- E aí, curtiu a descida? - Fernanda peguntou.
- Bom, felizmente não teve nada de mais. - Flambarda respondeu.
- Posso por emoção na próxima então.
- Teu cu. - A motociclista riu mas a detetive continuou falando. - E agora?
- Agora você vai pra casa, e eu vou te ligar pra gente se encontrar amanhã. Você merece descansar hoje.
- Ta de zoa né!?
- Não, mas se quiser eu te ponho pra fazer faxina lá em casa.
- Muito obrigado, mas eu vou fazer como você me falou, tá? Com licença.
Flambarda saiu de fininho enquanto Fernanda ria consigo mesma antes de partir de moto da praça da bandeira. Parecia um dia normal no Rio de Janeiro, com pessoas andando pra lá e pra cá, as luzes que passeavam pelo campo de visão da jovem também não pareciam ter nenhuma agitação anormal. Obviamente, ela sempre achava isso muito suspeito, e que provavelmente seu dia seria estragado por algum evento de larga magnitude em algum momento próximo.
Ela pegou a rua do Matoso já pensando na rota pra chegar na estação de Afonso Pena, e seu celular começou a tocar. Na verdade haviam algumas chamadas perdidas de Fabiana e Sofia, só que ela provavelmente não soube porque não sentiu o celular vibrar na estrada. Dessa vez a ligação era de Fabiana que possuía um número de chamadas relativamente maior que o de Sofia.
- Alô, Bibi!?
- CARALHO, FLAM, CÊ QUER MATAR A GENTE DE SUSTO!? - O grito foi alto o suficiente para fazer Flambarda afastar o telefone da orelha.
- Eu também te amo e eu já te explico o que aconteceu.
- O Rodney falou que você é uma traíra e eu não devia confiar em você. Mandei ele tomar no cu.
- Cês tão afim de ir a aula hoje?
- Tá maluca, Flam!? Hoje é domingo!
- Sério!? Foi mal, tô meio perdida. Então vão lá pra casa. Eu vou demorar a chegar porque eu ainda to chegando no metrô, mas eu chego lá.
- Beleza então, a gente se ve lá. Beijunda!
- Beijunda!
Flambarda começou a tentar organizar seus pensamentos enquanto andava, mesmo sem perceber que estava fazendo exatamente isso. A troca de alinhamento parecia não se encaixar mas...
"A Fernanda/Brahma, sei lá qual é o nome daquela piranha, tem alguma coisa. Nenhuma pessoa em sã consciência ia trocar de facção sem ter o mínimo de noção do que se espera do outro lado. Ela me deu a albarda de volta, mas, e daí? Eu poderia traí-la agora, mas ela até agora foi muito mais aberta comigo do que aquele filho da puta do Rain.
Ademais ela parece ser uma vaca maquiavélica. Tenho quase certeza que parte daquela confusão foi premeditada por ela, a pena é que eu acho que eu não vou ganhar 10k do Rain, mas quer saber: foda-se aquele babaca."
E é claro, ela precisava ligar pra mãe também.
- Alô, mãe?
- Oi filha! Tá tudo bem?
- Sim, eu tô bem, me lembre de nunca mais fazer essas merdas, tá?
- Que merda, filha?
- Ir pra petrópolis sem plano algum.
- Tudo bem, todo mundo faz essas merdas na vida. Na verdade me surpreendo que você só tenha feito isso ontem.
- Que!?
- Cê acha que eu nunca fiz isso na minha vida!?
- Claro que acho! Você é minha mãe! A voz da sensatez!
- Ahahahahahahahahaha! - Ela riu horrores - Se eu fosse tão sensata... Hahahaha... não tinha dado pro teu pai.... Hahahahaha... ai...
- Que!? Mãe!
- Que foi! Eu demorei um pouco pra descobrir essa coisa toda até porque é bastante difícil acreditar nessa porra toda.
- Pera, você não tem nada a ver com isso?
- Tive quando resolvi namorar teu pai, né, criatura.
- Digo, antes de namorar o meu pai, né.
- Ah, não mesmo, não fazia idéia.
- Pera, você não vê luzinhas por aí não, vê?
- Seu pai dizia que tinha luzinha em tudo quanto era lugar, nunca levei fé. Você também consegue ver essas porras todas?
- Erm... Sim.
- Que merda, hein, filha?
- Nem me fale. - Elas então fizeram um momento estranho de silêncio até que a mãe de Flambarda retomou.
- Mas onde é que cê tá?
