Era de manhã, Flambarda abriu os olhos, relativamente descansados. Parecia até que seu corpo sabia que era sábado e que era dia de farrear ou qualquer coisa do tipo, apesar de conseguir se lembrar bastante bem que tinha combinado de treinar com Sandra de novo hoje. Provavelmente seria mais que um treino, vai saber o que Sandra realmente quer fazer, mas no momento ela é uma pessoa sobre o qual Flambarda tem muito pouca informação dados os eventos nos quais elas se encontraram.
Nesse momento ela parava para contemplar o que talvez fosse seu dever. Talvez para o resto da vida, mas pelo menos era muito mais legal do que repetir a rotina todo o dia. Mal sabia ela que isso só deixava os capítulos mais longos porque o tempo demora a passar quando você tem que descrever tantos eventos com mais riqueza de detalhes porque quando se trata de investigação, tudo o que eu escrevo conta, e tudo o que eu não escrevo conta também. Independente disso, ela piscou os olhos porque queria se certificar de que ainda conseguia enxergar os fluxos elementais, e voilá! A visão do fluxo elemental estava boa. A jovem tinha bastante madeira fluindo em si, e antes de continuar, precisava saber se ainda conseguia fazer aquelas coisas legais com Alabáreda.
Flambarda ergueu um pouco a mão na altura do queixo e, focando, fez a energia fluir até ela e pressionou com força fazendo incendiar até deixar o foco. - "Legal. ainda sei fazer isso" - Ela pensou consigo mesma. Agora se imaginou empunhando uma alabarda por um momento, se concentrou na invocação da arma e, em chamas, o item se materializou em suas mãos. Ela lentamente apoiou a arma no chão e num movimento súbito, abrindo a mão, a arma se desapareceu em um rastro de chamas.
"Acho que agora tô pronta" - pensou
A primeira coisa a se fazer é tomar café da manhã com sua mãe. Jéssica já tinha ido a padaria e a mesa estava pronta. Flambarda optou por fazer um queijo quente pra comer com o café, enquanto sua mãe estava indo de pão com requeijão.
- Qual o plano pra hoje? - Jéssica perguntou
- Encontrar a Sandra
- Você gostou mesmo dela, hein? - Sua mãe fez uma cara extremamente zoeira
- Que!? - Flambarda se exaltou! - Nada a ver, mãe!
- Nada a ver!? Até eu quero apertar as coxas daquele mulherão!
- Então se arruma e vai pra academia! Certeza que ela vai estar lá e vocês podem se apertar bastante!
- Você já apertou ela bastante?
- Eu!? - Flambarda então debochou - Eu apertei aquela mulher tooooooooooooda.
- Tá de sacanagem, né!?
- Quem vai a academia sou eu! Quem vai no vestiário com ela sou eu! OOOOOhohoho! - Flambarda fez o arquétipo da risada da vilã de anime. - Agora dá licença que eu vou dar uma bolinada na Sandra enquanto você fica aí com água na boca! - Disse a detetive saindo ainda com o misto quente entre os dentes.
- Flambarda, sua cachorra! Volta aqui! - Disse sua mãe, rindo, mas sem efetivamente perseguí-la.
Paciência para esperar o elevador? Nenhuma. A jovem preferiu descer de escada. A detetive estava vestida com seu "uniforme", camisa vermelha, calça jeans, tênis. Precisava de algo mais? Certamente não, afinal ela não ia pra um encontro com ninguém super chique, e na verdade ela queria duas companhias muito especiais, que ela nem sabia se iam topar, mas já que ela estava na base das tentativas, quem sabe colava. Ela pegou o celular e começou a mandar mensagens no grupo.
Flambarda: E aí, queridas, quem vai querer ir na SDRJ hoje?
Sofia: Será que a Bibi tá acordada?
Fabiana: Claro que tô, sua vaca!
Flambarda: Então, eu não tenho muitas escolhas porque eu combinei de encontrar a Sandra lá.
Sofia: Quem é Sandra?
Fabiana: Que Sandra!?
Flambarda: Uma gostosa que malha na academia aqui perto
Sofia: Gostosa?
Fabiana: Ué?
Flambarda: É! A mulher é gostosa! Estou questionando seriamente minhas preferências!
Sofia: Ora ora! Quem diria!
Fabiana: Mas e a rola!? Ela tem rola?
Flambarda: Olha, eu ainda não vi, mas acho que não
Sofia: Olha, eu demoro mas eu chego aí!
