quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Flambarda - A Detetive Elemental #87

"Eu vi! Quando ele manipulou a água, ele estava manipulando aquelas malditas fagulhas azuis! Será que aquela tabela maluca tá errada? Realmente tem cinco cores, que corresponderiam aos cinco elementos. Eu não to conseguindo prestar atenção na aula porque isso aqui é muito mais legal! Que merda! Eu vou tentar voltar agora que a cabeça tá mais fresca. Vamo ver se agora vai. Claro, depois do xixi."

Flambarda foi ao banheiro, rolou o feed do insta e do facebook, nada de muito interessante. É claro, tava na hora de aula. Ela resolveu ver o site da casa de swing do Entrenós. Nada interessante, talvez seja melhor assim porque o Entrenós talvez não esteja no lugar, ou o lugar não esteja tão ocupado. Depois de terminar de fazer o que tinha que fazer, apesar de não ter terminado sua pesquisa, voltou a aula chata. As coisas pareciam não ter andado nada e ao mesmo tempo andou o suficiente para que ela não entendesse mais nada. Ela tentou então focar em aprender o que dava e depois recorrer a Sofia, como geralmente acontecia.

Fim da segunda aula. Já eram 17:00. A detetive não queria perder muito tempo indo pra casa e tal, mas provavelmente o bendito estabelecimento só ia abrir lá pra mais tarde. Ela precisava de alguma coisa que fizesse mais sentido, e lembrou daquele vestido amarelo e da meia arrastão que a Fernanda comprou pra ela na ocasião anterior. Era estranho porque, ao mesmo tempo que era tentador, ela lembrava do quão estranho era porque nunca usou nada parecido na vida. Quer dizer, usou uma vez, e as lembranças não foram muito boas. Em contrapartida, talvez ela não tivesse outras oportunidades de usar essa peça singela que obtia facilmente espaço de destaque em meio a todas as suas camisas vermelhas e calças jeans. Pra felicidade dela, sua mãe já havia lavado e passado, então era só correr pro abraço.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Uma Visão Holistica Sobre Conhecimento e Ciência

Eu não sou filósofo. Não sou formado em filosofia, mas escutar os intelectuais e pensadores dos campos políticos tem me desviado cada vez mais para escutar pessoas que são filósofas de fato. No meu caso, Pedro Ivo (ateuinforma), Daniel Cidade (Iluminismo Pós-Moderno), e Marcela Sperandio (Diotima Perplexa). Só que como eu não tenho o pano de fundo da filosofia, as correlações que eu faço são com raciocíonios que eu escutei em outros momentos da minha vida, e também com o momento atual. Os pensadores de esquerda são, em sua grande maioria, historiadores, e a forma que eu enxergo história hoje é totalmente da forma que eu enxergava no passado. Parafraseando Ian Neves: "A gente estuda história pra entender o presente porque ele está imbuído de passado."

Da mesma forma, Jana Viscardi mudou a minha forma de enxergar linguística e linguagem de forma geral. O deGrasse Tyson falando sobre física é fascinante. Pirulla, Emílio Garcia, Mila Massuda, Ramylly Myrna, falando sobre biologia fazem o assunto render com uma facilidade enorme. Alexandre Linck (Quadrinhos na Sarjeta) analisando obras de entretenimento é incrível. Tem muita coisa incrível a ser descoberta no mundo e essas pessoas meio que me ajudam, meio que sem saber, a descobrir que tem coisas incríveis por aí afora. Só que o que me parece é que tudo isso parece estar conectado numa coisa só, que é um emaranhado bastante complexo.

Como tudo está conectado num emaranhado só, a minha visão sobre conhecimento e ciência passou a ser muito mais holística do que era antigamente. A sociedade atual está organizada de modo a compartimentar o conhecimento em caixas que se conectam muito pouco, quando na verdade o desenvolvimento de todas essas coisas está entrelaçado. Talvez eu venha a dar um pouco mais de importância para a história porque, quanto mais eu escuto e - dessa forma - estudo, vejo que entender o processo histórico de formação de pensamento é extremamente importante. Ao mesmo tempo, vejo que jamais teremos tempo o suficiente para avançarmos no conhecimento, se estudarmos todo o histórico de formação das coisas, apesar de ser extremamente necessário e talvez não seja possível avançar o conhecimento sem se conhecer a formação dele até aqui.

sábado, 18 de janeiro de 2025

Flambarda - A Detetive Elemental #86

Flambarda sabia que Rain não era burro e que, conhecendo diversos druidas, provavelmente teria pessoas explorando determinadas coisas, especialmente porque Fernanda provavelmente não interviria. Um ônibus pra Barra também não significa muita coisa porque ele poderia descer em qualquer ponto entre a zona sul e a Barra. Infelizmente ele vai ter que esperar um pouco porque tem muitas coisas acontecendo, e se ela desse mole, ia acabar reprovando nas matérias.

Elas se encontraram então na faculdade, com suas saudações habituais, e foram pra primeira aula. Tudo normal, mas durante o intervalo entre aulas, elas foram abordadas inesperadamente.

- Oi. - A voz era masculina e elas naturalmente se viraram para saber quem era.
- Ah, oi Japa. - Fabiana respondeu primeiro, conforme pararam e se viraram.
- Talvez nós vamos nos falar um pouco mais.
- Parece que nossas vidas se cruzaram. - Sofia ponderou.
- E pelo visto não tinha como não ser. - Flambarda reclamou.
- Estava escrito nas estrelas? - Shou continuou.
- Não enrola, Shou.
- Mas eu não tenho muito mais pra falar.
- Nem sobre o Entrenós?
- Você ainda tá nessa, Flam? - Bibi perguntou.
- Pois é. Eu não saí.
- Não sabia que você era tão safada. - Sofia provocou.
- Pra você ver o que uma mulher com tesão não faz. - A detetive retrucou.
- É melhor você segurar esse tesão. - Shou começou. - Esse cara não parece brincar em serviço.
- Como assim, Japa? - Fabiana indagou.
- Pelas minhas pesquisas, esse cara derrubou todos os arcanistas e druidas que tentaram investigar a questão.
- Caralho. Como assim?
- Olha, a gente discute depois, porque a aula vai começar. - Flambarda tentou cortar o assunto e levar a galera pra sala de aula.
- Ela tá certa. - Sofia concordou e passou a andar na mesma direção

sábado, 11 de janeiro de 2025

Flambarda - A Detetive Elemental #85

 Enquanto Flambarda lavava a louça, ela tentava por os pensamentos no lugar.

"Rodney estava internado no hospital, mas eu poderia jurar que eu o vi no metrô. Não acho que ele seria maluco e cometeria evasão hospitalar pra trabalhar. Seria muito mais fácil ele apresentar os atestados depois. Se eu fosse a mãe dele, eu conseguiria os registros médicos. Será que o Rain conta como pai daquela joça? Ainda tem a questão do Entrenós e do Japa. Será que o Japa conseguiu localizar o Rodney? Eu prometi aquela vadia da Fernanda que eu ia lá entender o problema. Então eu vou ter que ir hoje, e pelos meus cálculos realmente há um problema lá pelas bandas da Sofia. Eu devia pedir ajuda. Será que aquela gostosa da Sandra estaria disponível. Ela também parece ser bastante forte e parece entender um pouco dessa coisa toda."

O telefone já estava tocando antes dela terminar de lavar a louça, quem quer que fosse, teria de esperar, apesar de ter ligado incessantemente porque já tinha dado ocupado uma vez. Era o Japa, e a chamada perdida era dele mesmo, confirmando o que parecia ser uma notícia bombástica, ou que ele era realmente muito chato.

- Oi, Japa.
- Oi.
- E aí?
- Então tenho uns bagulho pra te contar.
- Então conta, porra.
- Trocou a ferradura hoje, foi?
- Só dei uma polida.
- Hm. - Ele deu uma breve pausa. - Então, achei algumas coisas sobre o tal do Rodney.
- Tá, manda.
- Bom. Ele saiu do hospital ontem. Os arquivos constam evasão hospitalar.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Sobre a Propaganda e Cultura

 "Vocês tem que parar de forçar essa cultura LGBTQIAPN+ na gente!"

Geralmente, quando vem um cabaço falando essa merda, sabe qual é o problema? Ele está parcialmente certo. Hoje em dia nós temos muito mais material diverso com histórias de vários tipos de pessoa com diversas cores enfrentando diversos problemas, sejam sociais, sejam físicos. Quando a gente tem um herói homossexual, isso é uma propaganda a favor de pessoas homossexuais, a princípio não só favorecendo a existência dessas pessoas, mas talvez até dizendo que ser homossexual é bacana. A pergunta é: Isso é um problema?

A resposta é clara e obviamente: Não

Se as pessoas andam acusando outras de fazer propaganda pró LGBT+, talvez elas estejam certas. Ao criar entretenimento com esses tipos de pessoas sendo bem sucedidas, estamos de certa forma propagandeando esse tipo de pessoa. O problema é que geralmente quando as pessoas vão se defender, parece que se cria um juízo de valor no sentido de que histórias pró LGBT+ são perfeitamente normais, e que as histórias de pessoas cis-hétero que tem sido propaganda contra nós esse tempo todo. Dois pesos, duas medidas. Ou é tudo propaganda, ou é tudo perfeitamente normal.

Só que, eu tenho certeza que é tudo propaganda. Mesmo que inconscientemente as pessoas que fazem as peças não necessariamente estejam pensando em propagandear uma mensagem específica, essa mensagem está lá incluída para qualquer pessoa ler. Histórias do James Bond são histórias que propagandeiam machismo. O homem que é capaz de enganar a todes com sua lábia, comer a mulher que quiser, ou que precisa, bem como dar tiro em todo mundo, é bem visto como aquele que é bem sucedido. Note que não é nem uma questão do homem que consegue obter dinheiro, mas sim aquele que consegue dominar as outras coisas que estão ao seu redor. Tudo é para si, tudo é sobre si. As histórias mais famosas do passado são majoritariamente sobre isso. Você não precisa analisar todo o compêndio de histórias criadas pelos homens, até porque são muitas e certamente você vai achar meia dúzia de conteúdo pró LGBTQIA+, mas o que realmente importa são aqueles que realmente chegam as pessoas da sociedade.

domingo, 5 de janeiro de 2025

Flambarda - A Detetive Elemental #84

Flambarda despertou as 7:00 da manhã de Segunda-Feira. Um horário meio estranho pra ela, mas foi o que aconteceu. Não foi uma questão de temperatura - até porque em Julho as coisas estão um pouco mais amenas - mas não era tão difícil imaginar que foi por ter dormido muito mais cedo do que de costume após um dia relativamente cheio. O celular tinha uma série de mensagens, mas ela não queria nem pensar muito nisso. Ela levantou da cama lentamente, silenciosamente saiu do quarto, procurou saber se sua mãe estava em casa. Não encontrou nenhum sinal. O momento perfeito pra dar uma acalmada naquele fogo interno. Ela ligou o computador já dando uma pegada em seus peitos, e deixando a putaria correr solta na mente.

Ela passou uma boa meia-hora deleitando-se consigo mesma e acabou tirando um cochilo, que a levou a ter mais um daqueles sonhos estranhos onde sabia o que estava acontecendo. - "Puta merda, lá vem aquele puto de novo." - pensou.

- Oi. - Disse Alabáreda, esquentando carne na fogueira.
- Oi. - Flambarda respondeu, um pouco encabulada.
- Então. Estamos progredindo...
- Desculpa. - Ela interrompeu. - O quando você sabe da minha siririca?
- Acho que mais do que eu gostaria.
- Então você sabe que eu tava com muita vontade de levar pica?
- Onde caralhos você quer chegar com isso, Flambarda?
- Eu quero saber se eu posso tratar você como best, ou se você vai ser só um voyeur estranho pra caralho.
- Eh... - Ele estava visivelmente desnorteado.
- O quanto você gosta de pica, Alabáreda?
- Olha, tem picas que são realmente muito boas.
- A gente nunca conversou sobre sua sexualidade. Você é hétero?
- Que porra você tá falando? Isso não faz nem sentido!
- Você gosta de pica ou de xota?
- Flambarda, eu sou uma porra de uma luva.
- Ah, é mesmo?