- Ei, Tsumomo! Se apresse! - Gritava Lina da casa de chá da senhorita Katsuo.
Tsumomo falava com as pessoas uma a uma conforme os cumprimentos. Os seus passos eram lentos, como se ela não quisesse chegar de fato na casa de chá. Ela sabe que Feenan estaria lá, e ela lembrava muito bem como o pai sacrificara suas memórias para salvá-lo, e que ele, Konvaa, também estaria lá para tornar toda a situação mais complicada.
Antes de deixar as sandálias de madeira antes de pisar no chão da casa de chá. A gueixa inspirou bem fundo e pensou consigo mesma.
- Acho que ainda é a melhor escolha.
E seguiu no seu destino como gueixa convidada especialmente por Konvaa para interpretar "A Sombra do General", a peça que ela gostava de apresentar apenas para o seu finado marido. E ainda teria de fazer isso tudo na frente de Lina.
Antes mesmo de entrar a própria senhorita Katsuo, vendo a relutância de Tsumomo sussurrou.
- Você tem certeza que quer fazer isso mesmo? Eu posso dizer a Konvaa que...
- Tenho sim, Katsuo. - Disse ela, tentando parecer calma. - Já removeram tudo do palco? - Respondeu Tsumomo sussurrando também.
- Sim. Sinceramente, se não te conhecesse a tanto tempo, diria que você está assustadoramente calma.
- Ora, Katsuo, sou só uma Gueixa. Parecer calma é justamente o que eu sempre fui paga para fazer.
A dona do estabelecimento abriu as portas da sala principal, que não era muito grande mas estava mais cheia que o habitual. Feenan e Konvaa sentavam em lados opostos. Lina estava perto do palco, e outras pessoas como Cowboy e Shia estavam distribuídos mais aleatoriamente. O olhar de Tsumomo estava pesado antes mesmo de começar a interpretação, e ficou ainda mais ao ver o olhar perfurante de reprovação de Feenan.
Os olhos de Lina, por outro lado, deram algum brilho distante no olhar da gueixa que caminhava pela borda do salão até chegar ao palco que ficava do outro lado. Ela parou no centro do palco por um instante como uma estátua, levantou a cabeça para que todos pudessem ver e iniciou o show.
- Boa noite. - Ela fez uma longa pausa, enquanto algumas pessoas responderam e prosseguiu. - Hoje iremos apresentar, a pedido do nosso ilustríssimo inspetor Konvaa - Ela fez um gesto apontando para ele. - "A Sombra do General". Como podem ver, não há instrumentos no palco, nem leques. A peça é da autoria de Sheya, já tem mais de 200 anos e foi escrita para a interpretação solo. - Ela fez mais uma pausa longa. - Agora, sem mais delongas, "A Sombra do General."
Tsumomo se apresentava impecavelmente. Dançou isso por tantas vezes, cada passo, que ela dava era nostálgico e lembrava o general Minguã. Era possível ver no gestual silencioso os momentos onde ela trocava de personagem, até o final onde o general morre, mas sua esposa, que sempre fez uma função de conselheira, toma o comando dos tropas do general e os levam para a vitória.
A gueixa terminou a dança e caiu no chão de joelhos. Foi uma dança particularmente desgastante. Ela então se retirou e foi até o outro salão esbarrando sem querer em Helena, que quase deixou cair flaxão sobre Konvaa. Lina sabia onde Tsumomo foi e saiu logo em seguida atrás de sua amada para encontrá-la aos prantos no centro da sala de costas para a porta.
- Tsumomo?
- Ah, oi, Lina.- Disse ela tentando se recompor. - Você não precisa estar aqui.
- Claro que preciso. O que mais você tenta esconder de mim? - Ela falou se aproximando, colocando a mão no ombro da gueixa para que ela continuasse ajoelhada.
- O que você sabe sobre mim, Lina? Nada! E talvez fosse melhor se continuasse sem saber.
- Mas é claro que quero! Quero saber tudo sobre você!
- Só que eu ainda não estou pronta, Lina! - Ela respondeu rispidamente.
