domingo, 24 de novembro de 2024

Flambarda - A Detetive Elemental #83

- Quem me alertou foi a Fabiana, mas eu tenho uma infeliz coincidência. - Flambarda continuou.
- Diga. - Rain indagou.
- Eu peguei o mesmo metrô que ele estava conduzindo. Só que eu saí ali em Engenho da Rainha, caí na porrada com um malamorfo, derrotei ele, peguei o metrô, e quando peguei sinal ali em Inhaúma recebi essa ligação da Bibi.
- E como ela sabe que sequestraram o Rodney?
- Porque ligaram do celular dele.
- Pode ser clonado.
- E você acha que eu sei ver isso?
- Tem como, mas é meio chato.
- Que merda.
- O que mais você sabe?
- Nada

Um silêncio se fez na chamada por um instante.

- Então tá. Eu vou ver o que eu descubro.
- Não precisa me contar.
- Você vai saber.
- Não, obrigada.
- Até logo.

Eu realmente espero que ele não me ligue, mas ele vai me ligar né? Tinha que ser o filho da puta do Rodney. Eu tenho que pensar como ele pode ter sido raptado nesse tempo que eu tava brigando nas estações e como diabos o metrô continuaria sendo conduzido mesmo sem aquele filho da puta. Vamo, Flambarda, o que você consegue lembrar de informação relevante? - Flambarda estava raciocinando como salvar o Rodney, apesar de tudo. Talvez ele fosse uma peça chave pra entender tudo o que se passa, ou talvez seja só o atual ficante da sua amiga. De qualquer forma. ela parecia ter desculpas o suficiente pra salvar a criatura de sabe-se lá o que está acontecendo. - É muita coisa pra um domingo. Puta que pariu.

A detetive tentou estimar mais ou menos o tempo que ela ficou lutando e salvando o homem. Ela não sabia se tinha sido muito rápido, ou se alguma coisa tinha acontecido porque nenhum trem passou durante aquele período. Todos os indícios apontavam pra Inhaúma, mas quando ela tinha terminado de raciocionar, as portas estavam já fechadas e o trem já estava indo em direção a Del Castilho. Aos poucos o trem se movia e os elementos da plataforma ficavam pra trás e ela se perguntava se Bibi a perdoaria se ela não fosse atrás do Rodney hoje. Quem mais poderia ajudá-la?

Flambarda pega o celular, e passa pelo nome de Fernanda. Elas tiveram um encontro mais cedo, bem como um desentendimento, mas talvez seja a hora de unir forças. A jovem estudante precisa salvar o ficante da sua amiga, a outra precisa que investiguem um cara perigoso. Como talvez fosse um risco de vida pelo outro, talvez valesse a pena fazer negócio, apesar dela ser, de certa forma, uma funcionária dos arcanistas e já precisasse fazer essa investigação meio que por obrigação, mas é difícil falar sobre obrigação quando você tá se colocando na linha de tiro, né? Bom... Era isso ou nada.

- Alô, Fernanda?
- Tá menos putinha, tá?
- Estamos falando de tesão ou de violência?
- Os dois?
- Acho que um pouco. Tesão eu ainda tenho.
- Tá. O que foi?
- Então. Eu assumo que eu errei e que eu tenho que investigar aquela coisa toda do Entrenós mesmo.
- E por que a súbita mudança?
- Quero que o Japa faça um favor pra mim.
- Qual?
- Quero que ele me ajude a rastrear quem raptou o Rodney.
- Puta merda, ele de novo?
- É incrível como é sempre ele.
- E como a gente vai fazer?
- O Japa acha o Rodney, eu acho o Entrenós.
- Aí você vai hoje lá?
- Aí já tá pedindo demais...
- Tô não. Um por um, né?
- Po Fernanda, eu enfrentei um Malamorfo faz pouco tempo.
- Ué? Onde?
- Na estação de Engenho da Rainha.
- Eita. Vai descansar então, mulher.
- Brigada.
- Tchau.
- Tchau.

Nossa. Ela foi tão compreensiva.Acho que é por isso que eu virei arcanista, porque se dependesse daquele velho filho da puta ele só me jogava nas coisas. - Flambarda se escorou na parede e encostou a cabeça com bastante sono. A luta consumiu boa parte de sua energia de sedentária, o que a fazia se questionar como isso era para as outras pessoas, especialmente com a facilidade que o Rodney tinha pra se recuperar. Talvez ele tivesse realmente todo aquele preparo físico de atleta e por isso conseguia aguentar o tranco bem mais, ou talvez o tranco dela fosse piorado porque ela usa a bendita da luva.

O trajeto foi tranquilo até Saens Peña. Quase como se a noite já tivesse entregue aquilo que ela havia prometido depois de um dia um pouco mais normal. A detetive ficava matutando sobre as situações atuais e todos os mistérios pelos quais elas tem passado, bem como as regras de toda essa loucura, lembrando do material que ela estava lendo na casa da Sofia. Estava claro que existem energias e que elas influenciam no mundo de acordo com sua distribuição, mas a jovem ainda não tinha na cabeça como tudo funcionava. Ela precisava saber disso o quanto antes, especialmente se ia atrás de pessoas que estão imersas nesse mundo.

E eis que veio o estalo que ela não tinha se tocado até então, provavelmente devido a raiva e a ansiedade inerente a criatura: Rodney não poderia estar conduzindo o metrô porque estava no hospital depois de tomar uma surra! Se aquele filho da puta tá acamado no hospital, quem é que estava lá? Não é possível que a essa altura do campeonato eu descubro que o Rodney tem um irmão gêmero e ele nunca contou isso pra Bibi. Pra piorar, ainda passei a informação errada pro Rain! Eu preciso ligar pra ele de novo. Infelizmente o celular dela não tava pegando sinal, e quando ela olhava para as energias, era quase como se tivesse um campo de energia verde no vagão.

Ela então passou a pensar consigo mesma - Calma. Tem algumas pessoas aqui. Algumas pessoas sabem manipular energia, o problema é que olhando pra esses pessoas que estão no metrô, eu não vou saber quem é. Eu vou fazer a linha, vou dar uma despistada pra descobrir se estou sendo seguida e então eu vou pra casa. Quer dizer. Eu sei que eu estou sendo seguida. Eu só não sei por quem. O Japa não tá aqui e essa pessoa não quer que eu use meu celular. Eu não posso me precipitar agora. - As estações após Afonso Peña seguiram com o bloqueio até que ela saltou em Saens Peña. A energia de madeira do vagão começou a se dispersar. Era de se esperar mas várias pessoas saíram e seria difícil dizer quem seria o culpado.

Ela então fez um caminho um pouco diferente, passou de sua rua e entrou na esquerda seguinte. A rua estava meio deserta porque era domingo a noite mas estava mais ou menos iluminada. Os elementos já não tinham tanta atividade, as coisas pareciam normais. Flambarda virou a próxima esquerda e a seguinte - o que a faria chegar na sua rua - olhou em volta antes de prosseguir até seu apartamento, olhou em volta antes de abrir o portão e depois de fechar - nenhuma figura a espreita - para então entrar no edifício, ir até seu apartamento, girar a chave e chegar em casa.

- Mãe, Cheguei! - Gritou a detetive.
- Entra, Filha!

A jovem entrou, deu um beijo em sua mãe, e capotou na cama.

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