terça-feira, 24 de novembro de 2015

Gyff & Tsumomo #42

Tsumomo se vestiu novamente com sua roupa e seu kimono e ajudou Higuma a se levantar da cama. E passou a conversar com ela.

- Então, agora vamos para minha casa. - Disse a gueixa.
- Mas... - A ilusionista ia falar porém foi interrompida.
- Eu já te perdoei, sua boba. Apenas venha comigo.

Tsumomo voltou a andar com sua graça natural. E Higuma a seguiu, acompanhada pelos olhos de Konvaa, que ia logo atrás para se assegurar de que tudo estava correndo bem.

As mãos suaves da artista destravaram a porta. Os três entraram na mesma ordem em que saíram da casa de cura, e ela se pôs a arrumar o ambiente de forma a recebê-los como convidados. Com magia ela comandava os objetos para irem daqui pra lá e de lá pra cá. Em pouco tempo ela tinha rearranjado a mesa para um formato triangular, com três cadeiras, sendo que uma delas foi feita através de uma pedra que estava em um canto fazendo par com uma segunda, fez uma pequena chama que queimava um pó branco e fervia água com algumas ervas de modo a fazer chá, e, enquanto a água fervia, convidou-os a se sentar na mesa. E conforme os três sentaram Tsumomo já foi puxando conversa.


- Nossa. Que trabalhão, Higuma. - Disse Tsumomo.
- E pensar que o meu esforço foi em vão. - Ela respondeu.
- Mas por que?
- Não tenho que te contar nada.
- Talvez pra mim você tenha. - Disse o detetive.
- Muito menos para você. - Ela retrucou.
- Sério que você quer brigar com o detetive? - Falou Tsumomo, enquanto se levantava para pegar o chá que já estava pronto.

Um silêncio se instaurou por um breve instante enquanto Tsumomo servia chá para os três. Chá de ervas negras, que era o seu favorito. Tinha um gosto amargo e forte, mas Tsumomo tinha uma receita secreta que ela só havia compartilhado com uma pessoa.

- Chá de ervas negras? - Konvaa indagou.
- Sim. Meu favorito. - A gueixa respondeu. Enquanto servia Higuma.
- E como você faz isso ficar bom?
- Segredo de gueixa. - Ela falou, enquanto o servia.
- Seu chá me traz lembranças, Tsumomo. - Disse a ilusionista após beber um gole.
- Eu sei, querida. Eu sei.
- O que você espera me mantendo aqui?
- Eu? - Ela deu um gole na sua xícara. - Eu só estou esperando o Konvaa tirar essa pulseira do seu braço e sair.
- Por que? - Ele indagou.
- Sério mesmo? - Ela baixou levemente a cabeça e olhou o detetive de rabo de olho com uma expressão aborrecida. - Você quer que eu fale? Desenhe?
- Sim. - E bebeu o último gole e seu chá.
- Eu quero fazer sexo com ela! - Ela levantou indignada. - E quero ela solta pra fazer sexo comigo, oras!
- E eu não posso permitir isso. - Ele mantinha a calma.
- Por que!? Está com cíumes por acaso!? - Ela se debruçou sobre a mesa olhando frustrada para o detetive que a olhava de volta nos olhos.
- Porque você foi selada.

Ao dizer isso, Tsumomo ficou pasma, retirou o kimono e verificou o ponto onde Higuma a havia tocado na noite anterior. A marca do selo estava lá, mas ela não havia sentido diferença na sua magia até agora.


Gyff chegou no bar do Cowboy, e abriu a porta e foi visto por Someisa, que protamente levantou um copo de flaxão, dando um sinal para que ele se juntasse a sua mesa onde ela bebia sozinha. Ele ignorou e foi direto falar com o dono do estabelecimento, que já era seu conhecido. Ele apoiou as mãos sobre a mesa e foi atendido.

- Ae Gyff, Ta se dando bem, hein? - Disse ele em voz de cochicho
- Eu!? - Ele respondeu normalmente.
- Fala baixo, rapaz. A Someisa ta aqui e te dando mole. Que que você fez?
- Eu não fiz nada. - Gyff cochichava. - O que ela tá fazendo aqui?
- E eu sei lá!? Vai lá descobrir!
- Me vê um copo daquilo então?
- Whisky Cowboy?
- Sim.

O ladino pegou o copo com a bebida e sentou-se a mesa junto com a arquimaga. Ele bateu o copo na mesa de madeira, em uma tentativa falha de intimidá-la. Ela levantou o copo e disse.

- Um brinde!

Eles brindaram e viraram seus copos em um único gole. Pararam um tempo esperando a bebida quente descer. O flaxão por ser mais leve desceu mais rápido, então Someisa ganhou a iniciativa.

- Parabéns! - Disse a arquimaga.
- Pelo que?
- Você pegou quem queríamos pegar.
- Do que você está falando?
- A mulher que você derrotou na academia.
- Ah. Era questão de tempo até que vocês a pegassem.
- Muitas coisas deram errado.
- Tipo?
- Tsumomo chegou atrasada, e a pessoa era uma conhecida dela.
- E o que eu tenho a ver com isso?
- Ah! Você foi muito importante. Obrigado por fingir ter furtado a página do livro.
- O que!?
- É! Você foi muito importante! Você fez o plano funcionar!
- Quer dizer que?
- É. Eu acho que você já entendeu.
- Peraí, eu fui uma marionete nessa brincadeira toda!?
- Entendeu mesmo.
- Por que, Gyff!? - Ele dizia, apoiando os cotovelos sobre a mesa e cobrindo a cara em frustração. - Por que!? Por que você sempre faz essas besteiras!?
- Eu diria que foi uma coisa boa. Até pra você.
- Porra, Someisa! Vamos começar do começo... - E então ele foi interrompido.
- Pessoal! - Ela se levantou. - Esse rapaz aqui salvou a nossa querida Tsumomo Tsagura! Um viva!
- Aeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee! - As pessoas do bar começaram a festejar.
- Vamo beber galera! Hoje eu pago!

Someisa pagando bebidas? Gyff estava começando a achar que estava mergulhando em uma realidade paralela.

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