Como isso aqui é muita opinião tirada do cu, não há dados, não há pesquisa. Há experiência pessoal e há muito "Eu acho", e, naturalmente, se isso significa que se dados e pesquisas, que joguem minha opinião no ralo, aparecerem, de preferência na sessão de comentários. Aquilo é a realidade média e aquela é a situação principal a ser tratada. A minha experiência seria apenas um dos casos excepcionais, e mesmo enquanto não for, ainda não é regra. É apenas a minha experiência.
Sim, eu acho que precisamos falar sobre sexo. Eu acho que precisamos falar mais sobre sexo. Não falamos o suficiente. Não compartilhamos experiências o suficiente. Não educamos as nossas crianças o suficiente sobre sexo e consentimento. E o que, pra mim é a pior parte, a sociedade fala de sexo majoritariamente sob uma perspecitva de poder, e quando eu penso nisso eu posso apenas agradecer a existência de Laura Muller, Jairo Bouer, Penélope Nova, e a MTV porque acho que foram os poucos veículos de comunicação que eu me lembro que apresenta o sexo sob outra perspectiva.
- Pera? Cê tá querendo dizer que o problema é falar de sexo sob essa perspecitva?
- Sim.
Honestamente, me incomoda bastante também perceber que eu só comecei a pensar problemáticas de sexo e sexualidade agora que eu tenho 33 anos (pelo menos quando eu escrevi isso, se é que vc vai estar lendo em um futuro muito distante). Discutir e pensar esses temas deveria ser algo cada vez mais feito, especialmente quando a indústria pornográfica está ao alcance da sua mão, e eu gosto de ler e pensar sobre essa indústria. Entender como ela é perversa, não só quanto ao abuso que faz as mulheres quanto também ao desserviço que presta a sociedade masculina onde o nome dos homens é basicamente apagado numa perspectiva total de objetificação das atrizes.
Mas, sim, eu vejo que a sociedade fala sobre sexo majoritariamente sob uma perspectiva de poder. As primeiras frases que eu lembro de ter escutado - eu ainda era jovem, cerca de 9 anos, talvez mais talvez menos - eram coisas do tipo "Meu pau no seu cu!" e, a parte principal, sempre colocadas num contexto de dominação, e se você vive na mesma sociedade que eu, o que é bem provável, deve saber que quem enfia o pau é quem domina.
E Isso me parece que vai se perpetuar para sempre, ou pelo menos enquanto a sociedade propagar essa estética. As pessoas que tem mais poder são aquelas que mais "comem" as outras, ou seja, aquelas que mais enfiam seus paus nas outras pessoas. Naturalmente isso é totalmente machista e apaga o poder que existe numa buceta. Tanto é que, a buceta que mais dá, é tratada como a de menor valor, o que não faz sentido nenhum porque um objeto tão desejado deveria ter seu valor aumentado não decrescido. Essa coisa é colocada de forma tão absurda e abjeta que um homossexual majoritariamente ativo não chega nem a ser tratado como homossexual. A pessoa "passiva" é tratada como inferior, como menos poderosa até o ponto de ser tratada como desumana quando ela vende o seu corpo em busca de sustento.
Se você não enxerga o problema nisso, não se preocupe, eu esclareço. O problema é que depois nós vivenciamos as nossas relações de sexo como relações de poder, não como consequência da atração entre duas pessoas, e acaba que procuramos o nosso lugar nas relações sexuais em cima dessa dinâmica. Procuramos saber quem é a pessoa passiva e quem é a pessoa ativa. E daí se assume que apenas a pessoa ativa deveria iniciar uma relação sexual, que as passivas não buscam relações e precisam ser convencidas a ter as relações. Que quem vai fazer um exame de toque está deixando o seu poder escapar cedendo o poder pra outra pessoa mesmo que o contato não tenha intuito sexual!
Sexo precisa ser debatido. Coisas cinematográficas sexualmente precisam ser debatidas! Dupla penetração? Você já pensou no terror logístico que é isso? Já pensou no dano causado ao joelho da pessoa que gosta de sentar? Já parou pra pensar onde começa o ato sexual e onde ele de fato termina? E quanto o orgasmo não precisar ser o fim do ato? E quanto a percepção de quando alguém está se aproveitando sexualmente de você sem que você perceba? A quantidade de nuances que precisa ser debatida é imensa. Eu prefiro ver jovens debatendo se uma mulher que não dá a buceta é virgem, ou qual é a velocidade ótima de frequência de penetração - coisas que estão numa perspectiva machista. - do que mensurar quantas mulheres foram "pegas", quanto tempo o pau fica duro, ou até mesmo quem tem o pau maior.
Parafraseando Carol Delgado: "12cm". Esse papo de ter um pau gigante é perfeito pra filme pornô por razões de desejo e de logística também. Tem que coisas que só da pra filmar com pau grande pq senão o corpo do artista cobre, senão não dá pra fazer as acrobacias feitas em cena. Só que pau gigante no colo do útero causa dor, não prazer, pelo menos pra quem tem a buceta (não esquecemos de vocês, homens trans). Tudo bem que há quem prefira quem tem pau grande, mas temos que lembrar que o nosso gosto não é só nosso e é grandemente modelado pelo mundo a nossa volta. A busca pela xoxota rosinha e pelo pau de 30cm não são acasos. É o que a indústria pornográfica vende e busca normalizar. Isso sem falar sobre aquele papo de xota apertada. Quem inventou essa merda!? quem tá preocupado com o coeficiente de constrição de um orgão sexual!?
Aí a gente volta no papo sobre poder. Se você só quer meter e foda-se, você tá realmente fazendo sexo com alguém ou você tá só abusando de um corpo para seu próprio prazer? E quanto a prostituição e a pornografia? A gente tem que lembrar que dinheiro não compra consentimento. Essas pessoas transformam sexo em performance e trabalho desumanizando e mercantilizando uma coisa que devia ser humana porque deveria ser uma relação entre duas pessoas! Isso é para o bem e para o mal porque eu já falei sobre prostiuição e sobre como, curiosamente ou não, a permissão da prostituição reduz a taxa de estupro, o que nos faz questionar isso sobre a prostituição como validação de abuso, pois não pense você que é dinheiro na mão, calcinha no chão, coito e fim. Tem abuso, tem cliente que usa a força e não quer pagar, tem quem use a justificativa do pagamento pra ir além do que a pessoa sendo usada normalmente consentiria...
Então, sim. Eu acho que precisamos falar mais sobre sexo. Precisamos educar mais as nossas crianças sobre sexo. Precisamos urgentemente, porque, de onde eu vejo, a gente tá indo pra um lugar muito ruim, e vai saber onde vamos parar.
Se o quarto for circular é entre apenas 1parede? 🤔
ResponderExcluirTem duas interpretações. 1 parede só, ou infinitas paredes. Você escolhe a que prefere.
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