E assim seguimos nós falando dessa coisa que se estende indefinidamente.
Enquanto nós estamos falando, a dízima continua. O MathJax vai nos ajudar a resolvê-la
Então, eu fiz uma coisa muito feia. Eu assumi que vocês iam acreditar que toda a dízima racional necessariamente é periódica. Não é que não seja, mas é que meu argumento cai por terra se existir uma única dízima não periódica que pode ser escrita como forma de fração. Então hoje eu vou me dedicar basicamente a provar que se uma fração gera uma dízima, essa dízima tem necessariamente que ser periódica.
Então. Como a gente faz isso? Pra falar a verdade eu mesmo não tenho muita noção então eu vou criar um argumento que seja convincente o suficiente pra mim também. Eu tenho uma noção do porque isso acontece, mas eu vou precisar desenvolver isso um pouco melhor pra que a coisa não fique horrenda. Na verdade, utilizando o algoritmo padrão pra divisão que a gente aprende lá na quarta série, a coisa fica até relativamente fácil de se explicar, até porque as dízimas surgem da natureza da notação decimal. No mundo dos racionais você apenas teria frações. Só que no mundo dos inteiros, a divisão podia ser escrita da seguinte forma: Se b divide a, então... Onde q é o quociente e r é o resto.
No mundo dos inteiros não tem fração, então o que a galera queria fazer era jogar o resto pra 0, só que precisava fazer isso de modo que não agredisse o quociente. O resto já é menor que o divisor, então não dá pra fazer divisão com ele, não dá pra ir além no mundo dos inteiros. A não ser que nós façamos uma transformação no resto. Já que possuímos a notação de fração, que só nos deu uma forma diferente de olhar para as divisoes, podemos fazer alguma brincadeira com ela. Se a gente transformar o resto e depois dividir a gente pode conseguir um algarismo novo, e se tudo der certo a gente chega no 0, caso contrário pelo menos a gente chega em um quociente que faça o resto ser bastante próximo de 0. Só que no mundo dos inteiros, a divisão só era possível se: O resto, por definição é menor do que o divisor: Então a gente não vai dividir o resto e sim algo superior a ele. Graças a notação de fração a gente pode fazer o seguinte: Isso é particularmente difícil de provar, apesar de ser intuitivamente fácil. Demonstrar relações de equivalência não é tão trivial então aqui eu vou precisar que vocês aceitem isso pra eu poder fazer: Nesse caso estamos supondo que vai ser maior que b. Se b fosse maior que 10, bastaria utilizarmos a próxima potëncia de 10. Então dividindo esse resto: E agora nós vamos nos valer do fato que multiplicação e divisão são operações comutativas entre si no mundo dos racionais. Mas por que estamos fazendo isso? Na verdade estamos nos valendo da notação posicional. Cada algarismo na notação posicional é multiplicado por uma potência de 10. O que nós estamos fazendo aqui é achando os números que estão nas potências negativas. Até porque quando o expoente de um número é negativo ele vira fração. Logo o que acontece é que: E para a notação posicional, utilizando um exemplo: Então aquela divisão fica um pouco mais complicada e aparece uma fração nela porque r tem um valor equivalente: Só que por evidência, olha o quociente se formando: Repara então o que acontece com o 1/2 quando a gente aplica esse raciocínio. Pra saber quanto é e : Logo: Resto 0! Olha lá o quociente se formando: O que será que acontece então com o 1/3? Opa, peraí o resto não deu 0 ainda. Vamos pegar esse 1/10 e transformar esse numerador em algo divisível por 3. Vamos colocar em evidência: Repare que ele está gerando uma soma infinita. Isso acontece porque o valor do resto em algum momento se repete. A partir desse momento, o ciclo se inicia porque o processo usado para os próximos algarismos continua sendo o mesmo. Na verdade, devido ao fato do resto sempre precisar ser menor que o divisor, a quantidade de valores possíveis para os restos secundários é limitada.
Então vamos voltar a generalização. E isso naturalmente vai gerar uma quantidade de restos e quocientes indefinida que fica mais fácil escrevendo como somatório. Pra fechar a prova, é necessário demonstrar que um mesmo resto secundário sempre gera o mesmo valor para o próximo resto. Mas isso é trivial porque a mesma operação de divisão não pode gerar dois valores diferentes, logo o ciclo se fecha a partir do momento que um resto é igual a um resto pois a partir desse momento os quocientes irão se repetir formando o período das dízimas feitas por frações.
Ok, isso já é o sufciente. Acho que á consegui provar pra vocês que toda dízima formada por números racionais é certamente periódica.
Por fim, esse argumento ainda pode ser melhorado porque as potências de 10 só vão aparecer bem definidas se o seu divisor for menor que 10. Caso contrário as potências serão de alguma potência de 10, mas isso não influência no resultado final.
Podemos dar esse post por encerrado. A gente continua falando de dízimas na próxima.
