sexta-feira, 22 de julho de 2016

Bovinos Errantes

Era uma manhã de sol no interior do estado do Rio de Janeiro. Tudo parecia normal até que José Eustáquio, um caminhoneiro que estava em direção a BR-116. Tudo estava normal até que ele viu bovinos correndo no asfalto. O som das milhares de patas dos animais ecoava fortemente e ele já tinha escutado-as muito antes de ter visto os animais que pareciam acompanhar a estrada.

Eles pareciam ocupar as duas pistas e seguir o fluxo como se fossem um grupo muito grande de carros. Era particularmente curiosos, e Eustáquio, apesar da carga no veículo, certamente foi atrás. Até porque eles estavam no mesmo sentido.

Os bovinos estavam correndo em um ritmo acelerado, similar a um estouro de boiada. Chegava até a ser bonito de se ver, pois os bois e as vacas presentes pareciam ter um excelente porte, e um pelo brilhante que refletia parcialmente sob a luz do sol. Eram como se fossem bovinos tunados.

E eles estavam tunados mesmo, e tunados em extrema sincronia. A manada começou um movimento de 180 graus, e era possível ver a fileira de bovinos se formando através de um drift bovino conjunto. O movimento foi tão forte que provocou tremores violentos e ondas terrestres de pelo menos 3 metros na direção do deslocamento dos bois.

Esse movimento também tornou possível ver que havia um bovino específico liderando a manada. Ele possuía uma coloração mais vermelha, e uma gigantesca barba branca. Os bovinos o seguiam naquela direção como se ele fosse o mais respeitado general. Eustáquio resolveu esquecer a entrega da carga e seguir os bovinos.

Que seguiram a estrada até um determinado ponto onde entraram no mato, porém o movimento era tão intenso que fez uma trilha por onde o caminhão pode passar normalmente. A terra batida pelos poderosos cascos se tornou tão boa quanto um nobre asfalto. Eustáquio notou que eles reduziram a velocidade até parar em uma região erma. Ele desceu do caminhão e foi confrontado pelo boi líder.

- Muuuuuuuuuuu.

Eustáquio ficou sem ação. Não sabia o que fazer. Uma vaca parou de costas ao lado do boi, que deu uma narigada na bunda da vaca.

- Muuuuuuuuuuu.

Ele não sabia o que fazer então deu uma acariciada na bunda da vaca. O boi vermelho fez um barulho e abriu algo próximo de um sorriso. A vaca virou e carregava algum capim na boca que deixou no chão. O caminhoneiro entendeu aquilo como um gesto gentil e resolveu dar uma camisa reserva que ele possuía dentro do veículo.

O boi pegou a peça de indumentária e posicionou no chifre. Correu um pouco em círculos. E depois fez o seu saudoso barulho.

- Muuuuuuuuuuu.

Nesse momento os bovinos se dispersaram e começaram a ruminar ali mesmo. Eustáquio pegou o caminhão e foi entregar a carga, enquanto mascava um capim porreta entregue por uma vaca. Pelo menos ele não morreu.

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