Gicmaal estava indo para o restaurante do outro lado do bairro, estava indo a pé mesmo porque pegar ônibus para andar 1km é coisa de preguiçoso pelo menos na sua cabeça. Pessoas iam e vinham pegando onibus, entrando na estação de metrô, ou até mesmo comprando um churros na esquina. Tudo parecia normal.
Em um momento envolvente, ele percebeu que tudo o que estava acontecendo escondia uma gama de acontecimentos que seriam invisíveis ao espectador comum. Tudo o que acontecia estavam além do que os olhos poderiam ver.
O homem que comprava churros era um programador, estava vendo uma aplicação hacker simples para o vendedor de churros, Que vendia os produtos como forma de disfarçar a transação. Curiosamente o programador comprou dois churros porque o segundo estaria envenenado com alguma substância atordoadora.
Antes de ir no restaurante, Gicmaal parou na farmácia para comprar um shampoo que estava precisando. Ele pode notar que o farmacêutico conversava com uma moça que negociava alguma droga. Era uma carga grande para fornecer ecstasy o suficiente para uma rave inteira mas o homem já estava tentando obter uma participação nos lucros da venda de tanto entorpecente.
O restaurante parecia normal, mas ele podia perceber a marca do abuso do cozinheiro principal e o efeito sobre os pratos do self-service. Nada parecia em ordem. Tudo parecia apenas uma grande fachada que escondia a cruel realidade que assolava a vida das pessoas. Até mesmo o sorriso da atendente que pesava os pratos e dava o total a ser pago.
Um raio de luz ainda destacava a esperança dos semblantes cansados. A felicidade e ansiedade de poder voltar para casa e encontrar o abraço reconfortante do cônjugue ou dos filhos, e as coisas simples que ainda fazem a vida valer a pena.
Gicmaal abriu um sorriso sincero enquanto comia seu sanduíche no restaurante. Apesar de ter dinheiro para comprar uma refeição mais completa, isso era o suficiente. Ele pagou com uma nota de 20 reais, não fez questão do troco e recebeu agradecimentos. Era a gerente do local que estava no caixa naquele dia. Ela deu pra ele um broche de prata.
Ele acabara de receber, sem saber, uma herança de seu tataravô.
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