Fernanda: Desembucha
Flambarda: Que violência
Fernanda: Você gosta que eu sei
Flambarda: Já levei 3 socos daquele fdp
Flambarda: Definitivamente não gosto
Fernanda: Tá
Fernanda: E o que você sabe?
Flambarda: Não sei muito
Flambarda: Mas acho que tão corrompendo gente lá
Flambarda: Um cara lá dentro saiu de lá como malamorfo
Flambrada: Me atacou
Fernanda: Opora
Flambarda: Mas tô bem
Fernanda: Benzadeus
Fernanda: A gente tem que se encontrar
Flambarda: Hoje?
Fernanda: Eu te chamo
Flambarda: Ah
Flambarda: Então beleza.
"Cara, que que eu to fazendo da minha vida? Eu devia estar estudando pra faculdade, mas ao invés disso eu to aqui, me expondo, tentando resolver um problema que nem é meu! Essas divindades ficam descacentando o mundo, e eu tenho que consertar? E pra piorar ainda tem gente descacetando o mundo ainda mais! Só que... Eu me sinto viva! Eu sinto como se pela primeira vez minhas ações tivessem algum impacto na sociedade, por mais negativo que ele tenha sido até então."
Flambarda confabulou consigo mesmo por alguns instantes, tentando resolver a dúvida que pairava em sua mente enquanto era levada pra casa por um Uber. Enquanto isso ela parou pra ver a assinatura elemental dele. - "Água... eu devia estudar mais pra usar esse tipo de coisa a meu favor." - o fluxo do motorista era lento, ele estava calmo e concentrado, mas a noite fluia em elementos em muitos outros pontos. Agitações no alto dos prédios, provavelmente casais, ou talvez só alguem tocando uma punheta, ou uma siririca, vai saber.
Flambarda girou a chave do portão olhou para fora, tudo parecia normal, ela apertou o botão para chamar o elevador e se lembrou da última vez que ela ficou presa. Talvez realmente não fosse a melhor idéia e ela resolveu pegar as escadas. Nada do taradão do 404. Um local sem reviravolta, foi uma forma estúpida de pagar cada abuso, cada tapa não consentido na bunda, coisas que ela não sabe se sente falta, ou se agradece, mas talvez o que ela realmente sinta falta é de poder olhar na cara daquele miserável e mostrar o quão superior ela é, ou era. Isso não importava mais. Ela girou a chave de seu apartamento e entrou. Tirou os sapatos, despiu-se completamente e dormiu pelada mesmo.
E lá estava ela sonhando de novo. Estava despida no sonho, e lá estava Alabáreda. O que quer que seja que parece viver na luva dela e fica aparecendo como se ela fosse uma espécie de Onironauta. Quando ela se tocou que estava nua diante de uma fogueira e que não dava pra ver muito no horizonte, ela rapidamente se tocou que não estava na realidade. Alabáreda apareceu como se fosse o Robert Downey Jr. com o terno no estilo do homem de ferro.
- E aí? - Flambarda perguntou. - olhando para baixo;
- E aí? - Ele respondeu.
- Veio me dar sermão?
- Não sei.
- Não é como se você não soubesse o que se passa na minha cabeça.
- O que foi visto não pode ser desvisto.
- Claro. Só não sabia que o que foi vestido não pode ser despido. - Ela diz apontando pra luva, a única peça de roupa que ela não consegue despir.
- Você tem um ponto.
- Eu tô esperando.
- Eu não preciso falar nada. Você mesmo está investigando seus próprios sentimentos.
- E... ?
- Bom, acho que essa é uma jornada que eu não posso me intrometer.
- Você já está intrometido na minha vida.
- Mas você não quer que eu vá embora.
- Hmmm... - Flambarda pensa por um tempo - É verdade. Eu realmente não quero.
- Você vai se encontrar.
- Eu não quero me encontrar, tá legal! Eu quero só comer coisa gostosa, fazer sexo gostoso, e assistir netflix pro resto da minha vida!
- Você sabe que isso não só é utópico quanto também não vai te satisfazer, né?
- Sei...
Alabáreda puxa um casaco do nada e cobre Flambarda, sentando-se do lado dela e invocando palitos de churrasco os quais ele colocou próximo da fogueira para aquecer enquanto ofecerece um punhado para ela. Ela pega e começa a aquecer a carne na fogueira a frente, sem entender muito o que está acontecendo. Ela morde e sente o gosto da carne, por mais que seja sonho, é um evento do qual talvez ela não queira acordar. Ao terminar os espetinhos, Alabáreda pede que ela se levante. Ela parecia vulnerável, e olhava para baixo, com vergonha, sem conseguir encará-lo. Ele soca uma das mãos e ela levanta a cabeça, alerta.
- Invoque a alabarda!
Ela faz um sinal de consentimento com a cabeça e faz um gesto com o braço direito como se batesse uma alabarda no chão. Ao passo que a alabarda se materializava e realmente batia no chão. O olhar se tornou firme, e aos poucos, uma roupa meio colada ao corpo, com um cachecol vermelho apareceu no corpo dela.
- Que porra é essa? Tô virando Sailor Moon?
- Mais ou menos.
- Essa porra tem nível?
- Não.
- Então porque essa roupa?
- Porque você está aprendendo a aceitar as suas vulnerabilidades e se blindando com elas. Isso facilita um pouco a usar as energias elementais.
- E aí eu evoluí e virei Sailor Moon.
- Flambarda, isso não faz diferença nenhuma, é só uma peça de roupa.
- Uma peça de roupa conjurada. Eu vou virar uma Sailor Moon! Eu tenho até que defender o mundo!
- Flambarda, você tá sonhando! Acorda!
Flambarda acorda as dez horas da manhã sendo chacoalhada por sua mãe que viu que ela havia invocado a bendita da alabarda fora do mundo dos sonhos, mas ainda continuava nua. Jéssica estava em um misto de assustada com curiosa pois seu marido dizia que ela seria a criança da profecia, e ela tinha um caralho de uma alabarda. Uma alabarda que ela não faz a mínima idéia de onde sua filha trouxe. Quando ela começou a chacoalhar a filha para que ela acordasse, ela certificou-se que a arma estava fora do alcance da mão de Flambarda.
- Mãe!
- Filha!
- Que que tá conteno!?
- Que porra de machado é esse!?
- Ah. Isso é uma alabarda.
- E de onde cê arrumou isso?
- Ah. - Flambarda desconjurou a arma mesmo que de longe. - Assim.
- Pera? Que? Isso é possível?
- É! Olha! - A detetive invocou a alabarda novamente
- É... eu... cê quer café?
- Quero sim. mamãe.
"Sério, Alabareda? Cê quer me fuder? Ou será que isso é só o mundo me mostrando que eu vou me fuder pro resto da vida?"
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