sábado, 21 de maio de 2022

Pressão Interna

Eu recentemente tenho me bombardeado de informação. E o problema de ser bombardeado de informação é que em algum momento você começa a matutar e correlacionar coisas. Não sei se é o caso de todes, mas quando eu comecei a pensar o mundo, parece que ele resolveu me penalizar por isso. Não sei se é o mundo, ou se é apenas uma conclusão trágica, quase inevitável, de que não bastam as coisas serem difíceis de se explicar, mas de que há quem se aproveite disso para nos levar a horizontes mais trágicos.

Então vamos colocar aqui referências antes de sair falando um monte de loucura aleatória:
  • Minha Esposa
  • Clóvis de Barros Filho
  • Eduardo Marinho
  • Eduardo Bueno (Peninha)
  • Rafinha Bastos
  • Meteoro Brasil
  • Eu
Acho que tá bom, mas provavelmente tem mais gente que me influencia, mas a idéia é só colocar uma pequena galerinha por referência.

A questão é que a pressão interna não é apenas dessa efervescência de pensamentos, porque se desse só pra pensar, talvez a pressão pudesse aliviar em algum momento, mas, como eu disse anteriormente, tudo é difícil. Ao mesmo tempo que a gente tem que pensar, a gente tem que se mexer também porque o mundo não vai parar pra que possamos raciocinar sobre qualquer questão que queiramos. E por se mexer eu quero dizer efetivamente aplicar as soluções para os problemas sobre os quais raciocinamos.

Só que existe uma variável aí muito miserável chamada tempo, que é uma grande invenção humana muito útil algumas vezes, e muito escrota em outras vezes, e essa palavra por si só já é problemática, pelo menos nas línguas inglesa e portuguesa porque seu significado muda dependendo do contexto. Fato é que eu estou falando de tempo como medida de progresso, avanço. E veja que descontruir esse conceito é particularmente complicado porque ele está intensamente arraigado em pessoas como nós que falamos e lidamos com ele regularmente, então vou utilizar o conceito de uma semente que germina. Quanto tempo demora pra que uma semente se torne uma árvore?

Porque, veja você, a planta, creio eu, posso estar errado nisso, não conhece a noção de tempo. Ela simplesmente cresce a partir da semente. Talvez ela tenha alguma noção interna devido a presença do sol, mas ela simplesmente cresce e reage ao ambiente ao redor. Ela não conta quantos dias se passaram, quantas voltas ao redor do sol foram dadas, nem nada disso. Nós contamos os dias, as horas, os minutos os segundos, que são os dias e os pedaços de dia, cada vez menores, porém referenciados ainda sobre o dia.

Só que isso gera um problema, porque, humanos. Vendem qualquer coisa, inclusive o tempo, que nesse caso é um conceito inventado. Nós vendemos nosso tempo para trabalhar, só que tem um problema aí, a gente não vende exatamente o nosso tempo, a gente vende a nossa presença, a nossa vida. A gente vai além, a gente vende o futuro. A gente vende a expectativa de que as coisas vão funcionar, de que o futuro será melhor, e de que para o futuro ser melhor, só depende da gente.

E isso é verdade, se você quer que alguma coisa aconteça, tem que ir lá e fazer, e as vezes precisa que outras pessoas as façam. Por que? Porque se você é um humano, que tenta controlar o ambiente ao seu redor, então você vai enfileirar tarefas para obter determinados resultados no futuro, ou seja você está colocando mais promessas. Você está adicionando trabalho para você fazer, e trabalho obviamente consome tempo.

Qual é o problema de se colocar um monte de promessas? Quando vem a expectativa. Veja que ninguém pode vender alguma coisa que não tem. Se você não tem nada para vender, a única coisa que você pode vender são promessas. Venda promessas o suficiente e logo você estará sob a situação que a maioria de nós está hoje. 

A expectativa gera uma coisa que o Capitalismo gosta, chamado de escassez. Ou seja, ele coloca um alvo, e que você tem que acertar esse alvo. Só que você tem um monte de outras coisas pra fazer, e logo começa a cair em escolhas de Sofia. Você precisa fazer uma série de coisas, só que algumas delas tem expectativa, e as vezes fica pior, porque pra um monte delas tem expectativa. E aí se você tem um monte de coisas pra fazer, mas você tem limites de tempo, o que acontece? Não sei, mas há uma grande probabilidade de que as coisas explodam.

E aí é similar a uma panela de pressão. Você tem um espaço físico limitado, e gás sendo gerado ali dentro querendo se expandir. Você acumula promessas, mas está limitade por uma expectativa. Se a pressão dentro de um recipiente depende da massa de gás tentando se expandir ali dentro, da mesma forma, a pressão de trabalho depende da "massa" de promessas dentro de uma expectativa.

- Ah, legal é só colocar uma expectativa bem longa que aí a pressão fica baixinha. É como se o recipiente fosse bem grande.

Seria isso possível? Talvez fosse, se não vivessemos em um sistema onde tudo tem que ser uma mercadoria, inclusive a expectativa. Então acumulamos promessas, as vezes sob expectativas cada vez mais cruéis porque não temos pra onde correr! Você não pode fazer negócio com uma coisa que você não tem, então você vende aquilo que tem que são... promessas!

- Só que eu trabalho.

Ah, é um pouco pior. Outras pessoas vendem promessas pra que você pague. Se as outras pessoas estão vendendo as promessas, será que essas pessoas ligam pra pressão a qual as expectativas delus te submetem? E digo mais, a sociedade ainda te diz que se você não atingir as expectativas, então você não serve para a sociedade.

Sabe essa pressão interna a qual nós temos que nos impor pra sobreviver?
Ela faz tick tick tick que não quer parar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário