Acabou. Netanyahu fez aquilo que queria sem a oposição das nações. O objetivo era destruir Gaza e assim o fizeram. Bombardearam e terraplanaram o lugar de norte a sul. Não haverá mais palestines naquele lugar, o objetivo do genocídio foi atingido. Eu vejo páginas e mais páginas, pessoas e mais pessoas tentando demonstrar um apoio individual, que não deixa de ser importante, mas é vazio, não vai muito além do nosso braço, que é muito curto num contexto intercontinental. Não importa o quanto a gente fale, grite ou esperneie, Netanyahu vai continuar o massacre até que não sobre mais qualquer pessoa mesmo que se renda e passe a escravidão.
Mas isso não deve nos impedir de pensar sobre guerras, políticas e tudo mais que nos ronda e que de alguma maneira nos afeta. A destruição de Gaza nos afeta, a guerra da Ucrânia nos afeta, o armistício na Coréia nos afeta, e as constantes guerras na África também nos afetam. As silenciosas guerras das nações africanas. A libertação de Burkina Faso, o massacre do Congo, e tudo mais que acontece na África é simplesmente silenciado por qualquer mídia, seja porque quem domina esses lugares não deixa a mídia chegar, ou seja porque as mídias principais querem que continue assim. Não se fala sobre a guerra no Iemen. Não se fala dos conflitos constantes no Líbano. Se fala muito mais daquilo que afetam as nações que mais tem dinheiro. Milei? Milei ganhou as eleições na Argentina, e por mais que a gente tenha alguma notícia, ela não é pauta de discussão. Venezuela e Guianas? Não era pra estar tendo um conflito por lá? Isso nos remete a uma discussão sobre a mídia o que não é o ponto desse texto.
Oras, Netanyahu destruiu Gaza, e mesmo assim devemos pensar sobre as guerras que nos rondam? Se a destruição é inevitável, porque pensar sobre elas? A resposta é: porque a gente precisa evitar destruições. A gente não pode pensar que o destino é fatal desse jeito. Tem que ter alguma resposta que mostre que é possível evitar o destino trágico que Gaza teve. O problema é, até hoje a única forma com a qual uma nação evitou a destruição da outra até agora foi através de destruição mútua assegurada, ou como frase de efeito: "Se vis pacem, para bellum". Será que isso realmente é a única forma? Não dá pra mudar a lógica?
E nesse sentido, não dá pra falar que o massacre de Gaza não foi mais do que denunciado. Foi massacre atrás de massacre sob uma justificativa de defesa contra um grupo terrorista. Grupo terrorista criado pelos próprios governantes de Israel. De fato, algumas guerras recentes tiveram esse pano de fundo: Alguem financia um grupo armado em um território, esse grupo armado começa a agir de forma contra-hegemonica, grupo-armado passa a ser considerado terrorista e aí é licença pra matar. ISIS, Osama Bin Laden, Hamas... E uma vez que se constrói essa propaganda, já era. Acabou. A quantidade de cidades destruídas em nome de guerra ao terror deveria nos fazer perguntar quem de fato é terrorista. Quem simbolicamente derruba duas torres (o que não deixou de ser um ataque e matou gente) ou quem bombardeia cidades e mais cidades matando pessoas e mais pessoas incessamentemente. O que acontece em Gaza é o mesmo que aconteceu com o ISIS. Só não aconteceu com o Vietnã e com a Coréia porque não conseguiram taxar esses dois países como terroristas. Nem Saddam Hussein saiu ileso, apesar de condenado sem prova porque não encontraram nada contra ele.
Ou seja, uma vez que um grupo é aceito como terrorista pelos Estados Unidos, é tchau e benção. O Hamas já foi aceito como terrorista pelos Estados Unidos, então acabou pra Gaza. Ninguém vai se opor, sabe por que? Porque quando você se opõe a luta contra um "terrorista" vc também e taxado de "terrorista" e aí ja viu. Se tem uma coisa que os EUA queria era que o Hezbollah entrasse no conflito porque ia ser mais gente pra tirarem do caminho do petróleo no Oriente-Médio. Se o Egito passasse a receber as pessoas na pequena fronteira de Gaza, ia de base também.
Mas, pese todos os pesares acerca da destruição de Gaza, a mídia voltada para essa única tragédia é perfeita para que os países que colonizam a África continuem a colonizar e a destruir cultura atrás de cultura. Para que a guerra no Iemen continue, e para disfarçar qualquer ação que seja feita na Ucrânia, porque o conflito lá ainda não acabou.
Gaza, enquanto isso, será uma memória. Para alguns, de um povo que morreu lutando por alguma libertação, por outros como um povo aniquilado pelos interesses de um império, mas para mim, como uma lembrança de que as outras pessoas podem cometer qualquer crueldade que seja, contanto que tenham uma boa desculpa para tal. Isso pra mim é muito grave porque se alguém tiver uma desculpa boa o suficiente pra me matar, não vai ter hesitação.
Só que, nesse sentido, a esquerda está certa. O sistema beneficia quem tem o poder pra fazer tais atrocidades, porque, o único freio delas é uma desculpa. Basta apenas uma desculpa. É um sistema torto onde "o que vale é a intenção" tendenciado para "o que vale é a MINHA intenção", porque se houver qualquer forma de resistência, é terroristmo, e terroristmo é pra ser destruído por completo. O sistema precisa mudar pra punir a atrocidade. Se as leis prendem as pessoas independente da intenção delas, o sistema tem que parar de fechar os olhos para o genocídio mesmo quando ele parte de uma premissa de guerra ao terror, especialemte quando quem está guerreando esse terror tem o poder bélico nas mãos.
Entretanto, tem mais uma coisa que a gente tá deixando passar que é acerca do armamento de Israel porque sabemos quem arma e quer que Israel se arme, mas e quando Israel se opor a algum interesse dos Estados Unidos? O que vai acontecer? Será que vai estar liberada uma nova chacina de Judeus?
É importante que se saiba, que Gaza e o Holocausto, mesmo que comparáveis, não são os únicos genocídios da história, e que você não precisa de uma guerra ao terror pra justificar um genocídio. O que fizeram com os povos originários, de qualquer continente que seja, Incas, Maias, Astecas, Tupis, Apaches, Sioux, Aborígenes, e, a fome na Irlanda durante a colonização inglesa, as cruzadas, as incursões japonesas nos territórios coreanos, a colonização e a guerra do vietnã, a própria guerra da coréia que dividiu o país...
Enquanto isso, o destino de Gaza é seu fim. Para aqueles que denunciaram e divulgaram o genocídio, eu não sei pra vocês, mas pra mim, é tarde demais.
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