- Ah eu tô quase no metrô de Afonso Pena.
- Como tu foi parar aí?
- Peguei uma carona minimamente curiosa.
- Ah, provavelmente algum druida. Onde é que ele te deixou afinal?
- Na praça da bandeira. - Flambarda pensou por um tempo se deveria omitir que era um arcanista, e seguiu com a ideia. - Ele falou que ficava no meio do caminho, e eu que não ia discutir.
- Eu vou fazer um almoço maneiro pra você então.
- Pode fazer um pouco mais por favor? Eu chamei aquelas duas piranhas lá pra casa.
- Bibi e Sofia?
- Isso. - Flambarda disse conforme passava o cartão do metrô.
- Mas elas não vão comer na casa delas?
- Sei lá, mãe, pelo sim pelo não, do jeito que a Sofia é esfomeada... ...magra de ruim ela.
- Tá, eu vou ver o que faço aqui.
- Valeu mãe, obrigado por abrir o jogo comigo. Te amo.
- Também te amo filha. Beijo!
- Beijo!
"Estranho. Eu não me lembro de ter conversado com a minha mãe desse jeito faz séculos. Eu realmente devo muito a ela, afinal de contas ela brigou muito pra me criar. Acho que, eu estou realmente com saudades."
Flambarda foi tomada por um profundo sentimento de nostalgia dentro da estação de metrô. O sentimento a deixou tão desligada do mundo que ela mal pode notar que as energias que estavam começando a se agitar reduziram o seu ritmo, enquanto que ela lembrava da infância que passara ao lado da mãe porém longe do pai, quase como manda a "família tradicional brasileira", e começou a se dar conta de que realmente o pai era bastante ausente, enquanto a mãe segurava a barra, apesar de parecer que eles nunca haviam se preocupado tanto com dinheiro naquela época apesar da situação humilde em que estavam.
Até que ela despertou do transe com o funcionário do metrô da estação Uruguai.
- Oi! Esse trem não vai continuar viagem não.
- Ah! Me desculpa! - Ela disse saindo o mais rápido o possível.
Ela demorou mas após alguns segundos ela se deu conta.
- Rodney!? - Ela disse se virando de volta para o metrô, mas já era tarde, as portas já haviam fechado e o trem havia partido.
- Bom, felizmente não teve nada de mais. - Flambarda respondeu.
- Posso por emoção na próxima então.
- Teu cu. - A motociclista riu mas a detetive continuou falando. - E agora?
- Agora você vai pra casa, e eu vou te ligar pra gente se encontrar amanhã. Você merece descansar hoje.
- Ta de zoa né!?
- Não, mas se quiser eu te ponho pra fazer faxina lá em casa.
- Muito obrigado, mas eu vou fazer como você me falou, tá? Com licença.
Flambarda saiu de fininho enquanto Fernanda ria consigo mesma antes de partir de moto da praça da bandeira. Parecia um dia normal no Rio de Janeiro, com pessoas andando pra lá e pra cá, as luzes que passeavam pelo campo de visão da jovem também não pareciam ter nenhuma agitação anormal. Obviamente, ela sempre achava isso muito suspeito, e que provavelmente seu dia seria estragado por algum evento de larga magnitude em algum momento próximo.
Ela pegou a rua do Matoso já pensando na rota pra chegar na estação de Afonso Pena, e seu celular começou a tocar. Na verdade haviam algumas chamadas perdidas de Fabiana e Sofia, só que ela provavelmente não soube porque não sentiu o celular vibrar na estrada. Dessa vez a ligação era de Fabiana que possuía um número de chamadas relativamente maior que o de Sofia.
- Alô, Bibi!?
- CARALHO, FLAM, CÊ QUER MATAR A GENTE DE SUSTO!? - O grito foi alto o suficiente para fazer Flambarda afastar o telefone da orelha.
- Eu também te amo e eu já te explico o que aconteceu.
- O Rodney falou que você é uma traíra e eu não devia confiar em você. Mandei ele tomar no cu.
- Cês tão afim de ir a aula hoje?
- Tá maluca, Flam!? Hoje é domingo!
- Sério!? Foi mal, tô meio perdida. Então vão lá pra casa. Eu vou demorar a chegar porque eu ainda to chegando no metrô, mas eu chego lá.
- Beleza então, a gente se ve lá. Beijunda!
- Beijunda!
Flambarda começou a tentar organizar seus pensamentos enquanto andava, mesmo sem perceber que estava fazendo exatamente isso. A troca de alinhamento parecia não se encaixar mas...
