sábado, 25 de junho de 2016

Insônia


"Todo dia a insônia  
Me convence que o céu  
Faz tudo ficar infinito  
E que a solidão  
É pretensão de quem fica  
Escondido, fazendo fita"

sábado, 18 de junho de 2016

Aleatoriedades - O abismo



- O que houve?

- Nada, apenas estou triste...

- O quão triste?

- Triste o bastante para voltar a escrever...

- Suponho que seja bem triste então...

- Pois é...

- Mas já pensou que isso pode ser uma coisa boa?

- Talvez seja, talvez apenas signifique que eu estou voltando...

- Voltando?

- É... pro abismo...

- Talvez, mas só tem um jeito de saber...

- É só tem um jeito.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Pensando Sobre Matemática #57(?) - PEMDAS (ou, Quando a Matemática está além da lógica)

Boa tarde, criançadaaaaaa!

Aqui quem está falando NÃO É O PEDRO! Não! É o John, vulgo J. E eu NÃO TENHO nenhuma autoridade para falar sobre Matemática. Mas como o Pedro não posta nada há muito tempo, meus distúrbios mentais me obrigam a criar esse post! Êeeeeee!

Ah, a Matemática... Como ela é bela. Como ela é incrível. Como ela é extremamente necessária e plenamente inútil ao mesmo tempo.

O raciocínio lógico e abstrato voltado a estudar quantidades, medidas, espaços, estruturas, variações e estatísticas (PEDIA, 2016, Matemática) é maravilhoso. Porém, a disciplina 'Matemática' e suas convenções são infernais e causam problemas a nós, reles estudantes com processos cerebrais anômalos, desde os tempos antigos. Pois a disciplina como conhecemos vai além do puro raciocínio lógico, empregando convenções obscuras e sem sentido, e invenções abstratas surgidas da necessidade de explicar determinadas relações entre valores.

Falarei hoje então de algo que assombra muitos jovens e adultos até hoje, arruinando seus pensamentos simples e lineares, suas soluções lógicas e retas, através de uma convenção aleatória: PEMDAS.

PEMDAS 


Muita gente não sabe, ou esqueceu, que as operações matemáticas em uma equação não podem ser encaradas de modo arbitrário. Existe uma coisa chamada "Ordem de Operações" e é ela que define como devemos desbravar o redemoinho de desespero e dor das expressões matemáticas.

Essa "Ordem" pode ser expressada através do acrônimo PEMDAS, que também é assim em Inglês Americano (mas é BODMAS em Inglês Britânico). E esse acrônimo se dá por:

P - Parênteses (Parentheses(AmE) ou Brackets (BrE))

Ou seja, a primeira coisas que você vai resolver numa expressão matemática é o que estiver dentro de parêntesis. O que faz todo sentido pois os parêntesis foram designados para indicar algo que está "dentro" daquela expressão, um nível mais profundo de valores e coisas, e portanto, obviamente, devem ser resolvidos antes para que o seu resultado possa se tornar parte da expressão principal.

Quando você olha para as operações dentro dos parênteses, lembre-se que você está encarando uma nova expressão matemática que deve, portanto, ser resolvida obedecendo a "Ordem de Operações" normalmente fazendo o PEMDAS de novo. Ou seja, quando você vê alguma coisa entre parênteses dentro de alguma coisa entre parênteses você tem que resolver aquilo primeiro. E se houver algo dentro desses segundos parênteses, eles também tem que ser resolvidos segundo a ordem. Cada parênteses representa um nível mais profundo da expressão, tipo um expressinception da vida. O uso de colchetes ou chaves serve somente para facilitar a visualização do que está dentro do quê, sendo opcional.

E - Expoentes (Exponents (AmE) ou Orders (BrE))

Beleza, aí depois que você define onde vai começar graças aos parênteses você tem que começar a fazer de fato algum tipo de cálculo, afinal essa expressão matemática não vai se resolver sozinha, rapaz. E então o que você faz? O que você faz além de deitar na sua cama em posição fetal, se cobrir, e começar a chorar feito um bebê, se perguntando porque você é obrigado a seguir com isso e encarando o vazio e a falta de razão da sua existência perante o Universo?

Você resolve os expoentes! Por quê? Porque foda-se! Porque eu mandei! Porque é assim que eu disse que tinha que ser, e você não tem nenhuma ideia melhor! Não, eu sei que você ACHA que tem, mas você não tem. Cala a boca e senta lá, Cláudia.

