sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Arte Inesperada

O museu de arte moderna estava com uma exposição completamente nova. A temática era computação e tecnologia, e os artistas fizeram bastante esforço trabalhando diversos desenhos no photoshop, coreldraw, gimp, sai, e mais uma porção de outros aplicativos feitos para desenhar e para editar imagens.

Era bastante bonito até, e tinha todo o tipo de imagem lá. Alguns imitavam os traços impressionistas de Monet enquanto outros iam para o lado mais surrealista de Dali. Como sempre, a arte vem da cabeça dos artistas, só que desse vez não se mostravam no papel, e sim em um arquivo pdf exibido em tela cheia em um display de 44 polegadas.


Sandro compareceu a exposição no terceiro dia, depois de conseguir uma folga no trabalho. Ele viu aquele bando de telas com diversas imagens bonitas, e não entendeu lhufas porque ele não era do tipo mais sensível. Como a maioria dos profissionais desse setor, ele era um cara com baixíssima empatia, e por mais que entendesse o quão difícil era de fazer aquelas imagens, o seu coração não ficou contente. Era um dia frio, ele estava de mochila, calça jeans e uma jaqueta preta. Ele se destacava por ser alto e desengonçado.

Ao ver 5 monitores diferentes, ele ficou irado, e pediu para falar com o dono da exposição. O vigia do museu não sabia exatamente quem chamar, então a primeira coisa que ele tentou fazer foi acalmá-lo com um suco de maracujá. Péssima idéia. Sandro detestava maracujá, e acabou jogando o suco fora sujando o chão do museu com sua impaciência. Ele pediu desculpas pelo estresse, e sentou-se em um banco. Ele pediu para que o vigia buscasse o dono da exposição, e nesse meio tempo um funcionário veio e limpou o líquido derramado no chão.

Sandro foi recebido por Troilk. Parecia o nome de um bárbaro de um jogo de RPG que tivera com um amigo seu a um tempo atrás. Ele era alto, loiro, de olhos azuis, vestido em roupas bem formais.

- Olá senhor. Como posso ajudá-lo? - Troilk começou a conversa.
- Olá. Qual é o seu nome.
- Eu me chamo Troilk. - Ele falou estendendo a mão.
- Ah. Troilk. - Ele apertou a mão dele rapidamente. - Essa exposição está errada.
- Como assim, senhor...?
- Está errada! Não há arte computacional aqui! É tudo arte convencional! - Sandro falou, levantando-se e exaltando-se.
- Com licença, senhor. Qual é o seu nome?
- Sandro.
- Então, senhor Sandro, eu faço exposição a pelo menos 10 anos e estou em contato com a arte diariamente.
- E não entende nada de computadores.
- Ah. Definitivamente não. Meu filho sabe muito mais que eu.
- Permita-me.

Sandro retirou o notebook da mochila, ligou seu celular no computador através de um cabo USB para conseguir conexão com a internet e fazendo alguns comandos, em alguns minutos, hackeou todos os monitores. Troilk olhou aquilo e ficou pasmo. O vigia ia prender Sandro mas Troilk o interrompeu.

- E o que você pretende com isso? - Perguntou o dono da exposição.

E o perito em informática mostrou o que queria. Ele alterou todos os arquivos de imagens por arquivos contendo trechos de códigos. Coisas que eram ininteligíveis para a maioria das pessoas que estavam na exposição.

- Ótimo. Agora temos um monte de códigos. - Falou Troilk.
- Sim. - Disse Sandro, guardando seu notebook, e seu celular e se levantando. - Agora você tem arte computacional. - Ele levou sua mão e apertou a de Troilk. - Boa tarde. - E foi embora do museu.

O vigia e o dono da exposição ficaram pasmos. Eles noticiaram no jornal, o que aconteceu e a sociedade de computação pediu para que retirassem as imagens e mantivessem os códigos. Troilk não entendeu nada e ainda teve que pagar os artistas iniciais, mas ainda assim ganhou dinheiro, porque a exposição bombou depois do evento ocorrido.

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