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Hoje vamos falar um pouco mais sobre linguagens.
Mas linguagem? O que diabos isso tem a ver com matemática?
Bom vamos começar pelo fato de que a matemática é uma linguagem, e não uma ciência. As ciências se valem da linguagem matemática pois ela é muito mais sucinta para exprimir aquilo que os cientistas querem, que são basicamente medidas e relacionamentos entre elas. Quando Newton falou:
Ele só quis dizer que a força resultante em um objeto é diretamente proporcional ao produto de sua massa e sua aceleração. Só que de uma forma extremamente sucinta. Diga-se de passagem a expressão matemática ali nos diz até como a proporcionalidade entre as dimensões se comporta. Então para isso a matemática é extremamente poderosa.
Mas saibam que o operador de igualdade que relaciona duas expressões surgiu apenas no século dezesseis. Imagina como devia ser um inferno pra Euclides, Aristóteles, Arquimedes, Pitágoras, e aquela galera toda pra poder fazer matemática!
Isso tudo evoluiu. E uma coisa nova que surgiu, foi um jeito completamente diferente de se tratar linguagens. Surgiu no início do século vinte, com a parceira de quatro caras bastante influentes. Obviamente deve ter tido mais gente, mas esses quatro tiveram maior peso no que diz respeito a linguagens e a teoria da computabilidade. São eles: Alan Turing, Alonzo Church, Stephen Kleene e Emil Post. Provavelmente já haviam estudos sendo feito antes pelos irmãos Bernoulli(esses caras estão em todas!) e Ada Lovelace.
Qual é a brincadeira aqui? É um jeito até relativamente curioso de se pensar. Se você exclui os acentos, você pode dizer que todas as palavras podem ser escritas usando as vinte e seis letras do alfabeto. Agora só falta a gente dizer exatamente o que é uma palavra, o que se tornou relativamente fácil desde que a gente começou a utilizar notação posicional para os números. Se os número são um bando de algarismos posicionados uns ao lado dos outros, com uma ordem pra dizer quem é o mais significativo, palavras são letras dispostas ordenadamente umas ao lado das outras!
Daí a gente chega a uma definição matemática de alfabeto. É só um conjunto de símbolos! Um conjunto eu suponho que vocês já saibam o que é. Por exemplo:
Como todo bom conjunto, não há elementos, repetidos. Diferentemente da palavra, que é uma sequência ordenada de símbolos do alfabeto. Note que até um símbolo sozinho pode significar uma palavra. Daí você pode ter conjuntos de palavras e pode até fazer operações com elas. Por exemplo vamos pegar dois conjuntos simples de palavras:
E você opera sobre eles! Similarmente a números e conjuntos!
Note aqui que isso não é uma adição e sim uma concatenação. Logo esse operador não é comutativo! Ou seja:
Isso tudo já é bastante coisa e já da pra manipular bastante algumas linguagens, porém os caras foram ainda mais fundo e criaram um operador sobre um único conjunto que é específico para o estudo de linguagens. A estrela de Kleene. Que nada mais é do que um "*", mas o efeito dela é fazer concatenações recursivas do conjunto com ele mesmo. pra exemplificar isso a gente vai precisar de um alfabeto menor. Vejamos esse alfabeto aqui:
Muito mais simples. Agora nós vamos pegar um conjunto de palavras, dentro desse alfabeto. A gente pode começar com:
Daí você começa a unir as concatenações do conjunto com ele mesmo. Se eu concateno W com W eu tenho:
Mas a estrela de Kleene vai além!
Simplificando:
E agora você junta tudo:
Algumas pessoas definem a estrela de Kleene junto com uma definição a mais que é a da palavra vazia. A palavra vazia é uma palavra que não contém nenhuma letra no alfabeto. Ela não é particularmente útil aqui, mas é muito interessante quando você define gramáticas.
Essa forma de entender as palavras é o que dá as bases da computação, e fez surgir uma série de problemas muito curiosos a respeito de computação e decisão. Vale a pena dar uma explorada sobre essa forma de enxergar as coisas.
Por hoje é só!
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