Os expoentes são aquilo que as pessoas conhecem normalmente como "Potência", tipo 22, e "Radiciação", tipo 2. Na verdade a "Radiciação" nada mais é que um potência com expoente fracionário, ou seja: 2 é um jeito de dizer 212. Daí tudo que é expoente entra aqui.

M - Multiplicação (Multiplication)
D -  Divisão (Division)

 Depois de resolver os expoentes você vai resolver as multiplicações e divisões. A ordem que você resolve cada um é ditada somente pelas próprias regras. Normalmente não importa se você resolve as divisões ou multiplicações primeiro. Mas você tem que resolver todas as operações desse tipo antes de passar para o próximo passo.

"Multiplication" e "Division" são iguais em Inglês britânico e americano, mas no Inglês britânico o acrônimo é falado com a Divisão antes da Multiplicação, por isso boDMas, e não boMDas. Como a ordem que você resolve na própria expressão é opcional e/ou regida pelas próprias regras, dá no mesmo.

A - Adição (Addition)
S - Subtração (Subtraction)

Depois que você fizer tuuuudo isso, então, e só então, você vai fazer a parte simples e fácil da parada. A parte que você não precisa nem ser muito proficiente no uso de calculadoras para resolver. As velhas e conhecidas "soma e subtração".

A ordem que você soma e subtrai as coisas também só depende das próprias regras de soma e subtração. Mas normalmente não importa se você soma ou subtrai as coisas primeiro também.

***

Mas então, por que, raios, PEMDAS? Digo, se essa é a regra decidida pela Comunidade Científica então deve haver uma lógica impecável por trás disso, né? Não é? Não é?! Não é, porra?!

Não, não é. Tudo não passa de uma CONVENÇÃO. Exatamente, meus caros... Sabe aquelas coisas que a galera de Exatas ama zoar na galera de Humanas? Que uma coisa só é uma coisa porque nós decidimos que seria daquele jeito pra facilitar a comunicação do pessoal? Que não há razão lógica por trás das decisões? Pois então... É A MESMA COISA com PEMDAS.

Uma mera convenção... Poderíamos até dizer que se trata de uma construção social (LOL) que surgiu da necessidade de haver um padrão para escrever as expressões matemáticas e resolvê-las de modo uniforme por qualquer um. E ao invés de usarem algum tipo de racionalização, algum tipo de lógica, nem o raio de uma notação... Não, tudo foi resolvido com uma convenção. Uma decisão arbitrária que foi passada em frente.

Então, sabe quando você resolve uma expressão matemática e decide que seria legal ir resolvendo as operações da esquerda para a direita, afinal é assim que escrevemos, e no final erra a resposta?
Bem, a sua resposta não está exatamente errada, meu caro. Ela só está diferente porque você não resolveu a expressão na ordem convencional. Porque a ordem que você usou é diferente da ordem favorita de quem corrigiu. Só. Por causa. Disso.

E é por isso, caríssimos leitores, que quem pensa sobre Matemática é o Pedro, e não eu. Obrigado e voltem sempre.

Parcimônia Frenética #19 - Aventureiros (Como Karlrock acabou na prisão)

A anã de cabelos ruivos estava incomodada por estar sentada há tanto tempo, e também por estar ouvindo tantas coisas estranhas e inimagináveis sobre o passado de Karlrock. Ela acabou não se aguentando mais e levantou no momento que o homem ia recomeçar a falar, interrompendo-o.

- Tudo bem... - ela disse, começando a andar de um lado para o outro. - Pode continuar... Só estou esticando as pernas.

Karlrock pigarreou e aproveitou para esticar as pernas e as costas.

- Certo... Então...

"Nós estávamos separados e Serenna não estava nem um pouco contente com a situação. Quando havia alguma missão para o meu esquadrão nós passávamos vários ciclos vermelhos fora, protegendo as estradas ou cidades afastadas. E ela ficava sozinha e inquieta na capital...

Eu não sei o que ela fez, mas em algum momento ela estava tomando um sermão disciplinar no salão dos sargentos e esbarrou com um líder de um esquadrão de campo diferente do meu. E ela reconheceu aquele homem. Era um dos homens que tinha atacado a nossa vila.

É claro que depois disso ela não podia simplesmente esperar quieta o meu retorno e conversar comigo sobre isso. Não, ela foi atrás. Começou a fazer perguntas por aí, invadiu os arquivos para pesquisar sobre o homem e seu esquadrão nos livros. Se meteu em todo tipo de confusão... Mas a bagunça que ela criou foi tamanha que ela acabou desertando e fugindo da capital para evitar ser presa, ou provavelmente pior.

