Hoje eu vou falar de política, mas a idéia não é gerar polêmica. A minha idéia aqui é colocar logo na nossa cara, e lembrar volta e meia que eu tenho um viés político também. Mutável, mas tenho, e cada vez mais eu entendo que tudo o que eu falo é política e se eu me coloco de forma meio isenta, eu posso até ser neutro a partir de um determinado ponto de vista, mas na verdade eu to sendo otário. Eu preciso defender os meus direitos e interesses e os direitos e interesses dos meus semelhantes porque se eu pagar de neutro quem tiver o poder pra manipular as opiniões públicas vai fazê-lo e eu provavelmente só vou me dar mal.
Seguimos com imagens no paint, mas essa demorou uns 10 minutos.
Tudo é política? Talvez nem tudo seja, mas tudo é pelo menos permeado por ela. Esse texto é uma forma mais direta de me manifestar politicamente. A imagem tem uma série de escolhas políticas no momento que eu fiz o desenho, talvez com um pouco de apropriação cultural, mas tentando levar a coisa numa direção interessante. O próprio desenho mal feito pode já colocar em pauta uma série de visões que nós temos devido a política que nos permeia. Por exemplo, há uma grande possibilidade que as pessoas assumam gêneros para cada um dos personagens na imagem. Personagens que não tem corpos nem nome propositalmente, então qualquer uma dessas criaturas pode ser de qualquer gênero que você queira. Podem ser 5 mulheres, podem ser 5 homens, podem ser 5 Não-bináries... Ou qualquer combinação entre os gêneros possíveis.
Além disso há elementos culturais, moicano, bandana, cabelão, chapéu, ausência de cabelo, elementos culturais que as pessoas usam independente do gênero ao qual pertencem porque a idéia é colocar mais culturas aí propositalmente. Eu tenho noção de que se eu fizer as coisas sem pensar nisso, eu vou acabar caidno pra branquitude e eu estou tentando repudiá-la fortemente. Os olhos não tem características marcantes, nem os narizes nem as bocas. Para que quem veja a imagem tenha a liberdade de preencher o genérico dela da forma que quiser. Apesar dos toques culturais já colocados.
"Ah Pehdrah, mas você é de direita ou de esquerda?"
Assim, direto e seco, eu sou de esquerda, apesar de achar que a gente tem que pegar definição de esquerda e direita e joga ela no inferno. Ok? Essa definição vem da revolução francesa porque os Jacobinos ficaram do lado esquerdo da mesa os outros caras lá ficaram do lado direito. Em tese, as pessoas que ficaram do lado direito eram da aristocracia que queriam manter seus privilégios, e as pessoas que ficaram do lado esquerda seriam aquelas que ficaram do lado do "povo".
"povo" entre aspas porque de fato, o povo participou tomou a bastilha e os escambau, mas quem tinha interesse em tirar a aristocracia do poder era a burguesia que passou a deter o poder econômico e queria passar a ter o controle das coisas então dizer que eu sou de esquerda vai nos remeter ao período histórico, onde o povo foi usado pela burguesia pra lutar por direitos mas na verdade quem sentou do lado esquerdo da mesa foram os burgueses, não a galera que sofria de fato.
Todavia eu digo que sou de esquerda porque ainda assim, o significado atual da palavra nos indica alguma contra-hegemonia e a luta contra as hegemonias estabelecidas são as melhores opções que nós temos para obtermos algum grau de liberdade, e eu digo nós porque não é uma coisa que interessa a mim. É uma coisa que interessa a todas as pessoas que são oprimidas por outras que tem o poder econômico para tal. - "Ah! Mas no Comunismo você vai ser explorado enquanto outros ficam na Tirania." - Mano, isso já acontece aqui e agora no Capitalismo. Talvez aconteça no Comunismo, mas já que eu vou ser explorado, que eu seja pelo menos agora de um jeito diferente.
Dito isso eu quero dizer que eu também não sou Comunista porque eu creio que o Comunismo tem contradições que tornarão a sua implementação impossível, mas eu não posso dizer que é uma coisa que não deva ser pensada porque no final das contas a gente tem que perseguir as utopias. Então eu persigo a minha própria utopia Socialista, mas se tem luta contra-hegemonica, pode crer que eu to dentro.
Agora voltando ao papo importante, a política permeia tudo, então tudo aquilo que a gente faz emite algum viés político. A pergunta é se esse viés político que eu to emitindo em minhas ações e meus textos estão no sentido de beneficiar a mim e a aqueles que estão a minha volta. Naturalmente isso fica mais difícil conforme essa volta ao meu redor cresce e alcança lugares inimagináveis e as coisas começam a colidir, mas isso não significa que essas pessoas não sejam importantes, só que a gente tem que dar os graus de prioridade necessários. A prioridade principal é a lógica mais simples de todas: Não dar mais poder a quem já tá na frente. Tá difícil de entender? É uma lógica de Mario Kart! O primeiro lugar não pode pegar poder bom porque senão não tem disputa. O jogo não tem graça. - "Ah, mas o jogo não é vida real" - Oxi, mas eu quero que a minha vida real tenha alguma graça. Se o cara que tá em primeiro lugar na vida real fica ganhando raio pra jogar na gente que tá aqui na luta, então eu to nessa suposta competição pra que?
Suposta competição porque de fato eu não quero estar numa competição. Eu quero estar numa cooperação. Não que competir não seja importante, mas se eu for competir que seja de uma forma que faça sentido e traga melhorias. Uma competição cooperativa, talvez? Eu não quero uma corrida armamentista que coloque bombas na mão de uns cara doido que se quiser pode explodir o mundo. Eu quero uma competição pra ver quem consegue desmontar mais dessas em menos tempo pra evitar uma destruição mútua assegurada. As guerras vão ser evitadas? Não porque as guerras acontecem por disputas por recursos, seja a água ou seja a terra.
Ou seja meu problema é com o raciocínio que não é voltado para o ser humano. Que não é voltado para a cooperação, e é com essa idéia que eu vou pautar a minha luta política. A minha luta política é para que todos nós tenhamos consciência que somos agentes políticos e passemos a nos organizar para nos beneficiar ao invés de nos atacar. As pautas políticas estão aí em todo o lado. É a regularização do trabalho por aplicativo que quer criar uma regulação específico pra criar uma condição de trabalho mais precarizada que a CLT, são as guerras que acontecem no Oriente Médio, África e Europa Oriental, é o assassinato de Marielle Franco... E isso é só a ponta do Iceberg. Infelizmente talvez eu não seja um agente político tão bom assim porque o modo de vida hoje nos impede de lutarmos por nós nessa disputa. As cargas de trabalho extenuantes são propositais e não servem a nós, nem ao planeta.
Mas eu falo mais sobre todas essas outras coisas com mais detalhes em outros posts. Senão isso aqui fica eterno. Por enquanto apenas saiba que eu apoio todo e qualquer movimento que seja para libertar os trabalhadores das correntes de exploração.
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