou na cama. Antes de dormir ela fez questão de tocar uma. Não ia fazer mal a ninguém mesmo, só que foi mais difícil porque ela teve que fazê-lo com a esquerda porque ela ficou com medo de botar fogo na piriquita. Logo após isso, apagou, e começou a ter um sonho bastante torto.

Nesse sonho ela estava diante de uma fogueirinha em um acampamento a noite. A principio ela estava acordando no chão do acampamento para ver um homem de sunga vermelha no mais puro estilo Baywatch a observando de uma forma particularmente curiosa, ela já achou estranho por si só a situação, e estranhou mais ainda que o olhar não era voluptuoso, ela ficou sentada com as mãos prontas para empurrá-lo caso ele se aproximasse, mesmo sabendo que era futil.

- Bu! - Ele fez como se fosse atacá-la e ela saiu rolando pra trás no meio da terra. - Hahahahahahahaha. - Ele se escangalhava de rir enquanto ela tinha um trabalho enorme para se levantar. Ela não sabia o que fazer então saiu correndo na direção oposta. As estrelas do céu noturno mal conseguiam iluminar o caminho, porque não havia um caminho. Era terra pra todo o lado e uma terra que não acabava mais, até que ela viu uma nova fogueira ao longe e conforme foi se aproximando viu que o homem do Baywatch estava lá novamente. Era o mesmo diabo de fogueira, e mesmo de costas ele perguntou. - Já desistiu?
- Mas que!? Como você?
- Cara, você tá sonhando.
- Ah sim, não to na cama... - Foi então que ela se tocou. - Como assim? Como eu to acordada no meu sonho!?
- Existem pessoas que são onironautas, sabia?
- Eu nunca fiz isso antes.
- Eu não falei que você era.
- Ah....
- Então, eu acho que assim eu não to muito apresentável. - Ele falava assim mas ele parecia mesmo era o Sean Connery jovem e com volumes extras na sunga. -  E de repente ele trocou de roupa e estava com o uniforme do Miami Heat. Só que do tamanho certo pro seu corpo. - E aí? Ficou melhor?
- Mas que caralhos você está fazendo aqui?
- Assim eu sou o Alabáreda.
- A Labareda?
- Alabáreda. Tem acento agudo na proparoxítona.
- Isso tudo é pra não ser A Labareda? - Nesse momento ele fez um facepalm.
- Olha eu não sei quem escolheu meu nome ta legal. Só sei que o seu também não ta muito longe não, senhorita Flambarda!
- O seu viado! Como é que tu sabe meu nome!?
- Porque eu sou este caralho desta luva que está na sua mão!
- Pera... - Flambarda olhou para a mão direita e viu que a luva não estava lá. - É isso? Eu posso tirar a luva agora?
- Infelizmente não. Nós, os Luvetais nos conectamos com nossos portadores, para sempre... - As duas últimas palavras foram ditas com um pausa entre elas.
- Que!? Então você vai estar aqui toda a noite!?
- Não toda, mas eu achei que seria necessário entrar no seu sonho para me introduzir.
- Isso não pegou bem.
- Foi proposital.
- Ah.
- Bom, como você conseguiu se conectar comigo você acaba de se tornar uma detetive elemental!
- Eeeeeeeeeeeeeee! - Ela o fez completamente sem emoção. - Você ta me dando um trabalho? Eu vou ser remunerada pelo menos?
- Sim, e não. O problema é que se você não fizer o seu trabalho, o mundo pode explodir.
- Ah então beleza.
- O que?
- Eu to querendo explodir o mundo faz tempo mesmo. - Mais um facepalm. - Ah! Qual é!? Meus professores são um saco, já tô á 3 meses sem sexo, to sem grana, e tu ainda me vem com essa!? Ah não cara! Não tem como arranjar outra pessoa não? A Bibi! A Bibi é maluca ia fazer isso amarradona!
- Olha, você tem muito a aprender. A primeira coisa é acender o meu fogo.
- De novo, duplo sentido?
- Sempre.
- Tá, e como faz?
- O fogo é um elemento que queima conforme as suas emoções. A melhor forma de acender meu fogo é liberando alguma emoção que você tem.
- Tipo a minha raiva do mundo?
- É.
- Mas eu não tenho a luva.
- Tenta.

Flambarda se concentrou bastante na raiva que tinha do mundo e em como ela queria pôr fogo na humanidade quase toda, especialmente depois de ter visto o 4chan, e de repente, Alabáreda pegou fogo completamente. O susto foi tão grande que ela acordou como se acordasse de um pesadelo. Ela viu que a luva ainda estava lá, e que pelo visto ela não teria outra opção. Ela deitou novamente, decepcionada com a vida, e apagou.

Um comentário:

  1. O duplo sentido é algo maravilhoso né?

    Tocar uma com a esquerda por medo de por fogo na periquita >.<

    HAHAHAHAHA

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