quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Polêmica #5

Olha a polêmica ae gente! Hoje a postagem era pra ser sobre música, mas o app do tablet não permite recursos tão avançados(Não da nem pra colocar o "continue lendo"). Mas eu corrigi isso agora na sexta! Uhul!

Então os posts mais recentes tendem a ser modificados uma vez ou outra nos 3 dias subsequentes, mas chega de enrolação e vamo falar do assunto que tá pegando: Deveria o aborto ser descriminalizado?
 
Você acha que sim? Então melhor mudar de idéia. O aborto é crime no Brasil pelo simples fato de violar um dos direitos fundamentais, que é o direito a vida. Você não pode tirar uma vida no Brasil, quer dizer, até pode mas para que seu ato não seja um crime ele deve estar preservando outras vidas. Um exemplo disso seria a questão da legítima defesa.
 
Aliás, tecnicamente, ficar olhando uma pessoa apanhar sem fazer nada te torna cúmplice do crime que estão cometendo. Mas a coisa é mais complicada. Calma.
 
Voltemos a questão inicial. Abortar significa tirar uma vida. Mesmo que o feto não seja considerado um cidadão, ele é protegido pelas leis do local onde ele está. Então você pode abortar sem cometer um crime em outro país. Se bobear fica até mais barato do que ir em uma clínica clandestina.
 
Outra questão é o que consideramos como vida? Se vocês observarem, o conceito do que está vivo não está bem definido. Alguns biólogos começam a considerar uma vida quando a composição do corpo consiste do que eles chamam de CHON: Carbono, Hidrogênio, Oxigênio, Nitrogênio. Isso não é necessariamente verdade porque para ser vivo é necessário que exista metabolismo. E quando diabos o feto tem metabolismo? Existem coisas vivas sem metabolismo? Bom, para todos os efeitos consideramos que fetos estão vivos.
 
Existem exceções que permitem o aborto. Uma delas é o caso do feto ter acefalia. Isso não descaracteriza a existência da vida, mas agora vem o problema pois o direito a vida também dá o direito a uma vida digna. Existe a questão da dignidade que também é extremamente complexa pois a dignidade também não é bem definida. O argumento de defesa do aborto por fruto de estupros é questão da dignidade da mulher estuprada.
 
Eu sou a favor do aborto sim. Acho que a mulher deve estar pronta para ter um filho antes de parí-lo. A escolha deve ser dada as mulheres sim pois elas tem razões que acredito que condizam que o princípio da vida digna. Mas acho que devemos combater alguns argumentos falaciosos.
 
A questão do aborto no Brasil não é religiosa. Não tem nada a ver com o estado laico. Os padres podem ser contra o aborto por questões religiosas mas o que impede a descriminalização é a constituição com o princípio da vida. Não é porque a constituição favorece um ou outro grupo religioso. Você pode até ser satanista e cobrar dízimo dos seus seguidores que você não vai ser taxado, similarmente a igreja universal.
 
Legalizar o aborto não vai resolver as questões sociais. Legalizar o aborto no máximo vai reduzir o lucro da indústria de camisinhas porque vai ter mais gente sem a preocupação da gravidez, exceto se um aborto for caro demais. Apenas quem vai sentir o impacto dessa lei, pelo menos no momento atual do país, é a classe média. Hoje em dia as mulheres mais pobres querem mais é engravidar pra ganhar bolsa família, e acho que mesmo se cancelarem o benefício, vão continuar fazendo pelo simples fato de que elas não ligam de largar a criança em um buraco qualquer.
 
A maioria das pessoas que querem essa descriminalização são pessoas de classe média, bem instruídas que seriam capazes de se prostituir para garantir a comida na mesa. Um filho muda a vida de uma mulher/casal completamente, mesmo se ela abortá-lo pois deve ser horrendo fazer algo do tipo, mesmo com as melhores das intenções. Deve doer pra cacete, se menstruação já é o suficiente pra derrubar uma mulher, imagina um aborto inteiro?
 
Quanto aos médicos, eles basicamente vão perguntar se a vontade é realizar uma cesárea ou um aborto. Legalmente é bom porque você pode eliminar os açougues quem tem por aí.
 