Lina se retirou, frustrada, e esbarrou com Konvaa. - Desculpe. - Foi o máximo que ela conseguiu dizer.
- Vindo de Tsumomo, nada é claro. - A porta abriu novamente, e era Konvaa. - O que você disse para aquela moça?
- Acredito que nada que seja relevante, Konvaa. - Disse Tsumomo, sem se virar ainda. - O que você quer.
- Temos um assassinato para investigar. Achei que você ia se interessar em participar da investigação.
- Por que?
- Porque foi no restaurante de Black Wing.
- Heh. - Ela deu de ombros. - Acho que vocês farão melhor sem mim.
- O que houve? Está nostálgica?
- Por que será, não é, Konvaa?
- Não acha que está na hora de deixar o passado para trás?
- Como, Konvaa? Eu já não consigo suportar o peso das minhas responsabilidades.
- Se você não se mover, certamente o peso só irá aumentar por tudo aquilo que você poderia ter evitado.
- Eu evito mais tragédias se ficar no meu canto.
- Pense no que eu te falei... - Disse ele, fechando a porta.
- Já pensei. - Disse Tsumomo, enquanto Lina entrava.
- Já pensou no que?
- Ah, Lina! Você ainda está aí?
- Já pensou se vai investigar o assassinato ou não.
- Eu não vou investigar isso, Lina. Tudo o que eu investigo tende a piorar.
- Como?
- Como o fato de Konvaa não lembrar de que Feenan é seu filho! - Ela disse, rispida, ainda sem se virar.
Lina levou a mão a boca, mas ao invés de se virar para sair, abraçou Tsumomo.
- Eu não faço idéia de quanta responsabilidade você carrega, mas saiba que a partir de hoje você pode dividir isso comigo.
A gueixa ficou calada sem saber o que responder. Lina continuou.
- A única forma de se redimir pelos seus erros é acertando.
- Essa frase é minha.
- Pois é. Continue se lembrando dela. Vamos para casa agora.
- Sim! - Tsumomo se virou e sorriu, mesmo com lágrimas nos olhos. - Vamos!
Tsumomo falava com as pessoas uma a uma conforme os cumprimentos. Os seus passos eram lentos, como se ela não quisesse chegar de fato na casa de chá. Ela sabe que Feenan estaria lá, e ela lembrava muito bem como o pai sacrificara suas memórias para salvá-lo, e que ele, Konvaa, também estaria lá para tornar toda a situação mais complicada.
Antes de deixar as sandálias de madeira antes de pisar no chão da casa de chá. A gueixa inspirou bem fundo e pensou consigo mesma.
- Acho que ainda é a melhor escolha.
E seguiu no seu destino como gueixa convidada especialmente por Konvaa para interpretar "A Sombra do General", a peça que ela gostava de apresentar apenas para o seu finado marido. E ainda teria de fazer isso tudo na frente de Lina.
Antes mesmo de entrar a própria senhorita Katsuo, vendo a relutância de Tsumomo sussurrou.
- Você tem certeza que quer fazer isso mesmo? Eu posso dizer a Konvaa que...
- Tenho sim, Katsuo. - Disse ela, tentando parecer calma. - Já removeram tudo do palco? - Respondeu Tsumomo sussurrando também.
- Sim. Sinceramente, se não te conhecesse a tanto tempo, diria que você está assustadoramente calma.
- Ora, Katsuo, sou só uma Gueixa. Parecer calma é justamente o que eu sempre fui paga para fazer.
A dona do estabelecimento abriu as portas da sala principal, que não era muito grande mas estava mais cheia que o habitual. Feenan e Konvaa sentavam em lados opostos. Lina estava perto do palco, e outras pessoas como Cowboy e Shia estavam distribuídos mais aleatoriamente. O olhar de Tsumomo estava pesado antes mesmo de começar a interpretação, e ficou ainda mais ao ver o olhar perfurante de reprovação de Feenan.
