sexta-feira, 22 de abril de 2016

Gyff & Tsumomo #60

- Tsumomo?
- Tsumomo!?
- Tsumomo!?!?

Tsumomo acordou aos poucos, ainda desnorteada. Seu cabelo despenteado, kimono rasgado, e seu corpo sujo de terra mostravam os evidentes sinais de que ela havia novamente se metido em confusão. Quase sobre ela estava Lina, desesperada por uma resposta da gueixa que se recuperava na enfermaria de Amaquabá. As notícias circularam rapidamente pela cidade a respeito de uma fugitiva extremamente perigosa que foi eliminada.

Só que para algumas pessoas, isso significava mais uma derrota do que uma vitória.

O desespero da mulher se amenizava conforme Tsumomo despertava. O piscar de olhos foi o primeiro movimento que ela reparou. Logo em seguida, um olhar calmo e sonolento de quem acabou de acordar. Por fim o despertar gracioso de uma gueixa cujo treinamento constante é notório devido a memória corporal de seus movimentos. Não importava o quão despenteada ou desarrumada ela estava, sua leveza ainda parecia ser deslumbrante para qualquer pessoa naquele recinto.

- Onde estou? Lina? O que está fazendo aqui?
- Você é louca, Tsumomo!? Quer nos matar do coração!?
- Onde está Konvaa? O que aconteceu com ele?
- Me responda!
- Eu não quero matar ninguém do coração, especialmente você, Lina.
- Então por que faz essas coisas?
- Eu? O que eu fiz?
- Você não tem que se meter nisso, Tsumomo.
- No que? Eu só queria ajudar.
- E olhe só o que aconteceu!
- Eu não sei... Me desculpe, Lina... Eu...

Lina não conseguia conter suas lágrimas e saiu da enfermaria envergonhada por chorar tanto. Tsumomo, tentava organizar os pensamentos para entender o que aconteceu que causou tanta tristeza em sua amada. Ela sabia que Lina estava chegando haviam mais de 8 dias e então ela agiu exatamente da forma que ela sempre fez. Ela recapitulou os incidentes em sua mente, mas não parecia obter resposta. Desistiu e então perguntou a Shia, que escutava a situação de costas fazendo anotações em um caderno.

- Shia, onde está Konvaa?
- Ele foi levado para uma enfermaria especial do departamento de investigação.
- Ele está bem?
- Não sei, Tsumomo. Ele entrou com um ferimento severo. Não sei o que vai acontecer.
- E Higuma?
- Higuma?
- É! Uma ilusionista vestida de preto.
- Não. Ninguém assim chegou aqui.
- Estranho. Eu poderia jurar que ela também se feriu.


Gyff já havia sido liberado. O corte que ele sofreu foi mais fácil de curar, e ele estava basicamente esgotado. Deram a ele comida e bebida antes que ele deixasse a enfermaria, e ele voltou para o seu estabelecimento local. Ele se deitou no centro do único aposento com os olhos arregalados olhando para o alto, similarmente a posição de Tsumomo após o ataque a carruagem, porém ele estava apenas contabilizando a quantidade de vezes que ele sujou a mão de sangue.

Alguns poucos minutos. Ele se levantou e foi jogar água em seu corpo. Ele se despiu ali mesmo, jogando as roupas em um canto, conjurou uma pequena chuva sobre sua cabeça por pelo menos cinco minutos, depois se vestiu normalmente, como se fosse mais um dia comum. Sua mente, em contra-partida, pensava em apenas uma coisa. - "Onde eu me encaixo nisso tudo?" - E com esse raciocínio ele foi até alguém que julgou saber respondê-lo: Someisa.

Que o atendeu em sua sala como uma diretora o faz com uma visita. Ela estava sentada em sua cadeira com um livro grande aberto em sua frente. Gyff não sabia ler aquele livro, muito menos de cabeça para baixo, portanto rapidamente perdeu a curiosidade naquilo e resolveu tomar a iniciativa da conversa.

- Então, Someisa. O que você tem a me dizer?
- Sobre?
- O que está acontecendo? Por que eu estou no meio disso tudo?
- O que está acontecendo é a única coisa que poderia acontecer. A rainha foi raptada por uma facção cujo nome é profundamente temido. Um dos membros caiu no nosso colo porém não tinhamos noção de que ocorreriam intervenções.
- E por que eu?
- Você faz perguntas como se achasse que está em uma missão divina. Você tem algum problema, Gyff?
- Nenhum. Apenas quero entender o que as pessoas estão fazendo comigo.
- Ninguém está fazendo nada com você, Gyff.
- Então por que eu estou aqui agora?
- Acredito que foi você que tomou essa decisão, não foi, Gyff?
- Sim.
- Nossas decisões são influenciadas por todos, mas no final elas sempre serão nossas, Gyff.
- O que?
- Exatamente isso, Gyff.
- E o que você quer dizer com isso?
- Você quer fazer parte do que está acontecendo, Gyff.
- Como assim!? Isso não faz sentido!
- O que não faz sentido é você não notar quantas vezes eu usei seu nome, Gyff.

Então ele finalmente se deu conta, e teve um subito espanto. Olhou para Someisa com um olhar extremamente assustado.

- Como você sabe meu nome!?

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