- Tá sem sinal essa caralha. - Flambarda reclamou
- Sobe nesse aí mesmo filha
- Nesse aí qual?
- Nesta porra que está vindo.
- Hmmm, tá vindo porra é, mãe?
- Flambarda!
Conforme Flambarda reclamava estava vindo justamente o ônibus pra reitoria, que era o que elas precisavam pegar mesmo. Jéssica fez o sinal pro ônibus parar enquanto ia tentando empurrar a filha pra entrar no bendito do veículo ao passo que a jovem se perdia tentando achar um sinal de celular. Depois de algumas enxotadas elas subiram e foram procurando algum lugar para sentar, uma vez que estavam em um horário bom, um horário onde a galera estaria em aula. O problema é que elas estavam relativamente distraídas, e conforme discutiam e procuravam alguma informação sobre o CENPES, o que fez com que elas passassem do ponto, mas conforme elas se aproximavam do CCMN, os sentidos espirituais da detetive começaram a alertá-la das coisas.
Haviam muitas pessoas, com diversos sentimentos, mas ela reparou um certo desequilíbrio, e um desequilíbrio voltado para o elemento verde. Havia muito verde. Uma quantidade que ela não lembra de ter visto antes. Só tinha um problema, ela não sabia o que diabos isso significava, mas ela tinha certeza de que tinha alguma coisa errada. A questão agora era saber exatamente o que, tinha uma pessoa que poderia responder, e ela estava próxima, mas ela não sabia exatamente como chegar lá, mas ela pediu para saltar com a mãe por ali.
- Filha... - Jéssica chamou
- Oi mãe.
- Tem alguma coisa errada aqui.
- Eu sei.
- Sabe?
- Eu sei que tem alguma coisa errada. Eu só não sei o que ainda.
- Então...
- A gente tem que chegar no CENPES logo. Antes que a merda aconteça.
Então elas decidiram perguntar a outro transeunte. Era um jovem mais ou menos 1,70 parecia estar chegando naquele exato momento, cara simples, calça jeans, camisa de malha e mochila.
- Oi. - Flambarda abordou. - Você estuda aqui?
- Sim. - Ele respondeu meio desarmado. E por isso tentou se esquivar - E eu tô meio ocupado. Desculpa.
- Não! Por favor! Eu só quero chegar no CENPES! - Ela disse correndo atrás dele
- Ah, no CENPES? - Ele parou. - Ah, é só pegar um ônibus.
- Legal a gente pegou o ônibus e a gente não chegou no CENPES porque senão você diria que é aqui.
- Uai, e cês vieram de onde?
- A gente veio lá do hospital, moço. - Jéssica se intrometeu.
- Ah! Então vocês passaram. Tem que pegar um ônibus em direção ao hospital então.
- Olha, tem como chegar lá sem ônibus? - Flambarda perguntou.
- Ter tem, mas vai andar um bocado, viu?
- Beleza, é pra que lado?
- Só seguir essa calçada aqui que você chega lá. É o prédio da Petrobras.
- Aaaaaaaaaaahn. Beleza. Valeu. - Disse Flambarda, despachando o rapaz.
- Valeu. - Ele deu um tchau meio sem jeito.
- Desculpa minha filha. Muito obrigado senhor. - Jéssica fez uma mesura e pôs-se a ir atrás da filha.
E conforme elas andavam em direção ao CENPES, a detetive demonstrava sinais claros de preocupação e ansiedade. A mãe, calada, tentava acompanhar em silêncio para não pertubar a filha, porém ela conviveu muito tempo com o marido druida. Ela tinha alguma sensibilidade espiritual. Ela até arriscaria em dizer que o elemento de madeira estava desequilibrado, mas provavelmente ela não tinha conhecimento o suficiente para tal.
Elas não tiveram muitos problemas pra ir andando até o local que precisavam, mas estavam definitivamente ficando com sede no calor do Rio de Janeiro. Atravessaram a rua sem serem atropeladas e finalmente chegaram a aquela coisa pomposa que é o conglomerado de edifícios de pesquisa da Petrobras, mas os prédios estão por trás de uma cerca, e quem quiser entrar ali certamente vai ter que passar pela guarita.
- E agora, filha?
- Bom. Vamo lá.
- Como assim.
- Trouxe óleo de peroba aí?
- Você é muito corajosa. - Foi a última frase dita no diálogo entre elas até chegarem a guarita.
- Bom dia! - Disse a jovem
- Bom dia! - Disse a outra jovem na guarita.
- Então, eu tô procurando o Elimar Caetano
- Espera um instante.
A guarda pega um telefone fixo e disca um ramal, demora um tempo, até que ela começa a falar com alguém. Parece tudo positivo, como se ela estivesse falando com o próprio Elimar.
- Qual é o seu nome mesmo? - Ela perguntou a Flambarda de volta- Flambarda.
- Flambarda? - Ela fez um cara meio descrente que seria isso, mas repassou. - O nome dela é Flambarda. - Ela falou com a pessoa no telefone. Demorou um instante e ela retornou. - Ele tá vindo.
- Beleza! - Ela hesitou por um instante mas perguntou - Cê tem água aí?
- Tenho não querida.
- Tá bom...
- Flambarda! - Jéssica deu um cutucão com o cotovelo e falando baixo tentando ser discreta. - Tem vergonha não?
- Eu não! Tô com sede!
Elas aguardaram por um tempo. Ainda com muitas suspeitas do que poderia estar acontecendo, até que de longe elas foram capazes de ver o professor Elimar que vinha com o seu sorriso típico no rosto. Ele era alto, estava vestindo roupas sociais, como de praxe, mas parecia curiosamente elegante com sua barba branca, sua camisa azul calro, e sua calça bege. Demorou um tempo porque a distância do edifício até a guarita era particularmente grande.
- Vocês vieram! Hoje é um excelente dia para vocês! - Disse ele quando se aproximou.
- Que que cê quer dizer com isso?
- Hoje vai ter plantio de árvores na vila! Gostariam de ver?
- Ver gente plantando árvore!?
- É! Acho que vai ser importante para você, Flambarda.
- Ok então.
- Não acho que tenha muita escolha. - Jéssica falou em seguida.
- Venham, me acompanhem até o carro. - E passou a andar em direção ao veículo
- Professor... - Flambarda chamou
- Sim!
- É... -Ela hesitou mas perguntou. - Você consegue sentir os elementos também?
- E o que você acha? - Ele a olhou com um sorriso enigmático.
- E eu sei lá! Até alguns dias eu não sabia que dava,
- Bom, você realmente parece ter uma sensibilidade especial, mas eu consigo sentir sim. E hoje o Fundão está repleto de Madeira. Faz sentido, não?
- Faz.... - E aí as peças começavam a se encaixar na cabeça da detetive.
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