domingo, 5 de janeiro de 2025

Flambarda - A Detetive Elemental #84

Flambarda despertou as 7:00 da manhã de Segunda-Feira. Um horário meio estranho pra ela, mas foi o que aconteceu. Não foi uma questão de temperatura - até porque em Julho as coisas estão um pouco mais amenas - mas não era tão difícil imaginar que foi por ter dormido muito mais cedo do que de costume após um dia relativamente cheio. O celular tinha uma série de mensagens, mas ela não queria nem pensar muito nisso. Ela levantou da cama lentamente, silenciosamente saiu do quarto, procurou saber se sua mãe estava em casa. Não encontrou nenhum sinal. O momento perfeito pra dar uma acalmada naquele fogo interno. Ela ligou o computador já dando uma pegada em seus peitos, e deixando a putaria correr solta na mente.

Ela passou uma boa meia-hora deleitando-se consigo mesma e acabou tirando um cochilo, que a levou a ter mais um daqueles sonhos estranhos onde sabia o que estava acontecendo. - "Puta merda, lá vem aquele puto de novo." - pensou.

- Oi. - Disse Alabáreda, esquentando carne na fogueira.
- Oi. - Flambarda respondeu, um pouco encabulada.
- Então. Estamos progredindo...
- Desculpa. - Ela interrompeu. - O quando você sabe da minha siririca?
- Acho que mais do que eu gostaria.
- Então você sabe que eu tava com muita vontade de levar pica?
- Onde caralhos você quer chegar com isso, Flambarda?
- Eu quero saber se eu posso tratar você como best, ou se você vai ser só um voyeur estranho pra caralho.
- Eh... - Ele estava visivelmente desnorteado.
- O quanto você gosta de pica, Alabáreda?
- Olha, tem picas que são realmente muito boas.
- A gente nunca conversou sobre sua sexualidade. Você é hétero?
- Que porra você tá falando? Isso não faz nem sentido!
- Você gosta de pica ou de xota?
- Flambarda, eu sou uma porra de uma luva.
- Ah, é mesmo?

Tal qual uma onironauta, consciente e capaz de manipular o próprio sonho, Flambarda estava nua no campo, e trouxe Alabáreda de sua fora padrão de Daniel Craig para uma luva em sua mão direita, e passou, dentro desse universo - e talvez na própria realidade - a brincar com suas partes íntimas usando a mão direita. Até que o próprio saiu do formato de luva e voltou a frente dela.

- Cê sabe que você tá muito errada né?
- Olha só. Você sabe de tudo. - Ela dizia gesticulando bastante. - Tudo tudo tudo. Se você fosse só uma porra de uma luva, você não estaria se comportando dessa forma. Simplesmente aceitaria seu destino e foda-se. Você é mais do que isso e você está preso a mim. As chances de eu te respeitar já são mínimas. Na verdade, pra mim seria muito mais útil se você se soltasse de mim e eu pudesse te passar pra alguém que realmente gostaria de te usar. Falando nisso, por que é que você não larga de mim? Eu botei uma vez a luva e já era? Não tem como tirar?
- Sim, quando as energias do corpo são consumidas por Shiva, o elo é desfeito.
- Então se vocês se prendem a determinadas pessoas.... - Flambarda pausou por um momento.
- Conseguimos nos recusar a ajudar, mas já vimos muitas atrocidades.
- Desculpa.
- Tudo bem. Já estava na hora de você acordar.

A detetive abriu os olhos novamente. Estava nua sob sua cama desarrumada. Ela pegou o celular e viu que ainda era 8:47, que era mais cedo do que geralmente o faria, se levantou meio que se arrastando e foi até o banheiro de qualquer jeito. Bocejou antes de se olhar de espelho do banheiro tentando pensar qual seria o próximo movimento, apesar de saber que era segunda-feira e saber que tinha determinados compromissos a tratar, tais como ir pro caralho da aula que faz um tempo que ela não vai. Resolveu então escovar os dentes e tomar um banho antes de fazer qualquer coisa na sequência.

Eis que Flambarda sai do banho, se veste com toda a originalidade de seu guarda roupa de camisas pretas e calças jeans porque a praticidade ainda é bastante importante, ou talvez pra facilitar a história seja muito mais fácil ter roupas iguais para manter a identidade visual, quem sabe? Ela resolveu pelo menos dobrar a coberta pra fingir que arrumou a cama, e verificou novamente a mochila pra ver se tinha tudo o que precisava, tirar os excessos, e colocar o que falta. Ainda faltava bastante para sair, mas ela estava tentando ser minimamente responsável.

Ao chegar na cozinha, estava sua mãe naturalmente assistindo Ana Maria Braga. Ambas assistem o programa pela manhã quase que religiosamente. Havia pão, haviam frios, o café já estava pronto, a detetive passou a se servir porque depois de atingir um orgasmo, naturalmente dá uma fominha. Dona Jéssica então decide sentar-se para tomar café da manhã com a filha pra terminar de lavar a louça depois, ou talvez até deixar alguma louça pra sua própria filha resolver enquanto ela sai pra trabalhar.

- Qual o plano pra hoje, filha?
- Queria eu ter um plano. - Flambarda disse, comendo um sanduíche.
- Nada? - Jéssica disse, servindo-se.
- Bom, vou pra aula né? Mas as chances de tudo dar errado são imensas.
- Alguma coisa tá pegando?
- Tudo tá pegando, mas não tem ninguém me pegando.
- Que merda.
- Nem me fala.
- Posso te ajudar em alguma coisa?
- Acho que não, mãe.

O resto do café foi silencioso. A louça se acumulou na pia, mas olhando para o relógio a mãe de Flambarda decide começar a sair e pede a filha: "Lava a louça por favor. Eu preciso sair agora." - Que respondeu na sequência: "Tá bom" - Jéssica bateu a porta e a jovem foi resolver os problemas que ficaram antes de resolver os próprio problemas que pipocavam no celular.

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