Enquanto nós estamos falando, a dízima continua. O MathJax vai nos ajudar a resolvê-la
Então, eu fiz uma coisa muito feia. Eu assumi que vocês iam acreditar que toda a dízima racional necessariamente é periódica. Não é que não seja, mas é que meu argumento cai por terra se existir uma única dízima não periódica que pode ser escrita como forma de fração. Então hoje eu vou me dedicar basicamente a provar que se uma fração gera uma dízima, essa dízima tem necessariamente que ser periódica.
Então. Como a gente faz isso? Pra falar a verdade eu mesmo não tenho muita noção então eu vou criar um argumento que seja convincente o suficiente pra mim também. Eu tenho uma noção do porque isso acontece, mas eu vou precisar desenvolver isso um pouco melhor pra que a coisa não fique horrenda. Na verdade, utilizando o algoritmo padrão pra divisão que a gente aprende lá na quarta série, a coisa fica até relativamente fácil de se explicar, até porque as dízimas surgem da natureza da notação decimal. No mundo dos racionais você apenas teria frações. Só que no mundo dos inteiros, a divisão podia ser escrita da seguinte forma: Se b divide a, então... Onde q é o quociente e r é o resto.
No mundo dos inteiros não tem fração, então o que a galera queria fazer era jogar o resto pra 0, só que precisava fazer isso de modo que não agredisse o quociente. O resto já é menor que o divisor, então não dá pra fazer divisão com ele, não dá pra ir além no mundo dos inteiros. A não ser que nós façamos uma transformação no resto. Já que possuímos a notação de fração, que só nos deu uma forma diferente de olhar para as divisoes, podemos fazer alguma brincadeira com ela. Se a gente transformar o resto e depois dividir a gente pode conseguir um algarismo novo, e se tudo der certo a gente chega no 0, caso contrário pelo menos a gente chega em um quociente que faça o resto ser bastante próximo de 0. Só que no mundo dos inteiros, a divisão só era possível se: O resto, por definição é menor do que o divisor: Então a gente não vai dividir o resto e sim algo superior a ele. Graças a notação de fração a gente pode fazer o seguinte: Isso é particularmente difícil de provar, apesar de ser intuitivamente fácil. Demonstrar relações de equivalência não é tão trivial então aqui eu vou precisar que vocês aceitem isso pra eu poder fazer: Nesse caso estamos supondo que vai ser maior que b. Se b fosse maior que 10, bastaria utilizarmos a próxima potëncia de 10. Então dividindo esse resto: E agora nós vamos nos valer do fato que multiplicação e divisão são operações comutativas entre si no mundo dos racionais. Mas por que estamos fazendo isso? Na verdade estamos nos valendo da notação posicional. Cada algarismo na notação posicional é multiplicado por uma potência de 10. O que nós estamos fazendo aqui é achando os números que estão nas potências negativas. Até porque quando o expoente de um número é negativo ele vira fração. Logo o que acontece é que: E para a notação posicional, utilizando um exemplo: Então aquela divisão fica um pouco mais complicada e aparece uma fração nela porque r tem um valor equivalente: Só que por evidência, olha o quociente se formando: Repara então o que acontece com o 1/2 quando a gente aplica esse raciocínio. Pra saber quanto é e : Logo: Resto 0! Olha lá o quociente se formando: O que será que acontece então com o 1/3? Opa, peraí o resto não deu 0 ainda. Vamos pegar esse 1/10 e transformar esse numerador em algo divisível por 3. Vamos colocar em evidência: Repare que ele está gerando uma soma infinita. Isso acontece porque o valor do resto em algum momento se repete. A partir desse momento, o ciclo se inicia porque o processo usado para os próximos algarismos continua sendo o mesmo. Na verdade, devido ao fato do resto sempre precisar ser menor que o divisor, a quantidade de valores possíveis para os restos secundários é limitada.
Então vamos voltar a generalização. E isso naturalmente vai gerar uma quantidade de restos e quocientes indefinida que fica mais fácil escrevendo como somatório. Pra fechar a prova, é necessário demonstrar que um mesmo resto secundário sempre gera o mesmo valor para o próximo resto. Mas isso é trivial porque a mesma operação de divisão não pode gerar dois valores diferentes, logo o ciclo se fecha a partir do momento que um resto é igual a um resto pois a partir desse momento os quocientes irão se repetir formando o período das dízimas feitas por frações.
Ok, isso já é o sufciente. Acho que á consegui provar pra vocês que toda dízima formada por números racionais é certamente periódica.
Por fim, esse argumento ainda pode ser melhorado porque as potências de 10 só vão aparecer bem definidas se o seu divisor for menor que 10. Caso contrário as potências serão de alguma potência de 10, mas isso não influência no resultado final.
Podemos dar esse post por encerrado. A gente continua falando de dízimas na próxima.
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