Fabiana: Eu já tô me arrumando pq eu quero ver que mulher é essa!
Flambarda: Aguardo vocês aqui
A Detetive guardou o telefone, e enfim cruzou o portão em direção a SDRJ. Era de manhã ainda e a rua parecia levemente movimentada nesse Domingo. Ela não conseguia lembrar de nenhum evento especial no Shopping Tijuca, nem nada da praça, mas isso não importava porque ela tinha um objetivo fixo. Seguindo o caminho padrão para a Biblioteca Popular Marques Rebelo, não havia nada de extremamente especial, talvez a coisa mais incrível fosse o fato de que foi reconhecida no momento em que passou pelas portas e foi vista pela bibliotecária. Que a saudou mas evitou falar até que Flambarda chegasse mais perto para escutá-la.
- Senhorita Flambarda! Quanto tempo! - Disse Ana Luiza quase que em ASMR.
- Erm... - A detetive se enrolou por um tempo mas viu o nome no crachá. - Srta. Ana Luiza! - Ela levantou um pouco a voz mas logo em seguida se conteve. - Desculpa!
- Tudo bem, acontece com todo mundo.
- Então... - Flambarda não sabia exatamente como interagir especialmente porque via os padrões luminosos amarelos dela saírem e os outros se bagunçarem.
- Então... - Ana Luiza também não exatamente mas tentou prosseguir. - você tá procurando um livro específico? Acho que você finalmente veio pesquisar sobre essas coisas malucas, né?
- Coisas malucas? Você diz? Druidas?
- É! Aliás, faz um bom tempo que eu não te vejo por aqui.
- Menina, eu fiz tanta merda nesse meio tempo que não cabe nessa biblioteca
- Tá, mas aqui não é lugar de fofoca, me diz qual livro você veio ver.
- Eu vim encontrar uma amiga.
- Eu vou te dar uma revista Caras se você não me der o nome de um livro agora.
- Caralho, qualquer livro de Wu Xing, vai.
- Excelente, venha comigo.
Flambarda seguiu com a bibliotecária que puxou um livro de Wu Xing que parecia bem conservado até. Ana Luiza apenas entregou o livro e disse - "Divirta-se!" - para então voltar para sua posição atrás do balcão. A detetive ainda via uma certa insegurança nela, como se ela não soubesse exatamente se estava fazendo a coisa certa ou não, mas decidiu que realmente precisava estudar aquele tópico antes que fosse tarde demais. Tão logo se sentou e leu algumas poucas páginas do livro, a porta se abriu novamente e a figura imponente de Sandra entrou pela porta - vestida de uma forma a chamar atenção com uma camisa regata relativamente apertada, o que seria dificil não ser dado o porte físico da mulher, e calça legging, pra deixar a perna bem marcada, além de um rabo de cavalo que terminava na altura das costas - se dirigindo a Ana Luiza na sequência em uma conversa que durou um pouco mais do que uma simples pergunta a respeito das intenções da mulher.
A energia metálica e aquosa que fluia por aquele corpo escultural talvez significasse alguma coisa, ao mesmo tempo, parecia que conforme as duas conversavam, as energias de Ana Luiza pareciam aquietar-se um pouco mais bem como aceitar melhor as energias amarelas, felizmente, ela havia acabado de ler que no Wu Xing, a terra tem coloração amarela e o metal tem a coloração branca. - "Se isso for verdade, então há bastante energia metálica aqui e especialmente nelas duas, e agora a Ana parece ter alguma energia de terra... mas o que será que isso significa? - Não ia dar tempo de pesquisar mais porque Sandra sentou-se. bem colada, ao lado da Detetive, fazendo seu coração palpitar um pouco mais forte. Para não dar muita brecha, Flambarda fingiu estar fitando o livro enquanto acalmava suas próprias emoções antes de realmente iniciar uma conversa.
- Erm... - Pigarreou a detetive. - Oi.
- Mais uma, coitada. - Sandra balançou a cabeça em sinal de reprovação.
- Quando você tá num jogo, tem que aprender pelo menos as regras, né?
- Não posso dizer que você tá errada.
- Eu tô me esforçando.
- Já pediu o café?
- Ainda não.
- Tá... - Sandra fez alguns gestos para Ana Luiza. - Que deixou a posição novamente.
- Ué?
- Ela vai trazer o café pra gente. Enquanto isso... - Sandra dobrou um pouco a barriga e passou a apoiar o queixo como se o segurasse com os cotovelos apoiados sobre a superfície da mesa. - O que você quer saber de mim?
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