Os olhos de Lina, por outro lado, deram algum brilho distante no olhar da gueixa que caminhava pela borda do salão até chegar ao palco que ficava do outro lado. Ela parou no centro do palco por um instante como uma estátua, levantou a cabeça para que todos pudessem ver e iniciou o show.
- Boa noite. - Ela fez uma longa pausa, enquanto algumas pessoas responderam e prosseguiu. - Hoje iremos apresentar, a pedido do nosso ilustríssimo inspetor Konvaa - Ela fez um gesto apontando para ele. - "A Sombra do General". Como podem ver, não há instrumentos no palco, nem leques. A peça é da autoria de Sheya, já tem mais de 200 anos e foi escrita para a interpretação solo. - Ela fez mais uma pausa longa. - Agora, sem mais delongas, "A Sombra do General."
Tsumomo se apresentava impecavelmente. Dançou isso por tantas vezes, cada passo, que ela dava era nostálgico e lembrava o general Minguã. Era possível ver no gestual silencioso os momentos onde ela trocava de personagem, até o final onde o general morre, mas sua esposa, que sempre fez uma função de conselheira, toma o comando dos tropas do general e os levam para a vitória.
A gueixa terminou a dança e caiu no chão de joelhos. Foi uma dança particularmente desgastante. Ela então se retirou e foi até o outro salão esbarrando sem querer em Helena, que quase deixou cair flaxão sobre Konvaa. Lina sabia onde Tsumomo foi e saiu logo em seguida atrás de sua amada para encontrá-la aos prantos no centro da sala de costas para a porta.
- Tsumomo?
- Ah, oi, Lina.- Disse ela tentando se recompor. - Você não precisa estar aqui.
- Claro que preciso. O que mais você tenta esconder de mim? - Ela falou se aproximando, colocando a mão no ombro da gueixa para que ela continuasse ajoelhada.
- O que você sabe sobre mim, Lina? Nada! E talvez fosse melhor se continuasse sem saber.
- Mas é claro que quero! Quero saber tudo sobre você!
- Só que eu ainda não estou pronta, Lina! - Ela respondeu rispidamente.
Lina se retirou, frustrada, e esbarrou com Konvaa. - Desculpe. - Foi o máximo que ela conseguiu dizer.
- Vindo de Tsumomo, nada é claro. - A porta abriu novamente, e era Konvaa. - O que você disse para aquela moça?
- Acredito que nada que seja relevante, Konvaa. - Disse Tsumomo, sem se virar ainda. - O que você quer.
- Temos um assassinato para investigar. Achei que você ia se interessar em participar da investigação.
- Por que?
- Porque foi no restaurante de Black Wing.
- Heh. - Ela deu de ombros. - Acho que vocês farão melhor sem mim.
- O que houve? Está nostálgica?
- Por que será, não é, Konvaa?
- Não acha que está na hora de deixar o passado para trás?
- Como, Konvaa? Eu já não consigo suportar o peso das minhas responsabilidades.
- Se você não se mover, certamente o peso só irá aumentar por tudo aquilo que você poderia ter evitado.
- Eu evito mais tragédias se ficar no meu canto.
- Pense no que eu te falei... - Disse ele, fechando a porta.
- Já pensei. - Disse Tsumomo, enquanto Lina entrava.
- Já pensou no que?
- Ah, Lina! Você ainda está aí?
- Já pensou se vai investigar o assassinato ou não.
- Eu não vou investigar isso, Lina. Tudo o que eu investigo tende a piorar.
- Como?
- Como o fato de Konvaa não lembrar de que Feenan é seu filho! - Ela disse, rispida, ainda sem se virar.
Lina levou a mão a boca, mas ao invés de se virar para sair, abraçou Tsumomo.
- Eu não faço idéia de quanta responsabilidade você carrega, mas saiba que a partir de hoje você pode dividir isso comigo.
A gueixa ficou calada sem saber o que responder. Lina continuou.
- A única forma de se redimir pelos seus erros é acertando.
- Essa frase é minha.
- Pois é. Continue se lembrando dela. Vamos para casa agora.
- Sim! - Tsumomo se virou e sorriu, mesmo com lágrimas nos olhos. - Vamos!
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