- O que você quer!? - Flambarda armou uma base de luta nada a ver.
- Eu quero conversar com você sem o Rain por perto.
- E aí precisava daquele show todo em Botafogo!?
- Eu precisava te testar, vai.
- Desembucha.
- Primeiro, pode desarmar a base, você sabe que não vai me vencer não sabe? - No fundo Flambarda sabia, mas foi completamente instintivo.
- Tá. Se você quisesse já tinha me matado mesmo. - Ela disse baixando a guarda.
- Muito bom! Agora vamos conversar como meninas civilizadas! Tô doida pra entrar nesse museu! - Ela falou, como se subitamente fosse a melhor amiga da detetive.
- Cê tá bem?
- Anda logo!
Assim que Brahma chamou Flambarda, ela também a puxou pelo braço quase que arrastando-a para dentro do museu. O que muito confundiu a cabeça da jovem pois era quase como se ela estivesse recebendo a alabarda de graça sem nenhum desafio de fato, que era o que ela esperava. A energia prateada e vermelha da desconhecida agora vibravam eufóricas, como se ela realmente estivesse ansiosa pra lidar com a situação, enquanto elas largavam Rodney desmaiado na praça vazia.
Brahma pagou os ingressos tanto para si quanto para sua acompanhante. Elas colocaram as pantufas super chiques, mas Flambarda precisou ir no guarda volumes para deixar sua mochila. Assim que as duas entraram a conversa começou.
- Bom, temos um tempo até o Vishnu chegar.
- Vishnu?
- É, meu irmãozinho.
- E o que o seu irmão tem a ver com isso?
- Ah, ele deve estar vindo te salvar, mas enquanto eu estiver no museu, tá tranquilo.
- Tá favorável.
- Pois é, esse funk é uma merda. Você realmente escuta isso?
- Escutei né. A gente consome muita coisa da internet.
- Deve ser por isso que a sanidade mental da humanidade está em declínio.
- Pois é, mas que porra é essa que seu irmão vem me salvar?
- Ele te salvou da outra vez! Como é mesmo que ele se identifica?
- Pera... Cê tá falando do Rain?
- Isso! Ele!
- Pera, Vishnu... Brahma... Isso não tem a ver com a religião da India?
- Você diz o Hinduísmo?
- Isso!
- Sim! Tem! Na verdade o nome dele é Rain mesmo, mas eu geralmente acabo me referindo ele do outro jeito.
- Então você é...
- Sim! Brahmagupta! A criação, cê gostou desse meu visual novo, só com o cabelo vermelho?
- Vou te falar que eu gostava mais da trança.
- Tá eu não sou exatamente Brahma, eu sou Fernanda mesmo, mas eu recebi a benção de Brahma.
- E o Rain recebeu a de Vishnu.
- Correto! Quem está faltando então?
- Sei lá! Ganesha!?
- Não! Parece que alguém não anda estudando.
- E eu tenho tempo pra estudar isso!? Eu tenho uma faculdade pra fazer!
- Corajosa, você. Querer fazer uma faculdade e ainda ser druida. Deve dar um trabalho ridículo.
- Nem me fale.
- Mas então, chegamos! - Fernanda aponta para a alabarda apoiada na parede em uma das salas.
- Fernanda. - Flambarda diz, olhando para a alabarda
- Que? - Ela responde sem se virar.
- Conta logo qual é a pegadinha.
- Ah sim! Eu te dou a alarbarda, se... - ela fez uma pausa dramática. - ...você se tornar uma arcanista.
- Pera, mas o Gerson já me pediu isso.
- Será que é porque nós queremos você do nosso lado?
- E o que eu ganho com isso?
- Aensland, eu não quero te matar pra pegar a luva de fogo, então dá pra fazer o favor de aceitar a minha oferta!?
- Sendo assim, acho que serei uma arcanista então...
- Uma sábia decisão, eu vejo. Vai lá pegar a alabarda então.
- Só isso? - Ela disse, esconjurando a alabarda de volta para a luva. - Não vai ter carteirinha igual o Rain fez pra mim?
- Ah, aquilo eu resolvo no caminho. Vamos! Você é uma arcanista agora. - Brahma disse, se deslocando.
- Isso significa que nós vamos ter que matar os druidas?
- Não! estamos indo pra saída? - Ela acabou de notar que não sabia pra onde sair.
- Erm... não. A saída acho que é pra lá. - A detetive também não era muito boa com direções.
- Senhoritas. - Disse um homem que acabara de chegar. Também estava de pantufas e parecia empregado do museu. - A saída é por aqui. Venham comigo.
- Ótimo! Vamos lá! - Fernanda passou a seguir o homem.
"Estranho. Se ela é tão poderosa assim, deve ter notado que a energia desse cara está diferente. Eu estou quase certo de que esse cara é um druida e lá fora vão estar Rain e Rodney nos esperando."
Não deu outra. Todos os três fizeram o procedimento padrão de saída sendo que o homem saiu por ultimo, e lá estavam Rain e Rodney as esperando. O homem que estava atrás delas, segurou os dois braços de Brahma para que ela evitasse fazer algum movimento, mas ela começou a rir, e todos ficaram sem reação.
- Pffff... Sério isso, Vishnu?
- Bom, agora eu te tenho. - Rain respondeu.
- Na verdade eu te tenho.
- Ah tá. Agora tudo isso foi um plano maquiavélico pra me trazer até aqui.
- É claro. Você não acha que esse cara pode me parar, né?
- Tenho certeza que não, mas você não vai ser tão baixa a ponto de queimar um museu.
- Nisso você está certo, mas você sabe que ele não me impede de fazer nada.
- Ele vai me dar o tempo que preciso. - Rain se aproximou e então ele mesmo segurou as mãos de Brahma pelas costas dela. - E agora?
- Agora eu posso começar a lutar. - Fernanda tentou girar para arremessar Rain para longe, mas ela foi travada. - Quê!?
- Pois é, maninha. Agora eu estou mais forte que você. - Ele disse a empurrando para em direção a ponte que tem no rio próximo a entrada do jardim.
Nesse momento, Brahma olhou, sorriu e piscou para Flambarda, que, sem saber exatamente porque, invocou a alabarda e deu uma banda que desconcertou Rain, que soltou Brahma para evitar que ela caísse em cima dele. Rodney, armou uma base, mas ficou confuso sobre o que fazer. O guarda até tentou segurar Flambarda, mas ela se sacudiu, jogou ele pra longe, correu pra perto de Brahma e armou a alabarda apontando para Rain.
"É melhor você me dar uma boa razão pra isso, Fernanda."
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