- Mas e o lado dos defensores da vida? Você não tem nada a dizer sobre eles?
 
Não há muitos argumentos que não sejam de caráter religioso, mas lidar com a vida é lidar com uma incerteza. Não há como prever o que aquele novo ser vai fazer. Ele pode tanto ser um novo pensador, um grande artista, ou um bandido, mas não há como argumentar contra desencadeamentoa logicos utilizando incerteza. Pensando em teoria dos jogos, a possibilidade de escolha é uma estratégia dominante. Ela sempre garante um bom resultado.
 
Mas se você ainda estiver no Brasil, habitue-se com a camisinha. É um excelente método contraceptivo além da proteção oferecida contra DSTs, para ambos os lados.

3 comentários:

  1. Ranger Tatu Roxo da Intolerância, Polemizar!

    Então... Eu não só acho que o aborto deveria ser descriminalizado. Como acho que o governo deveria investir uma grana em clínicas de planejamento familiar que efetuam abortos gratuitamente para famílias de baixa renda.
    Por quê? Porque eu sou um pobre ser inocente que acredita na possibilidade de um mundo lindo e utópico.
    Apesar da camisinha e de muitos outros métodos que existem para evitar uma gravidez indesejada... As pessoas ainda continuam engravidando. É um milagre. Eu creio que se o aborto fosse uma opção, ainda mais gratuita, para esse tipo de situação, muitas coisas melhorariam. Menos jovens abandonados, menos famílias enormes que vivem em miséria sem condições para se sustentarem, menos abortos clandestinos que são um risco sério para as mulheres. E, com isso, menos jovens que recorrem ao crime, menos jovens que viram escravos, menos adultos moradores de rua, menos crimes, menos consumo de drogas, menos tráfico de drogas... Enfim, é um efeito dominó.

    Ah, mas abortar é tirar uma vida, blá, blá, blá... Eu acho que a definição de vida deve sim ser discutida e definida. Quando se tem uma vida? Não é só metabolismo, é também atividade cerebral. E não é só atividade cerebral, é atividade cerebral consciente. Vocês lembram como tinham que decidir chorar de madrugada para ganhar leite? Né? Nem eu.
    Mas não precisamos nem ir tão longe... Hoje em dia nós podemos descobrir se um feto apresenta ou não atividade cerebral dentro do útero. E sabemos a que altura de uma gravidez o feto normalmente está desenvolvido o suficiente para isso. Então porque não definir uma linha para o início da vida aí?

    Tendo isso, as clínicas de planejamento familiar públicas seriam capazes de aferir tal coisa e saber se podem ou não realizar o aborto. Por que não?

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  2. Na verdade a discussão sobre quando a vida começa ainda está em pauta. Cada local tem suas próprias regras para a definição de vida. Em muitos lugares dos estados unidos existe a regra dos seis meses(ou cinco, não lembro). Que diz que até os seis meses o aborto é legal e depois disso não é mais. A maioria dos conceitos ainda é muito arbitrário. Por exemplo eu discordo dos biólogos quanto a questão do CHON. As clínicas de aborto ao redor do mundo são capazes de aferir essas coisas todas e realizar os abortos de acordo com a legislação local, sim isso é possível.

    Mas como eu não sou mulher eu não faço a mínima idéia de como é um aborto, da quantidade de dor, se afeto o psicológico, ou qualquer outra coisa.

    Não sei se uma política de controle de natalidade é válida, mas na china existe isso, só não sei se dá certo pra todo mundo. Outra questão é meramente econômica, quando o governo parar(apesar de que pela constituição ele não pode) de ajudar os mais necessitados, provavelmente o planejamento familiar vai começar a entrar no cotidiano de mais pessoas, e aí haverá um maior controle de natalidade.

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  3. Para um mulher que esteja psicologicamente estável e que entenda que não está tirando uma vida que gerava, mas sim uma possibilidade de algo que talvez fosse uma vida, não deveria afetar mais do que uma menstruação. Que no final das contas é praticamente o mesmo.

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