"A Fernanda/Brahma, sei lá qual é o nome daquela piranha, tem alguma coisa. Nenhuma pessoa em sã consciência ia trocar de facção sem ter o mínimo de noção do que se espera do outro lado. Ela me deu a albarda de volta, mas, e daí? Eu poderia traí-la agora, mas ela até agora foi muito mais aberta comigo do que aquele filho da puta do Rain.
Ademais ela parece ser uma vaca maquiavélica. Tenho quase certeza que parte daquela confusão foi premeditada por ela, a pena é que eu acho que eu não vou ganhar 10k do Rain, mas quer saber: foda-se aquele babaca."
E é claro, ela precisava ligar pra mãe também.
- Alô, mãe?
- Oi filha! Tá tudo bem?
- Sim, eu tô bem, me lembre de nunca mais fazer essas merdas, tá?
- Que merda, filha?
- Ir pra petrópolis sem plano algum.
- Tudo bem, todo mundo faz essas merdas na vida. Na verdade me surpreendo que você só tenha feito isso ontem.
- Que!?
- Cê acha que eu nunca fiz isso na minha vida!?
- Claro que acho! Você é minha mãe! A voz da sensatez!
- Ahahahahahahahahaha! - Ela riu horrores - Se eu fosse tão sensata... Hahahaha... não tinha dado pro teu pai.... Hahahahaha... ai...
- Que!? Mãe!
- Que foi! Eu demorei um pouco pra descobrir essa coisa toda até porque é bastante difícil acreditar nessa porra toda.
- Pera, você não tem nada a ver com isso?
- Tive quando resolvi namorar teu pai, né, criatura.
- Digo, antes de namorar o meu pai, né.
- Ah, não mesmo, não fazia idéia.
- Pera, você não vê luzinhas por aí não, vê?
- Seu pai dizia que tinha luzinha em tudo quanto era lugar, nunca levei fé. Você também consegue ver essas porras todas?
- Erm... Sim.
- Que merda, hein, filha?
- Nem me fale. - Elas então fizeram um momento estranho de silêncio até que a mãe de Flambarda retomou.
- Mas onde é que cê tá?
- Ah eu tô quase no metrô de Afonso Pena.
- Como tu foi parar aí?
- Peguei uma carona minimamente curiosa.
- Ah, provavelmente algum druida. Onde é que ele te deixou afinal?
- Na praça da bandeira. - Flambarda pensou por um tempo se deveria omitir que era um arcanista, e seguiu com a ideia. - Ele falou que ficava no meio do caminho, e eu que não ia discutir.
- Eu vou fazer um almoço maneiro pra você então.
- Pode fazer um pouco mais por favor? Eu chamei aquelas duas piranhas lá pra casa.
- Bibi e Sofia?
- Isso. - Flambarda disse conforme passava o cartão do metrô.
- Mas elas não vão comer na casa delas?
- Sei lá, mãe, pelo sim pelo não, do jeito que a Sofia é esfomeada... ...magra de ruim ela.
- Tá, eu vou ver o que faço aqui.
- Valeu mãe, obrigado por abrir o jogo comigo. Te amo.
- Também te amo filha. Beijo!
- Beijo!
"Estranho. Eu não me lembro de ter conversado com a minha mãe desse jeito faz séculos. Eu realmente devo muito a ela, afinal de contas ela brigou muito pra me criar. Acho que, eu estou realmente com saudades."
Flambarda foi tomada por um profundo sentimento de nostalgia dentro da estação de metrô. O sentimento a deixou tão desligada do mundo que ela mal pode notar que as energias que estavam começando a se agitar reduziram o seu ritmo, enquanto que ela lembrava da infância que passara ao lado da mãe porém longe do pai, quase como manda a "família tradicional brasileira", e começou a se dar conta de que realmente o pai era bastante ausente, enquanto a mãe segurava a barra, apesar de parecer que eles nunca haviam se preocupado tanto com dinheiro naquela época apesar da situação humilde em que estavam.
Até que ela despertou do transe com o funcionário do metrô da estação Uruguai.
- Oi! Esse trem não vai continuar viagem não.
- Ah! Me desculpa! - Ela disse saindo o mais rápido o possível.
Ela demorou mas após alguns segundos ela se deu conta.
- Rodney!? - Ela disse se virando de volta para o metrô, mas já era tarde, as portas já haviam fechado e o trem havia partido.
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