sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Flambarda - A Detetive Elemental #28

- Como assim, Flam?
- É... Ta meio estranho... Geralmente elevadores são bem abafados e não se escuta muita coisa de dentro deles. Mesmo eu e a Bibi tendo gritado só você veio ver o ocorrido.
- Como assim, Flam? E aqueles outros dois?
- Eles são druidas também. Eles eu imagino a capacidade de sentir os elementos, mas você...
- Ah Flam... Fala sério. Com o tempo que vocês demoraram pra aparecer na janela...
- Eu honestamente não acredito que você foi pra janela porque nesse sentido você é igual eu e a Bibi. Certamente foi pro banheiro. - Flambarda interrompeu.
- Droga... Não me faz contar aquilo que eu não quero...
- E nem vai precisar. - Disse uma voz feminina entrando no saguão do prédio onde elas conversavam.

Uma mulher um pouco menor que a detetive entrou no recinto. Ela tinha metade do cabelo vermelho fogo e a outra metade prateada e elas se enrolavam numa trança no mais puro estilo Elsa. A jaqueta vermelha lembrava muito a do Terry Bogard, sendo que ela usava camisa, calça jeans e luvas cinza, além de um tênis all-star vermelho. Ela era semi-tábua, e não possuía nenhum outro atributo exuberante exceto pelo fato que o rosto fino que parecia indicar uma descendência oriental, parecia perfeito, e seus olhos tinham uma coloração cinza.

- Quem é você? - Flambarda perguntou, tentando se impôr.
- Eu sou aquela que veio te buscar. - Ela respondeu já se colocando em pose de luta.
- Sofia, quem é ela?
- Não! Sai daqui! Você não vai machucar minha amiga! - Sofia se pôs na frente de Flam, como se estivesse pronta pra receber um tiro por ela.
- Ora, quanta ingratidão. - Disse a mulher misteriosa mudando de pose e andando calmamente em direção a Sofia. - É dessa forma que você vai me retribuir?
- Que que ela fez com você, Sofia? - Flambarda perguntou.
- Pode falar, Sofia. O destino de vocês é inevitável. Ou melhor. - Ela já havia chegado em Sofia. - Deixa que eu mesmo explico. - E, colocando a mão no braço da jovem empresária, a lançou longe em direção a parede.
- Sua filha da puta! - Disse a detetive que imediatamente retaliou com um cruzado de direita.

Só que Flam não esperava que a mulher fosse tão rápida a ponto de bloquear o soco logo depois de fazer uma ação tão brusca. Sendo que a reação dela foi quase que instantânea retaliando com um soco na boca do estômago que fez a detetive se contorcer de dor, que aproveitou a auto-confiança de sua algoz pra desferir um empurrão que até acertou e fez sua algoz se afastar, mas certamente sem nenhum dano.

Flambarda estava praticamente fora de combate já, bem como Sofia. A mulher se aproximava lentamente e levantou sua oponente pela gola da camisa.

- Eu poderia te matar agora senhorita Aensland.- A oriental mordia os lábios pensando na possibilidade. - Mas eu preciso que você esteja viva.
- Você precisa de mim viva e me dá um socão desses? - Flambarda respondeu pausadamente.
- Viva não quer dizer que eu não possa debilitá-la... - A mulher jogou a detetive no chão. - Vamos ver, se eu quebrar uma vértebra ou outra...

Ela deu uma volta em torno de um eixo imaginário na frente de Flam, até que um homem careca deu uma bela de uma ombrada na mulher e ela voou de encontro a parede do prédio. Não era ninguém mais, ninguém menos que Rain Exodus.

- Você tá legal? - Ele disse estendendo a mão a Flambarda.
- Eu pareço legal? - Ela respondeu aproveitando-se do gesto e se levantando.
- Então pega a Sofia e vaza!
- Pra onde!?
- Pro mais longe que você conseguir!
- Deixa elas brincarem mais um pouco, Rain. - A mulher estava se recompondo e ela sorria de uma forma peculiar, como se estivesse se divertindo. - Você precisa treinar melhor os seus druidas.
- Oras, porque você não pega alguem do seu tamanho? - Rain era mais baixo que a mulher, mas armou a sua base.
- Acho que você precisa crescer alguns centímetros, não? - Ela armou a base também.
- Só se for pros lados né? - Ele retrucou.
- Ah, seu filho da puta... - Isso fez com que ela partisse pra cima dele.

Flambarda viu que os dois estavam carregados de energia e quando eles se chocaram, Rain executou um clinch para evitar que a mulher se movesse e gritou. - SAI LOGO DAQUI, PORRA! - de modo que Sofia saiu carregada pela amiga que precisava levá-la a algum lugar seguro pra ter tempo pra chamar uma ambulância. Ela não conseguiu andar muito porque estava com pouca energia, e foi no máximo até a alguma pastelaria da avenida da Praia de Botafogo, onde as pessoas prontamente começaram a sacar seus celulares para chamar as autoridades de saúde.

...

Os olhos da jovem se abriram num movimento repentino. O teto não era nem um pouco similar aos tetos que ela conhecia, o que só contribuiu para o seu nervosismo e fez com que ela erguesse seu tronco em um movimento abrupto e olhasse diretamente para uma outra pessoa que estava dormindo no mesmo recinto. Ela olhou em volta como quem procura reconhecer o ambiente onde está, e parecia um quarto de hóspedes. Ela estava deitada em uma cama, que parecia ser particularmente confortável e havia outra a esquerda, do outro lado do local. Tinha até mesinha de cabeceira o que fazia parece bastante até com um hotel.

O homem que dormia estava sentado acomodado de uma forma muito peculiar em uma pequena poltrona, com uma perna sobre um dos braços do objeto, com o corpo particularmente curvado e um de seus braços apoiado pelo cotovelo que se suportava no outro braço da poltrona fazendo apoio para que ele não caísse para o outro lado. A figura parecia particularmente familiar, demorou um tempo até que ela fizesse as associações mas ela foi capaz de reconhecer que aquela criatura era o Xiao. Se Xiao estava lá, seria essa a casa dele?

Ninguém se deu o trabalho de mudar as roupas dela, que estavam bastante rasgadas e surradas, mas a mochila dela curiosamente estava lá e quase intacta, todavia bastante encardida, jogada no pé da cama. Ela tentou se aproximou da forma mais calma que conseguiu da mochila para alcançar seu celular que ainda estava lá. O grupo do whatsapp tinha meia dúzia de mensagens, e haviam duas ligações de sua mãe. Eram 20:48 da noite. Onde diabos ela estava?

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