"Flambardaaaaaaaaa!" - Gritou a atendente do Starbucks
- Ah! Olha! Minha vez! - Flambarda disse, se levantando
- Que velocidade!
- Oi! - Ela diz conforme se aproxima do balcão. - Cadê meu capuccino?
- Ah! Eu só queria saber se você gostaria de canela.
- Soca nela. - Ela disse, provocando
- Oi!? - A atendente tomou um susto.
- Soca CA-nela. - A detetive enfatizou
- Ah, sim.
- Mas soca nela também.
- Qual é a tua, hein!? - a atendente perguntou
- Falta de sexo. - Ela disse conforme apoiava o queixo no braço e o braço no balcão. - Parece que eu tô te cantando mas você não faz o meu tipo.
- Qual tipo?
- Homem.
- Ah. Justo. Soca nela?
- Soca nela.
Ela e a atendente riram bem discretamente e piscaram um olho uma para a outra. A detetive pegou o copo cheio de capuccino e o levou a mesa para voltar a sua conversa. O problema é que nesse curto espaço de tempo ela não estava abstraindo o movimento dos elementos, que passavam a bloquear as suas costas. A jovem já tinha sentido essa sensação antes, e sabia que havia alguém olhando e além disso ela conseguia estimar a direção, então se virou tão discretamente como um cavalo e viu uma figura rapidamente baixar a cabeça, deixar os cabelos cairem e fingir que estava jogando no 3DS.
Flambarda já tinha visto aquela silhueta e cabelos antes, que ao reparar que ela se aproximava, tentou saltar e correr, porém não foi rápido o suficiente, e em um mergulho ela já o havia capturado no chão, o que naturalmente surpreendeu as pessoas ao redor, conforme caía abraçada nas pernas do quase fugitivo. Elimar e Jéssica ficaram também extremamente surpresos, mas a mãe da detetive acabou caindo pro deboche antes de embarcar nas vibrações mais estranhas.
- Namorado novo, filha? - Jéssica perguntou.
- Namorado eu não sei, mas stalker eu tenho certeza. - Flambarda respondeu de forma relativamente ríspida
- Oras, você tem um stalker? - ela disse olhando pra cara do sujeito.
- Sua filha é maluca! - Ele respondeu.
- Quieto, Japa! - Flambarda retrucou conforme o mantinha imobilizado e se posicionava para ficar da mesma altura.
- O nome dele é Japa? - Jéssica perguntou
- Hmmmm... - Flambarda ponderou por um instante naquela situação semi-embaraçosa. - Sabe que eu não lembro? Japa fala seu nome, por favor.
- É Shou. - Ele disse, desistindo de lutar.
- Ah, obrigado por desistir, eu já tava ficando cansada dessa viadice. - Ela disse, se recompondo. - Vem, senta aqui com a gente.
- Obrigado, mas eu já estou de saída. - Japa tentou sair mas foi puxado pela camisa e quase caiu sobre a mesa.
- Senta. Aqui. Com a gente. - Flambarda enfatizou.
- Tá bom! Tá bom! Não quero apanhar. - E então ele se sentou à mesa.
- Então, mamãe, esse é o stalker que fica tirando foto minha pra espalhar por aí.
- Mas pra que ele ia fazer isso? - Jéssica perguntou
- Eu sei lá! - Flambarda respondeu - Essa porra é maluca!
- É, realmente, você já tem umas fotos no insta, não é como se as pessoas precisassem te stalkear assim.
- Jéssica! - A atendente chamou
- Um segundinho.
- Você não tem prova nenhuma de que sou eu. - Japa falou.
- Mas eu não tô te acusando.
- Você acabou de falar que eu sou seu stalker!
- Falei mesmo! Tu é um stalker, e ainda é ruim pra caralho! Toda hora eu percebo que você tá por perto!
- Então tá me acusando!
- Hmmm... falando assim... - Flambarda coçou a cabeça. - Enfim, vai fazer o que? Dar queixa?
- Eu poderia.
- Sério que você vai fazer essa filha da putagem?
- Você que tá sendo uma escrota!
- E quantas mulheres se jogam em você assim? - Ela debochou.
