A gente tem essa mania de comemorar cada vez que a terra passa pela posição onde ela teoricamente estava quando a gente nasceu. Tem uma galera que acha esse costume um pouco besta, que o tempo anda pra frente e não faz sentido ficar contando a quantidade de ciclos a gente já passou. É uma visão de mundo possível, onde talvez eu concorde em parte, e talvez seja importante saber que convive juntamente com a visão padrão, mas, por outras perspectivas é de uma importância tremenda.
Isso porque a gente pode não perceber, mas a nossa vida, apesar de curiosamente adaptável, ela também é extremamente frágil. Um golpe de faca, um tiro, pode ser suficiente para finalizá-la. Então, eu gosto de comemorar, mesmo que do meu jeito simples e discreto, cada ciclo que as pessoas que eu admiro muito sobrevivem. Imagine sobreviver 41 anos. Infelizmente os nossos mecanismos cerebrais não nos permitem ver o quanto isso é especial, até porque, na minha experiência, cada dia depois do 30 é luta por sobrevivência.
Mas eu não gosto de pensar assim, eu gosto de pensar que em algum momento, lá em 2012 eu consegui fazer você ir além da sobrevivência, e é uma grande prepotência minha achar que eu sou responsável pela sua felicidade, mas eu não posso falar que eu não tento fornecer uma base pra você ir além. E eu gosto de ver você indo além, dando mais um passo em direção a algum objetivo, e lutando contra todas as dificuldades que o mundo lhe joga. Pra mim, cada ciclo desses também serve pra me lembrar de vários momentos que passamos juntos.
Eu me culpo um pouco, porque é mais um ano que passa que eu não consigo te dar um presente decente. É só mais um texto, escrito com amor e dedicação, mas apenas mais um texto, mais um pra pilha dos textos que você leu em todos esses anos. Tem sido cada ano mais difícil escrever eles porque os temas já se esgotaram, e acaba que o texto parece mais uma reclamação minha acerca de mim e do mundo, do que algo que deveria ser uma bela mensagem pra você. Apesar de que, eu posso apelar pra policemia, e para a subjetividade da beleza, esperando que você, junto com suas experiências e vivências, possa apreciar o texto de alguma forma.
Eu poderia fazer jogos com os números, porque é essa a bagagem que a matemática me dá. Dá pra falar que 41 é um número primo, e que os 11 anos que a gente tá junto também é outro número primo, e o quanto essas coincidências parecem permear as nossas vidas. Jung diria que são sinais de sincronicidade e, os sinais que a vida nos dá também são policêmicos a não ser que queiramos tratar eles com o ceticismo da ciência. O problema é que o ceticismo da ciência leva tempo. Um tempo que talvez não fosse tão bem aproveitado se a gente não aproveitasse como a gente ainda tenta aproveitar hoje.
E eu estaria mentindo se dissesse que somos simbionticos que fazemos tudo juntos. O que é mais engraçado é que as pessoas tendem a acreditar nisso quando vêem nossas fotos juntos, mas isso não poderia estar mais distante da realidade, só que também pode ser um indício verdadeiro de que os opostos se atraem. Fato é que temos poucos interesses em comum apesar de estarmos imersos em culturas similares, eu gosto dos jogos eletrônicos, você prefere assistir as séries, você lê mais livros e eu escuto mais podcast. E aqui estou eu me colocando de novo junto numa coisa que deveria ser sobre você.
Ao mesmo tempo, eu tento não escrever demais sobre você porque o meu objetivo não é te expôr, mas como eu poderia te exaltar sem te expôr? É possível exaltar alguma coisa sem a evidenciar minimamente? Dá pra exaltar algo que está escondido? Talvez pela sua capacidade de discrição, mas quando fossemos admirar, nada veríamos devido justamente a habilidade exaltada. Uma vez que não quero te expor, e ao mesmo tempo quero te exaltar, eu vou jogar para o futuro, porque eu nada posso prever, e se tudo der errado, ficarão os meus bons desejos.
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