Então na minha seguinte volta para a cidade, eu não encontrei Serenna me esperando no alto dos muros. E sempre que ela sabia que meu esquadrão ia voltar, e ela sempre arranjava um jeito de saber, ela sempre me esperava nos muros do portão. Eu já comecei estranhando dali, portanto fui procurá-la. Depois de não encontrá-la em lugar algum, eu comecei a perguntar para os outros soldados da patrulha da cidade. Eventualmente eu acabei descobrindo que havia acontecido algo muito sério e ela havia desertado e fugido.

Aquilo me deixou extremamente preocupado e desconcertado. Eu não fui capaz de descansar até descobrir o que estava acontecendo. Seguindo os passos de Serenna eu notei que ela havia deixado uma trilha para mim. Páginas arrancadas, relatórios velhos, pessoas que tinham recebido ordens para me contar coisas... Eu fui capaz de encontrar tudo que ela tinha descoberto.

Os homens que atacaram minha vila... Eram homens do exército real. Eles estavam viajando até a fronteira do reino para reforçar as tropas alocadas lá, pois era uma época de risco de guerra com o reino vizinho. E eles tinham permissão para 'coletar' quaisquer recursos necessários das pequenas cidades próximas da fronteira.

Isso quer dizer que os oficiais superiores e o próprio rei ficaram sabendo do que aconteceu com a minha vila, mas eles concederam perdão àqueles homem. Afinal eles tinham permissão para pegar aquilo que eles achassem necessário. Ninguém se importou, eles não foram punidos pelos homens e mulheres inocentes que mataram. Tudo foi varrido para baixo dos panos, desculpas falsas foram dadas, eram tempos de guerra afinal...

Diferente de Serenna, eu fui capaz de manter minha calma. Eu levei aquele assunto aos superiores. Eu tentei fazer com que a verdade fosse exposta e que os culpados fossem punidos. Mas mesmo eu tempo provas, mesmo eu sendo uma testemunha viva do ocorrido, ninguém me levou a sério. Aqueles que concordavam comigo, tinham medo de tomar alguma atitude. E a maioria dizia que eu deveria deixar o passado no passado e parar de reclamar, que não havia nada de errado. Nada de errado...

Eu portanto pensei que se aqueles responsáveis não fariam nada, então eu deveria tomar as medidas necessárias com minhas próprias mãos... Eu encontrei três deles... Não me orgulho disso... Não me orgulho do que fiz, hoje... Mas, naquele dia, eu estava repleto com a certeza de que justiça estava sendo feita... Só mais tarde eu fui entender que o que eu fiz não passava de vingança."

Karlrock apresentava uma expressão dolorida. Ele parou por um momento, fechou os olhos, e fez uma prece em silêncio. Então respirou fundo e prosseguiu.

"Talvez tenham sido os deuses, mas eu fui impedido e capturado por guardas da patrulha antes de matar aqueles homens. Se eu tivesse me tornado um assassino, ainda mais tendo matado soldados e oficiais superiores, eu teria sido executado no mesmo dia. Mas o que eu fiz... Eles... Eles precisavam discutir..."

Lanma fez uma careta confusa e parou de andar. Ela encarou Karlrock e pôs as mãos na cintura.

- O que, exatamente, você fez? - ela perguntou, duramente.

Karlrock respirou profundamente de novo, claramente incomodado com a pergunta.

- A minha intenção... Eu queria que eles sofressem tudo que fizeram as pessoas de minha vila sofrerem... Tudo que eu sofri. A não ser que você queira detalhes grotescos, eu posso resumir e dizer que aqueles três homens não estavam mortos, mas não mais se recuperariam por completo sem o auxílio de magia poderosa.

Lanma balançou a cabeça negativamente e sentou novamente, dessa vez mais próxima de Karlrock.

- Não... Pode deixar os detalhes grotescos de lado. Mas, Karl... Eu não julgo você. No seu lugar, eu teria feito mesmo. E eu teria achado certo.

Karlrock anuiu com um aceno da cabeça.

- Tudo bem, Lanma... Mas eu vou continuar achando que não foi certo. Que não foi justo.

A anã bufou e o homem deu um sorriso cansado.

"E foi assim, minha cara companheira de aventuras... Que eu fui preso. E fiquei preso por muitos dias e muitas noites."

- Você está soando como Phyllander agora... - resmungou a anã.

Karlrock quase esboçou uma risada.

"Como meu crime era muito grave, mas envolvia muitos eventos obscuros e confusos, e também não havia resultado em nenhuma morte, eles me aprisionaram. Com a desculpa de que ainda estavam decidindo minha punição, mas com a intenção óbvia de me deixar lá para apodrecer."