- Flambarda. - Jéssica voltou. - É assim que você trata os pretendentes. - Ela disse sentando à mesa.
- Pretendente a encosto, né?
- Nossa... - Shou soltou, fazendo seguir um silencio desconfortável em seguida.
Todos os três tomaram um gole de seus respectivos cafés.
- Então. Os problemas geralmente me perseguem. - Flambarda voltou a falar com Elimar.
- Como assim? - Ele perguntou.
- Assim. - Flambarda levantou o indicador apontando para o lado de fora, pouco antes de alguém gritar "Pega esse viado desse ladrão!" - com licença.
- Pera, você vai assim? - Jéssica perguntou.
- É, mamãe. Minha vida agora é investigar essas porras.
- Mas você não é polícia!
Flambarda faz um olhar para Elimar. Ele levanta as sobrancelhas como quem diz "tá esperando o que?" e a jovem, sai do Starbucks correndo, deixando a mochila sob os cuidados da mãe e de Elimar. A velocidade dela é bastante superior a maioria das pessoas, e ela parece estar começando a desenvolver alguns reflexos para esquivar da multidão, que até tentanva dar algum espaço. O ladrão era rápido o suficiente para correr dos guardas, mas quando estava chegando perto da saída, levou um belo soco nas costas que o fez cair no chão e até deslizar a cara um pouco. A dor tornou bastante difícil pra ele se levantar rapidamente, o que fez a detetive se aproximar com bastante calma enquanto brincava com os punhos. Antes que o alvo pudesse ter reações mais bruscas, ela pisou em um dos braços dele e segurou o outro, para facilmente tomar a bolsa que ele carregava de volta.
- Me solta sua puta! - O homem gritou e cuspiu nela.
- Puta sim, sua não. - Flambarda cuspiu de volta umas três vezes. - Qual é a tua roubando essa bolsa?
- Só to tirando dinheiro da burguesinha escrota.
- Não. Não tá... - Flambarda falou isso com uma convicção muito forte e um olhar extremamente penetrante. - Desembucha.
- Sério! Me solta, piranha!
- E lá vamos nós... - Ela suspira,
A detetive pegou o ladrão pela blusa e o levantou, e a altura dela o intimidou levemente, uma vez que ela era aparentemente do mesmo tamanho que ele, talvez um pouco mais, especialmente quando ela o puxou pelo colarinho e o arremessou de modo que batesse com as costas na parede. A jovem o levanta novamente pelo colarinho forçando contra a parede para que ele não se mova.
- Vamo lá. Este caralho desta bolsa aqui não é uma Victor Hugo, não é uma Chanel, não é uma Prada. Isso aqui é uma bolsa genérica muito provavelmente comprada na Bagagio ou na Le Postiche. Então se tem uma coisa que essa bolsa não é, é de burguesa safada. Eu sei - ela disse conforme via as energias de fogo correndo pelo corpo do rapaz - que você não tá nessa por desespero, e sim por adrenalina, então facilita meu trabalho, vai. Buceta... - Ela terminou xingando.
- Minha bolsa! - Disse uma mulher, relativamente jovem, porém de uma aparência quase indefesa. - Você pegou! - Eis que ela ia se aproximar para pegar o objeto, mas foi impedida por Flambarda.
- Ei ei ei! - Ela soltou uma das mãos para afastar a jovem. - Que porra é essa!? - Mas isso facilitou para que o ladrão escapasse, mesmo que de mãos abanando. - Ei! - Ela até o tentou agarrar mas foi em vão. - Mas que merda! - Ela xingou e se virou para a jovem. - Satisfeita!?
- Muito! Você obteve de volta a minha bolsa. Agora, por favor...
- Hmmm... - Flambarda desconfiava, e a vibração dos elementos dela parecia confirmar essa desconfiança. Ela pensou em entregar, mas então meteu a mão na bolsa.
- Porra!? Tu acabou de parar o ladrão e tu vai me roubar!?
- E quem me garante que essa bolsa é tua? - Flambarda olhou de rabo de olho. - Fica quieta aí e deixar eu fazer o meu trabalho.
"Trabalho!? Será que eu realmente quero fazer isso pelo resto da minha vida?"
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